8 de abr. de 2015

Resistência

Talvez um dos maiores obstáculos pessoais à enfrentar seja a resistência. Ao menos para mim, de certeza é um dos mais difíceis. Relaciona-se tanto ao apego quanto ao desejo e ao ego. Relaciona-se também com as expectativas e ilusões que muitas vezes inadvertidamente, criamos em nós mesmos.
Não é tarefa fácil reconhecermos quando é chegado o limite entre a força e a digamos, estupidez.
Se sopra um vento de mudança, se a vida mostra outros caminhos ou se percebemos que estamos demasiado tempo a bater em uma porta que não dá sinais de abrir, a sabedoria dita que é hora de deixar fluir, de nos libertarmos do passado (ou presente) que nos segura estacionados e seguirmos adiante – evoluirmos, crescermos, aprendermos. Mas ai, ai que não é sempre das tarefas mais fáceis.
Prezamos por demais nossa zona de conforto, os riscos mesmo dentro daquilo que conhecemos já são tantos, imagine para além da linha conhecida... Para além disso, há também o medo – e a dor.
O medo do que está por vir, do que o futuro nos trará e que nos é totalmente desconhecido ainda mais se iniciamos trilhas ainda não mapeadas por nós.
E a dor. A dor do processo de desapegar, de deixar ir, de dizer adeus ao que conhecíamos e que nos trazia alguma sensação de segurança – (de ilusão) de controle.
E quando nos vencemos a nós mesmos e iniciamos a navegação por águas desconhecidas, não significa que chegaremos seguros ao outro lado. Nem implica que não haverão mais e outros mares e oceanos a desbravar. Não mesmo – e até o contrário disso. Quanto mais descobrimos, quanto mais mares navegamos, mais descobrimos que nos falta navegar.
O instante de parar as descobertas é uma escolha (como tudo). Mas parar muitas vezes significa... resistir. Resistir ao novo, resistir à descoberta, resistir à evolução e ao aprendizado. E não é justamente o aprendizado que nos dá a emoção da vida? Da verdadeira vida?
Estar vivo (verdadeiramente vivo) não me parece que seja estacionar. Nem criar raízes tão fundas que nos impeça o movimento, nem mesmo levantar paredes (seguras) tão altas e sólidas que acabam por nos impedir de olhar tudo que há (e vive, e pulsa) através delas.
Mas não é fácil. Deixar a vida fluir, deixar soprar os ventos de mudança e dançar ao sabor da brisa que chega (seja ela qual for) custa muito. Custa o risco do vento nos carregar para outro lugar qualquer, tirando nossos pés do chão e levando-nos (quem sabe) até para o outro lado do mundo. Há que se desapegar do chão onde estão nossos pés. Há que se desprender do que se sabe, do que se espera, talvez até do que se tem.

Resistir diante de uma realidade distinta custa. Deixar fluir a nova realidade custa também. No fundo, a escolha se deve as prioridades que se tem. Se é manter-se na zona de conforto (até que o vento se torne tão forte que nos arremete ao longe talvez em pedaços) ou se é deixar fluir a própria energia da descoberta e aprendizado – do mundo e de nós mesmos.