26 de jun. de 2022

Quem dera...

Quem dera eu soubesse como me despir de todas as ideias que nasceram fora de mim, e que não condizem com meu espírito ou com a verdade do meu peito.

Quem dera eu tivesse a fórmula para descartar todos os valores, os conceitos e os ensinamentos que vieram por interesses distintos daqueles que promovem a minha evolução como ser humano e espírito.

Quem dera eu pudesse enxergar tudo o que reage em mim pelo meu ego ou apego, e assim pudesse descartar cada reação que não seja a do meu coração.

Quem dera eu conseguisse... por mim, e por todos os que me fazem tão enormemente desejar ser melhor e conseguir mais...

Quem dera fosse possível que eu fizesse... por nós

16 de jun. de 2022

Infinito

É o mesmo infinito aquele que dói e aquele que preenche. Aquele que faz o sangue congelar dentro das veias e o que ilumina as noites mais escuras.

É o mesmo infinito aquele em que me perco e que me torna às vezes possível encontrar-me.

É o mesmo infinito. Quem muda sou eu. O que muda é a circunstância. Para onde olha o olhar é que muda.

É o mesmo infinito que me faz crer e que me faz desesperar. Infinito... porque o sentir não conhece fim, limite ou espaço. O mesmo amor que voa alto e onipresente é do mesmo tamanho da dor que sufoca e aterra os sonhos e esperanças.

É o mesmo infinito que habita em todos os sentidos assim como são os mesmos sentimentos a vagar pelo infinito.

A questão é vagar...

3 de jun. de 2022

OldTown Tree


Passaram-se anos, mas às vezes é como se tempo nenhum tivesse se passado e estou novamente em pé, a sustentar nas pernas os sonhos e medos muito maiores que eu, escondida atrás da aba do meu chapéu enquanto rezo em pensamento pela proteção invisível da árvore imensa que nunca cheguei a saber a espécie, mas que tanto me sombreava e amparava. Ou então ainda a gastar as solas dos ténis nas ruas calçadas de Lisboa, sem pensar para onde eu ia, ou se eu saberia como voltar, ou quantas ladeiras ia precisar subir depois.

Passaram-se anos.... mas novamente ainda lá estou. A vantagem é que talvez eu já não precise mais literalmente gastar as solas ou me esconder atrás do chapéu, para me sentir com as solas gastas ou escondida. Já aprendi como fazer. E novamente... lá estou eu.

É quando o coração mais aperta, quando não há mais nenhuma estrada e nem caminho, nem certezas e nem sonhos que justamente podemos escolher realmente e percebermos a essência de quem somos. E com alguma sorte, nos reencontramos a nós mesmos.

É por ter o coração assim apertado que mais decidido ainda estarão os meus passos - não é por não saber para onde caminho que preciso oscilar ou fraquejar das pernas, é justamente o oposto. É justamente por não haver estrada e nem caminho, destino ou parada que mais e mais forte tenho que caminhar. E seguir. E é por não existir qualquer certeza que desde que eu siga, tanto faz.

É por não existirem mais os sonhos que posso finalmente só viver.