22 de mai. de 2013

Há dias...



Há dias (e noites) assim... em que tento recriar no pensamento o cenário perfeito, a memória perfeita do sentir-se segura, sentir-se em paz e em conformidade com a vida.

Dias em que, ainda que pareça estar tudo sem sentido, procuro a solidez e o sossego de alguma lembrança para recordar a sensação de estar tudo bem.

Noites em que o sono não vem, e ao fechar os olhos o que vejo são pessoas, situações e imagens que já não existem mais.

Quando quero, em meus pensamentos, retornar ao que era certo, seguro, pacífico, os sonhos se dissolvem, o sono se retira, fica o pensar e o esforço em lembrar, revirando páginas, imagens e escombros nas prateleiras do que lembro.

Quando consigo voltar (e parece que cada vez o caminho de voltar é mais comprido e longe) e resgato o sentimento de coração em paz, penso em quanto tempo se passou, quantos anos, ilusões e enganos cobriram aquele tempo, e então o sono se vai de vez.

Ficam os fantasmas a mostrar quantas águas passaram, e o quanto dessa água nem sequer era límpida. 

Ficam as sombras e as sobras, e os restos que carrego em mim do barro com que moldei as frágeis lembranças.

Há dias e noites assim... em que súbito vem o desejo de lembrar e depois a certeza de que as lembranças são mais sentimentos que verdades.

Há dias e noites assim, que trazem novas manhãs, novas necessidades de abrir os olhos e seguir adiante, pisando nesse barro frágil e já muito usado, fazendo o melhor e o possível para moldar novas formas.

Há dias em que sou restos e farrapos de quem eu antes fui.

13 de mai. de 2013

Primavera



É assim... caminha-se um longo caminho, fazem-se as mais arriscadas escaladas, arranham-se e dobram-se os joelhos... vem o cansaço e a exaustão, e fica difícil ver a possibilidade do amanhã chegar em um dia de sol e sossego. Mas o dia chega.

Os joelhos se curam, as pernas suportam, a mente relaxa. O sol nasce. Quantas viagens, quantas paisagens, quantos caminhos foram feitos? Quantas e quantas histórias para relembrar, para contar...

Mas um dia, o dia nasce diferente. Nasce repleto de possibilidades, e as conquistas obtidas são vistas, assimiladas, digeridas.

Nasce outra vez o sossego e a certeza de tudo estar bem, de tudo estar certo. De ter valido a pena e ter chegado a um fim para que outro novo começo possa surgir.

Hoje deposito as armas da luta ao chão sem derrota e sem alarde, mas com o sentimento de gratidão pela batalha ter acontecido e por todos terem sobrevivido. Uma trajetória cumprida, um sonho realizado, uma experiência adquirida.

Chega o tempo de outros planos, chega a vontade de parar de escalar e escolher um caminho plano, com rios e árvores para apreciar. E deixa de ser tão importante se os passos terão companhia de outros passos, pois somos todos observadores daqueles a quem amamos sem a necessidade de trilharmos as mesmas trilhas para aprendermos a partilhá-las.

Chega um novo tempo. Um tempo mais pleno, um tempo que escolho. Chegou o meu tempo. Mais uma casca rompida, mais uma semente a brotar.

Chegou a primavera em mim. E a aceito... assim, floresço.

Bom dia!

5 de mai. de 2013

Vai...



Vai...

Vai, e deixa ele em paz... não faz mal se dói ou se é triste,
Que o que é mais triste é a tristeza que é sua.

Vai, e não deixa mais que ele sofra
O sofrimento que é só seu.

Então que o tempo passe,
Para mostrar que a solidão é o caminho
Sem impor solidão a ninguém mais.

Vai, deixa que os vôos aconteçam
E a felicidade alcance quem a procura.

Vai, e se cerca das suas paredes e muralhas,
Onde o sol que brilha é único
E ninguém mais pode entrar.

Por quê tentar o que não se quer,
Quando não se quer dividir tudo (vida)
E dividir mais ou menos é ilusão?

Vai... e deixa-o ir
Para ser feliz,
Na felicidade que não sabes.

2 de mai. de 2013

"As vezes me canso de tanto pensar, e pensando, penso que deveria parar de tentar pensar tanto"