9 de dez. de 2015

É por mim

Já aceitei por aceitar, já abdiquei por abdicar. Conheço do fundo e até pelo avesso as consequências do "afinal, tudo bem, pode ser, tanto faz".
Mas dessa vez é por mim - Não é para o melhor para alguém, não é pelo que acredito ser mais justo ou mais certo para alguém - é por mim.
Já fui enfrente porque era o que alguém queria.
Já deixei para trás porque era o que alguém precisava.
Não vou dizer que sim apenas porque não custa muito, não vou dizer que não apenas porque sou capaz de negar.
Não perder tempo (ou espaço, ou vida) porque consigo ou aceito perder... Não é pelo que quero, é pelo que preciso. Que mereço.
Que seja difícil, será uma dificuldade por mim. Qual dificuldade valeria mais à pena enfrentar?
Não me lembro de ter sentido tão intensa essa sensação... É por mim! Pura e simplesmente, por mim.

Envelope Fechado

Sinto, guardo em mim. Escrevo, fecho em envelope. E tenho um ritual próprio onde ficam guardadas as palavras e os sentimentos, para que a vida (vida?) siga adiante.
Vez ou outra fico na dúvida se a vida é o que faço ou se está justamente no que guardo...

3 de dez. de 2015

Ponto

Há um ponto, sempre há...
Um ponto sem retorno, uma escolha sem volta, uma curva pra fora da estrada que se estava a seguir.
Às vezes antecipa-se, enxerga-se, há uma espécie de aviso ou sentimento de que o tal ponto se aproxima, mas não se sabe a hora, o quando, o como, ou o instante exato em que algo se rompe, se modifica, se perde.
Estar atento aos sinais e aos sentidos nos permite perceber a aproximação, mas a exatidao não existe...
Então de repente vem. E é forte, duro, por mais que se adivinhasse, é abrupto ao chegar - e avassalador. Vem duro e pesado de certezas, de absolutos, de incontestáveis afirmações e conclusões. Um ponto irremediável, ainda que se queira e se tente remediar... já não restam mais muitas voltas à dar, se é que resta alguma.
É o problema das certezas quando elas chegam... o problema do limite quando finalmente se ultrapassa, do volume quando de repente transborda.
O lamento pelo ponto ter sido alcançado existe, mas não anula (nem atenua) o facto em si.
É como algo que ao invés de se partir, arrebenta.
Penso que não são assim tão inúmeras essas experiências na vida, algumas com maior ou menor intensidade, algumas vírgulas ou reticências, mas os pontos estes são mais escassos, mais brutos, mais... definitivos. E duros.
Não gosto muito dos pontos porque são arrogantes em suas certezas, ásperos em suas pretensões de sabedoria... mas à mim, ainda assim, quando chegam são impossíveis de conter. Uma espécie de "basta" interior, uma espécie de preservação daquilo de que se acredita merecedor - ser ou não já é outra questão.
Os pontos quando me chegam são teimosos, obstinados, mas tenho dúvidas se chegam à ser injustos ou descabidos, uma vez que ultrapassam algum limite interior nem sempre possível de se controlar ou ajustar. Quem sabe, um reconhecimento da própria limitação, fragilidade ou incapacidade - no fundo, não importa... é um limite, seja descabido ou não.
Quando (e sempre) que me deparo com um ponto, me deparo com uma parede. Um muro, uma fortaleza. Algo intransponível, e que talvez lá esteja por alguma razão. Seja auto-preservacao, auto-defesa ou apenas escudo, não importa. Paredes não são construídas ao acaso, fortalezas não se erguem sem motivo, escudos não se usam por conforto.