25 de fev. de 2013

Felicidade?

Quem sabe, há de chegar o dia em que serei de fato livre. Porque me é difícil perceber a liberdade quando sou prisioneira de mim mesma.

Hoje acordei refletindo sobre felicidade. Por que as vezes me pego a pensar e a fazer planos para “um dia feliz”? Penso ser apenas uma questão de contexto e de ego.

Contexto, porque se eu vivesse em uma terra de guerra e de fome, um dia sem mortes e com comida seria claramente um dia feliz. E uma questão de ego porque na falta de uma necessidade urgente (como sobrevivência e fome) as necessitades que restam são as necessidades do ego.

Quem me dera ser livre do ego, e usufruir da abundância que existe sem avaliar as faltas – existem faltas sequer?

Posso procurar a felicidade dos dias em inúmeros lugares, cidades, países. Posso procurar a felicidade na companhia de inúmeras pessoas, animais, campos e paisagens. Posso ir e vir a qualquer lugar e a qualquer lado, e a procura ainda assim irá durar eternamente enquanto meus limites forem minha própria humanidade.

Por diversas vezes pensei em me voluntariar para países e situações extremas, onde residisse a felicidade simples – no sobreviver. E mais uma vez, a minha felicidade estaria no contexto a minha volta, e não de fato em mim.

O contexto me faria feliz ao perceber que sobrevivi mais um dia. Quantos dias já sobrevivi até aqui, e quantos dias de fato me fizeram sentir alegria apenas por isso?

Posso adquirir conhecimento, posso viver experiências, me aventurar a lugares desconhecidos e até sentir imenso orgulho e prazer por estar em minha própria companhia, mas estarei ainda assim limitada por uma felicidade dependente de meu contexto atual e do meu ego.

Felizes são os que ignoram as próprias limitações.

19 de fev. de 2013

Datas



Tem anos que passam pelo calendário da mesma forma com que passamos por eles. Festejamos o primeiro e o ultimo dia deles com as datas de festa, férias e feriados pelo meio, acontecimentos e ocasiões até a chegada de um novo calendário.

Mas existem anos em que não são necessárias as datas para marcarmos o que quer seja, pois de alguma forma os dias gravam-se em nós.

Não são os anos que se tornam bons ou ruins, de grandes acontecimentos, melhores ou piores - mas sim a nossa maneira de vivê-los.

Acontecerão perdas, vitórias, derrotas. Fatos mais ou menos marcantes, mas será sempre a nossa forma de viver cada acontecimento que fará com que o ano fique ou não gravado em nós.

De alguma forma, é como segurarmos entre as mãos a água do oceano. A água passará entre os dedos, deixando um pouco de sal que logo também não deixará vestígio. O que fica, e sempre poderá ficar é a sensação da água salgada em contato com a nossa pele. Assim como o que cada dia representa, como vivemos cada um deles. Não é uma questão de ano, mas de um dia por vez. Ao colocarmos o melhor de nós em cada dia, teremos colocado o melhor de nós em um ano, em dois, em nossas vidas.

Não posso dizer que ao olhar para trás fiz isso em toda a minha vida, mas posso experimentar dizer que tenho feito isso ha pouco mais de um ano. Não tenho ganhos para mostrar, nem medalhas, nem reconhecimentos. Pelo contrário, posso dizer que tenho menos do que eu tinha antes. Menos bens, menos coisas, menos tempo ocioso em frente a televisão ou ao computador, menos horas de sono acumuladas, mais horas vividas. Também não tenho por perto todas as pessoas que eu costumava ter, talvez tenha até mesmo perdido contato com algumas. Mas conquistei outras coisas e também outros valores. Se eu fosse colocar em uma balança, não sei se pesariam mais os ganhos ou as perdas, mas sei que a balança teria o peso certo que deveria ter.

Penso que a maior conquista nesse último ano, para além da liberdade de conhecer-me melhor, foi ter descoberto meu próprio código de conduta, o que me faz mais ou menos feliz, mais ou menos completa.

O sabor que alguns anos tiveram não voltará a ser sentido, assim como a água salgada que já voltou para o mar. Tenho a lembrança do sabor, e mãos para experimentar novas águas, que poderão ficar igualmente marcadas cá dentro. Não acredito que exista uma receita para um ano bom, ou para um dia bom. A única receita que conheço é tentarmos ser o melhor que somos. O resto, o calendário leva com suas folhas.