30 de set. de 2010

Morte & Perda

Morte

As vezes a vida nos surpreende, e perdemos pelo caminho pessoas que nos fizeram ver a vida de uma outra forma, pessoas que fizeram parte de nossos instantes, de nosso crescimento, pessoas que fizeram parte de nós e que dividiram conosco instantes únicos de nossa jornada.
E, sem aviso, sem que estejamos preparados, simplesmente a pessoa deixa de existir, e não teremos mais a certeza e a segurança de saber que se quisermos telefonar, abraçar ou estar juntos de novo, simplesmente não vai acontecer. E a dor dessa perda, a certeza de que o tempo vivido não é recuperável, que as coisas ditas ou não ditas são imutáveis, deixa uma sensação de impotência e vazio enormes dentro de nós.
Não existe forma de lidarmos com isso, não existe conforto possível, por mais que tenhamos fé ou apoio, a ausência será permanente. A única coisa que podemos efetivamente fazer é termos em nós as lembranças vividas, e honrar a existência dessa pessoa em nossa vida fazendo cada vez o melhor que pudermos, sendo cada vez mais a melhor pessoa que possamos ser. Vai continuar a existir um vazio, vão existir espaços não preenchidos, que somente a gente poderá preencher com as lembranças e memórias que escolhermos guardar.
A maior homenagem que podemos fazer à pessoa que já não mais existe entre a gente e que não mais compartilha de nossa vida conosco é fazermos valer a pena cada instante vivido, cada troca de carinho, de amizade e de amor. É transformarmos dentro de nós o sentimento da dor e da perda em motivação e crescimento, em aprendizado e evolução. Podemos tirar inúmeras lições olhando para a vida que a pessoa teve e as escolhas que fez ao longo do caminho, mas podemos também aprender muito olhando para nós mesmos em relação a pessoa que já não está mais aqui.
Podemos aprender a olhar para cada ser humano com um carinho enorme, sabendo que amanhã essa pessoa também poderá não estar mais aqui, ou ainda, percebendo que amanhã a pessoa para quem olhamos hoje poderá sofrer alguma perda que será irreparável, irremediável.
Estamos todos aprendendo a viver quando a morte nos alcança, estamos todos despreparados e enfrentando jornadas semelhantes. Não existe receita que nos ensine a lidar com a dor ou com a perda, mas existe a vontade de fazer com que através desse sofrimento, consigamos ser pessoas melhores, tanto para nós quanto para os outros.
Acredito que o que chamamos de luto tenha uma razão, que é a de nos permitirmos nesse período avaliarmos toda a relação existente com a pessoa que partiu, e assim nos prepararmos para seguir adiante com nossas vidas, tendo essa pessoa dentro de nós como a motivação para que sejamos cada vez mais e maiores como indivíduos.

Perda

O quanto perdemos ao longo da vida? Quantos amigos, quantos sonhos ficam aos poucos para trás, tanto que nem mesmo conseguimos mais nos lembrar? O quanto deixamos para trás a pessoa que costumávamos ser, para abraçar os acontecimentos da vida sem nos darmos conta, apenas nos conformando com a forma com que as coisas acontecem?
O quanto aceitamos perdas e despedidas em nossas vidas, sem pararmos para avaliar e nos questionarmos se com isso estamos abrindo de uma certa forma mão de nós mesmos e de quem somos?
Fazemos concessões demais, seja para mantermos o que nos é conhecido seja para não enfrentarmos situações que possam nos assustar. Muitas vezes nem sequer nos questionamos, aprendemos a abrir mão de sonhos e em aceitar derrotas e perdas, apenas porque aprendemos que somos capazes de sobreviver.
Mas por que razão pensamos assim, de que se somos capazes de sobreviver então está tudo bem? Por que nos acostumamos a nos contentar com menos do que aquilo que queremos ou do que acreditamos sermos merecedores?
Quantas atitudes já tivemos em nossas vidas de que somos verdadeiramente capazes de nos orgulhar? O medo e a culpa são os grandes inimigos de nossa existência, são sentimentos que nos fazem paralisar nossas vidas ou que nos mantém fixos sempre no mesmo lugar. Por mais que tentemos, não somos capazes de acertar sempre, e nem podemos a todo instante agradarmos as pessoas à nossa volta. Não há razão para carregarmos culpas, nem motivo para temermos, uma vez que a própria vida é uma incerteza.
Se algo nos faz infelizes, cabe a nós mudarmos nossas vidas, nossos passos. Se não conseguimos ter orgulho da pessoa que somos, cabe a nós fazermos algo a respeito, e o princípio é saber o que queremos e o que não queremos, e não nos contentarmos com menos do que isso.

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