30 de set. de 2010

XVII

Compaixão

Eu gostaria de hoje aproveitar esse espaço para falar sobre um sentimento de grande relevância em nossas vidas, a compaixão. Muitas vezes consideramos este sentimento menos importante do que realmente é, e ocorre ainda muitas vezes de misturarmos a compaixão com a piedade. Não é dessa compaixão que quero falar.
Se formos buscar o significado dessa palavra, iremos encontrar: "s.f. Sentimento de pesar que nos causam os males alheios; comiseração, piedade, dó". Mas existe também um significado mais profundo, que é quase uma arte. A arte e a virtude de compartilhar o sofrimento do outro. À essa arte, acredito que podemos dar o nome de amor.
Um amor que é maior do que o desejo, maior do que a nossa vontade de nos realizarmos através do outro.
Muitas vezes, quando nos preocupamos com alguém estamos na verdade colocando uma projeção nossa naquela outra pessoa, estamos buscando, através do outro, dar vazões para as nossas próprias e íntimas preocupações. A compaixão não é nada disso. É o dom de compartilhar um sofrimento sentido por outra pessoa mesmo que a gente não concorde e nem compreenda aquele sofrimento. É sentir de uma forma mais elevada nós mesmos em nome do outro. É, por um instante que seja, sentir o outro como se estivéssemos sentindo a nós próprios em toda a nossa totalidade. E falta em nosso mundo muito de compaixão. Muito de amor.
Talvez não tenhamos o poder de trazer mais dessa compaixão pra o mundo, mas temos sim o poder de trazer mais compaixão para as nossas próprias vidas.

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