1 de mai. de 2015

Um . Uma ,

Assim, simples. Um . uma , E não é preciso muito mais, neste intervalo está tudo dito.
Como sempre. Pois é mesmo assim, na pontuação, nos intervalos, respiros e silêncios é onde mais eu digo, onde está tudo que quero dizer.

E como sempre, omito destinatário, na minha omissão pensada, temeroza, relutante e que briga comigo a tempo inteiro. É mais fácil assim... na penumbra dos meus receios.

Ai, que são tantos, como sempre foram. Como sempre fui. Mas a gente cresce, transcende, amadurece, esconde... e sobrevive. Se fortalece ou se endurece? Amadurece ou se esquece?
Não sei... mas vai-se em frente. Vive-se, faz-se, cria-se. E se envelhece.

Mas eu guardo um segredo, o meu segredo. São os " . " e são as " , " onde me escondo, onde só eu sei e só eu conheço. O que guardo pra mim e que se alguém tentar traduzir, enlouquece.

Na pontuação está o segredo, a alma, a verdade. A lembrança, a certeza.

E é aí que sou mais tola e mais ingénua, pois não escondo e só me guardo, deixando tanto espaço pra ser retirada á força do esconderijo onde quis pensar, eu estava guardada.

E um livro, que poderia ser um livro qualquer (mas não é), me abana, me sacode e me atira pra longe, me deixa com as pernas pro ar e um olhar muito espantado a encarar todos os meus pontos finais e minhas vírgulas, aonde as coloquei de onde já nao mais os consigo tirar. Os pontos, ora... pra já até que concordo com eles, foram mesmo bem colocados e eram o que são. Já as virgulas.... valha-me Deus... deveriam ter sido . enquanto eu ainda era capaz?

Fui eu alguma vez capaz de faze-las pontos finais?

Não... quando muito, transformei-as em três pontos, guardando a expectativa e a esperança, quando eu esperava era pela exclamação!

Que não veio... virá?

A dúvida que pouco a pouco o tempo faz certeza. Certeza de que não. Passou.

Fica então um espaço meio esquisito, como uma página em branco onde paira apenas uma virgula... cheia de sonhos e promessas, de ilusões e de verdades que ficam então assim, a pairar no ar, na penumbra onde a escondo e às vezes a visito, só para me lembrar...

São os meus segredos, os meus esconderijos, meus sopros de amor que já não ouso sonhar.