23 de nov. de 2011

Algumas Reflexões (Parte II)

PARTE II

Partindo desse princípio, de que uma “democracia” que possibilita oportunidades diferentes para diferentes pessoas deixa de ser uma democracia, e que a “igualdade” e “direitos iguais” funcionam apenas em teoria, que enquanto uns tem muito e outros tem pouco, o que fazer?

A nossa economia e nossa sociedade foram estruturadas nesses valores. A distribuição de possibilidades, estruturas e bens se faz conforme o poder econômico que cada pessoa tem.

Mas será possível alterar tudo isso? Se nos mudássemos todos para uma ilha deserta, sem comida ou água ou contato com o continente, mas tivéssemos conosco uma grande quantidade de dinheiro, isso mataria nossa fome ou nossa sede?

Nossas necessidades reais não são de “dinheiro”, mas de recursos. Recursos como abrigo, comida, água, educação, saúde. Se ao invés de uma distribuição econômica, houvesse uma distribuição de recursos? Como seria?

Esse conceito existe, é possível e está cada vez ganhando mais força ao redor do mundo, é o que chamamos de uma “Resourced-based economy” (RBE) ou Economia Baseada em Recursos – EBR.

Imagine a possibilidade de viver com acesso aos recursos necessários para sua sobrevivência e a de sua família, inclusive recursos tecnológicos. Tecnologia, ciência, educação, abrigo, alimento, saúde, transporte.

Não apenas para “sobreviver”, mas de forma a obter uma qualidade de vida realmente alta. Esses recursos existentes hoje no planeta são suficientes para atender toda a humanidade.

Por que então não atende a todas as pessoas??? Porque a distribuição desses recursos atualmente se faz com base no poder econômico das pessoas...

Quando paramos para pensar sobre isso, é difícil não se sentir indignado, revoltado... Daí surge manifestações, protestos, conflitos.

Mas quando paramos para pensar um pouco mais sobre isso, e usamos a história como ponto de partida, vemos que muitos governos e economias já passaram por reformulações e revoltas, e mesmo assim os problemas continuaram...

O capitalismo e a forma com que a “democracia” hoje é praticada tem uma característica peculiar... molda-se, transforma-se, mas acaba por prevalecer.

Pois bem, as propostas de uma Economia baseada em Recursos (EBR) não implicam em qualquer conflito, pelo contrário. Implica em educação, conscientização, informação.

Não se trata de um número de pessoas “impor” para outras pessoas aquilo no que acreditam – isso é uma forma de opressão, seja para um ou outro lado.

Como resolver esse impasse que vivemos atualmente então? Bem, fazendo um “trabalho de formiga”.

Não é ao “recrutar” pessoas, convencê-las, “manipulá-las” que a consciência e comportamento irão mudar. É educando.

Mas enfim, isso dá um trabalho enorme, exige dedicação, paciência, doação... Não é uma “coisa” para qualquer um. E com certeza não é para quem quer uma resposta “agora”, uma solução “já”.

Se o que queremos é uma igualdade, uma distribuição igualitária de recursos e oportunidades para as pessoas, as pessoas tem que ser igualmente informadas e estarem igualmente conscientes. Ou, sem hipocrisias aqui, estaremos a manipular, oprimir, impor.

Somos responsáveis pelas nossas atitudes e por nossas escolhas. Podemos escolher nossos caminhos, mas responderemos igualmente seja pelo sucesso ou pelo fracasso do mesmo.

O que queremos? Estarmos nós no topo da pirâmide, ou que deixe de haver pirâmides?

18 de nov. de 2011

Uneasiness

Unrest, uneasiness means “desassossego” in Portuguese.

A constant feeling, when you can’t agree with all the structures and systems around you. When you know, just inside you, we can do more, we can be more, we can be better and live in a better way.

Let me ask a question here. If you right now can have one wish realized, just for yourself, with one will be? What do you want to get right now? Just make your wish before continue reading this.

Do you know that constantly search about who we are, and who we can be? Why we are constantly fighting for more, just to satisfy our ego, our wishes, our needs? What we really need? More money, more space, more “status”? A bigger house, a better car?

This is all our “ego” needs - not our really needs. I don’t know any human who doesn’t need a safe place to live, healthy food and water, some peace, happy and love in their hearts.

So, why we pretend “things” are more important to us then the way we feel? If you feel right, and happy, full of hope and love, you won’t care about money, cars, houses or “things”.

When you are sharing some time with your people, your friends, laughing and talking, you are not worried about problems and situations you may have to solve. You are just “enjoying” your life, your time in this world. In these moments, you are just being yourself.

And it’s so hard “just be yourself” when you are worried… worried about your financial problems, work, health, family, etc.

In these times, you try to have a strong and acceptable behavior, to “inspire” others to respect you, accept you, and give to you what you need. Maybe a job promotion, maybe a loan, or just better serve you in a hospital, shop, bank, etc.

You try to “convince” them you worth their trust, to make them get a nice behavior with you. But do you trust them, being exactly who you are? Showing them why you may be worried, why you need them for?

Probably don’t. Why? Why we can’t show we are vulnerable sometimes, our weaknesses, our fears?

We learn in all our lives we have to be competitive, better than the others to deserve more than the others. To get better opportunities, we have to be the best one in our jobs, in our class, in our life.

Recognize that you may not ever get all the answers, shows that you are incompetent in something.

Why’s that? Everyone knows it’s impossible to know everything. Everyone knows we can fail sometimes, and we will sooner or later make some mistakes. Everyone knows we aren’t machines, that we have feelings, problems, etc. So, why we can't show all that? Show us like we really are, like we are really feeling, thinking, wanting?

When you recognize you have some weaknesses, it’s easy to accept the other ones weaknesses too.

When you learn how to love yourself, it’s easier to love the others, and just accept them the way they are.

You stop try to change yourself, and stop trying to change the others around you.

Imagine that… to live like that. Without trying to “convince” anyone that you “deserve” something.

And now, if you can make your wish again, what do you want to ask for?

15 de nov. de 2011

Consciência

Envergam-se as pernas, já não suportam mais nenhum peso. Tremulas, não erguem nem a si mesmas. Dobram-se sob o peso das expectativas, sonhos, ilusões. Derrotadas, não sustentam o peso que tentaram carregar. Não parecia peso, parecia caminho, parecia escolha... As armadilhas que criamos sem perceber... Simplesmente as pernas não se levantam, não encontram equilíbrio, não possuem mais força. Com uma voz de comando, a cabeça manda firme, resoluta: “Levantem-se! Ergam-se!” - mas nenhuma reação de resposta se apresenta. Os olhos, surpresos, arregalados, estupefatos, olham sem compreender. As mãos, timidamente, procuram sustentar a si mesmas e ao resto do corpo, vergado sobre elas. Trêmulas e surpresas, percebem que já não possuem também qualquer força, ficando ainda mais surpresas quando se dão conta do tremor cada vez mais intenso. O coração, acelerado, desesperado, pulsa num ritmo fatal. Instala-se o pânico, o pavor. Um sussurro vindo de algum lugar lá de dentro, também surpreso, mas tentando manter a calma, reage: "Não há o que fazer, esgotou-se. Não há força, não há sustentação" - Tenta conformar-se. O corpo cai inerte e consciente, atento e moribundo. Não há o que fazer, o choque toma conta de cada poro, de cada membro, cada músculo. A consciência existe independente da ausência de qualquer fibra, de qualquer força, de qualquer vida. O corpo desiste, naufraga, morre. Após o susto, a consciência persiste. Sobrevive. Pelo choque e pelo susto nem se deu conta que continuou. E continua.