4 de abr. de 2014

Quando não sei

Quando não sei

Por vezes há barulho demais. Um barulho interno, uma mistura e uma confusão de pensamentos e escolhas possíveis – barulhos demais. E então fico sem saber. Quando as alternativas são todas e nenhuma; quando os caminhos são diversos e em diversas direções – fico sem saber.

E quando não sei, é tempo de silenciar. Deixar os barulhos “barulharem” e deixar-me estar à parte, à margem, aguardando o silêncio chegar. Deixar falarem as vozes altas, os gritos e as turbulências e aguardar a calmaria regressar.

Quando não sei, é preciso deixar minha mente gritar o quanto quiser, meus pensamentos voarem tudo o que têm para voar – e manter o coração resguardado e em silêncio; esperar.

Pois é preciso primeiro o barulho, para depois o silêncio fazer-se ouvir. É preciso primeiro a turbulência para a calmaria poder depois entrar.

Quando não sei, simplesmente não sei. Não sei nada – e é tempo de esperar. Esperar não significa passividade ou inércia. Não adianta içar as velas em mares demasiado agitados – irão rasgar-se. É preciso deixar a correnteza levar, manter a atenção e aguardar o instante exato para conduzir a embarcação.


Quando não sei, é a atenção e o estado de alerta o que resta. Reconhecer o instante em que os gritos da mente tornam-se meros sussurros – só então o coração poderá falar livremente e se fazer ouvir.