15 de ago. de 2019

Farol



Eu não sabia. Não sabia nada de nada. Mas seguia… Sigo. Sigo sempre, mesmo sem saber bem para onde, ou por quê.
Então feito presente, feito surpresa e feito susto pouco a pouco uma Luz surgiu.
Dos meus medos, sempre tão grandes, surgiu a dúvida se seria mesmo Luz ou se seria imaginação.
Ainda sonho? Ainda espero? Ainda acredito? Não sei…
Não sei se foi a Luz ou se foi a ideia da Luz que me despertou, mas despertou.
E desperta, lembrei-me do instante em que escolhi arriscar o tudo pelo nada, já anos atrás, e de como nunca foi o resultado disto o mais importante, e sim todo o trajeto que fiz e a pessoa que me tornei.
Agora a Luz, a ideia da Luz ou a lembrança de Luz me fazem lembrar que tudo se pode, quando se tenta… quando se arrisca acreditar mesmo naquilo que não conseguimos ainda ver.
(E como eu queria partilhar o conhecimento interior, verdadeiro e inequívoco do saber que se há espaço para pensar, há espaço para fazer. Mesmo que não seja o que pensamos, mesmo que o destino acabe noutro sítio, mesmo que o fim não seja aquilo que pensamos, o caminho nos dá sempre mais e melhor do que o destino que imaginamos… porque nos devolve à nos mesmos de uma maneira que jamais poderíamos sequer pensar.)
E assim, de olhos meio abertos e meio fechados, como matéria que também sou, tomo consciência de que não sei se é a Luz ou a ideia da Luz que me move, só sei que me move… e me faz mover.
E tudo nos seus lugares (que são lugares nenhuns e incertos – e certos por assim serem), olho em frente e vejo um abismo que nem sei quão profundo é, nem quão longínquo está. E só o que sei, e sei com toda a certeza de cada poro e de cada célula em mim, é que é hora de saltar.
E que o destino seja o que tiver que ser, já que o que dá asas é o próprio saltar.