15 de nov. de 2011

Consciência

Envergam-se as pernas, já não suportam mais nenhum peso. Tremulas, não erguem nem a si mesmas. Dobram-se sob o peso das expectativas, sonhos, ilusões. Derrotadas, não sustentam o peso que tentaram carregar. Não parecia peso, parecia caminho, parecia escolha... As armadilhas que criamos sem perceber... Simplesmente as pernas não se levantam, não encontram equilíbrio, não possuem mais força. Com uma voz de comando, a cabeça manda firme, resoluta: “Levantem-se! Ergam-se!” - mas nenhuma reação de resposta se apresenta. Os olhos, surpresos, arregalados, estupefatos, olham sem compreender. As mãos, timidamente, procuram sustentar a si mesmas e ao resto do corpo, vergado sobre elas. Trêmulas e surpresas, percebem que já não possuem também qualquer força, ficando ainda mais surpresas quando se dão conta do tremor cada vez mais intenso. O coração, acelerado, desesperado, pulsa num ritmo fatal. Instala-se o pânico, o pavor. Um sussurro vindo de algum lugar lá de dentro, também surpreso, mas tentando manter a calma, reage: "Não há o que fazer, esgotou-se. Não há força, não há sustentação" - Tenta conformar-se. O corpo cai inerte e consciente, atento e moribundo. Não há o que fazer, o choque toma conta de cada poro, de cada membro, cada músculo. A consciência existe independente da ausência de qualquer fibra, de qualquer força, de qualquer vida. O corpo desiste, naufraga, morre. Após o susto, a consciência persiste. Sobrevive. Pelo choque e pelo susto nem se deu conta que continuou. E continua.

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