19 de out. de 2019

Fui navegar


Fui navegar…
Não trouxe comigo muitas e nem grandes coisas, deixei de propósito as malas para trás. Não havia nem há necessidade de carregar excesso de peso ou de bagagem.
Fiz questão de deixar também para trás as lembranças, algumas custaram mais para deixar, mas por vezes só através do esquecimento é que se consegue seguir…
Fui navegar, não sabia para qual espécie de mar e não achei importante conferir a previsão do tempo, que fosse o tempo que tivesse que ser.
Também não preparei mapas ou datas, não tinha nem tenho um cronograma para seguir, fui apenas navegar.
Faz já alguns anos…
Faz já algum tempo, que saí para navegar. O barco nem sempre esteve presente e por algumas vezes, tive mesmo que simplesmente aprender a nadar.
A bagagem que não carrego fiz bem em não carregar, o mapa que não tenho fiz bem em não seguir… Os cronogramas, fiz bem em não me aprisionar.
Fui apenas navegar…
E conforme abriu-se diante de mim o mar, e conforme não sei e nem sabia ler as estrelas e nem me orientar, fui apenas me deixando levar.
Fui navegar… e com o passar do tempo que não soube medir, conforme as águas que eu não soube identificar e as tempestades que apenas vi passar, deixei de ser navegante… deixei de ter barco… tornei-me mar.

2 de out. de 2019

Não me recordes do futuro

Ainda é presente,
Ainda não acabou.
Segura, segura com todas as forças o tempo,
Não deixa o tempo correr, não deixa o tempo passar...
... Mas se não passa, não chegará o momento... e não nos encontraremos...
Melhor não nos encontrarmos?
Melhor o tempo passar... ou não passar?
Calma, ainda é presente...
Calma, ainda não nos encontrámos...
Calma...
Mas não, tu não me recordes do futuro,
Que ainda nem sequer nos encontrámos,
Como poderemos nos despedir?
Ainda é presente...
Não me recordes do futuro...
Ainda não nos encontrámos.