30 de set. de 2010

Pois é.

Primeiro, falemos sobre os nossos desejos, vontades. Que nada são além de ilusões, na maioria das vezes. Realmente, são. Porque somos pessoas em constante movimento interior, quer aceitemos ou não. E o nosso desejo de hoje pode não ser o nosso desejo de amanhã, e jamais teremos controle algum sobre isso, esse controle é também uma forma de ilusão. Não somos “donos” do nosso futuro, por uma razão muito simples. No futuro, já não seremos nós, seremos um outro “nós”, mais envelhecido, amadurecido, modificado. Isso faz com que o único e real poder que tenhamos seja apenas sobre o momento presente. Nosso querer de agora, nosso evoluir nesse instante. Justamente por essa razão, longos planejamentos podem ser extremamente benéficos, porém podem acarretar em desilusões grandiosas. É por isso que tantas vezes acontece de desejarmos alguma coisa e quando depois de algum tempo, a conquistamos, é como se aquilo perdesse o valor que antes atribuíamos aquela conquista. Não é que tenha perdido qualquer valor ou significado, fomos nós que ultrapassamos o momento onde aquilo teve a importância que teve. Então não devemos querer nem lutar por mais nada, vocês podem perguntar. Não, não se trata disso. Antes é reconhecermos em nós que nossos sonhos são temporais, nossas vontades são passageiras, que estamos em constante mudança e não há mal nisso. Mas percebermos essa temporalidade, essa alteração constante que acontece dentro de nós mesmos pode ser um problema, sim. Porque conceitos cairão por terra por essa percepção. Muitos deles. E se seguirá a isso uma transformação de nosso ser. Um amadurecimento de nossa consciência, uma outra visão do mundo. Podemos resumir tudo isso de uma outra maneira, talvez mais simples. Imaginem que hoje percebemos as coisas de determinada maneira. Se estamos tristes ou desesperançados, é porque a nossa percepção da vida que estamos vivendo enxerga as dificuldades, obstáculos, problemas ou simplesmente vê que as coisas permanecem sempre as mesmas, que não há nada a que se buscar. Mas, se no dia seguinte, a nossa percepção da vida estiver vendo a beleza das coisas, as possibilidades de que tudo pode acontecer e que somos capazes de obter as maiores conquistas que possamos desejar, nos sentiremos felizes e quase como donos do mundo. Ambas as sensações e percepções são apenas ilusões. São instantes temporais que estaremos vivenciando. Não há firmeza nem certeza de que amanhã estaremos nos sentindo da mesma maneira. Porque não estaremos baseando nossas percepções em nós, mas naquilo que estamos enxergando do mundo naquele momento. E isso muda com uma freqüência assustadora. Um exemplo mais simples... Imagine que você está num dia “cinzento”, se sentindo solitário e não está vendo nenhuma perspectiva de melhora nesse estado. Então alguém que te seja muito querido liga, manda uma mensagem ou aparece simplesmente para pegar em sua mão e irem passear. Imagine como o dia então se transforma, e como você se percebe de uma hora para outra, sorrindo e feliz. Ilusões. Não foi a vida que mudou, foi apenas a perspectiva que você estava tendo que foi alterada. Nenhuma magia, nenhum milagre, nada disso. Apenas sua forma de perceber as coisas. Você continua solitário, continua exatamente como estava, porque essa pessoa estará ali apenas por alguns momentos, cedo ou tarde você vai ter novamente a mesma perspectiva que estava tendo antes, porque ela está em você. E por inúmeras vezes nos percebemos nesse vai e vem de emoções, hora felizes, hora desesperados. Como fugir disso?
É muito menos complicado do que parece, não que seja fácil, convenhamos. Mas se você estiver disposto a enxergar como se “estivesse de fora” esse vai e vem emocional, como apenas as perspectivas que são, você já deu o primeiro passo para expandir sua consciência e libertar-se desse ciclo vicioso. Quando você estiver sozinho novamente e essa pessoa especial aparecer, você saberá que serão momentos felizes, que você irá estar feliz e tudo o mais, mas que serão instantes e que você não pode depender desses instantes para ser feliz eternamente. Aceitar que teremos a sensações que quisermos ter, se aprendermos a dominar a forma com que enxergamos a vida. Nada complicado, nada “de outro mundo”, tudo muito simples e não por isso ruim.
Muitas pessoas conseguem viver a vida inteira sem se darem conta disso, conseguem colocar sem sequer terem consciência, as suas alegrias e tristezas nas mãos daqueles que estão a sua volta, e conscientes ou não, essas pessoas tem o direito de fazerem isso. Nós é que não temos o direito de querer impor aos outros as nossas formas de viver. É preciso que haja espaço e liberdade para que as pessoas se tornem aquilo que elas quiserem se tornar.
Muitos já disserem que o grande problema da humanidade são os conceitos de nossa sociedade que estão enraizados dentro de cada um de nós. E livrar-nos dessas raízes não é nada simples, nem fácil. São conceitos, comportamentos, crenças e padrões enterrados fundo demais dentro da gente. Mas é possível sim quebrar esses padrões e assumirmos uma nova perspectiva da vida e do mundo. Porém é necessária coragem. Talvez, e cadê vez mais, com mais e mais pessoas se abrindo para um novo comportamento e visão das coisas, seja necessário se ter menos coragem, pois já terão nos aberto o caminho. Outra coisa que nos habituamos a fazer... a seguir outros. Pois é difícil abrir um novo caminho quando nos ensinaram a ser seguidores.
E se você optar por começar a refletir sobre essas coisas, se você verdadeiramente optar por expandir sua consciência, acontecerá de muitas vezes você sentir medo. Temer se perder pelo caminho que é desconhecido, pelo caminho que nem sequer existe, caminho que você estará abrindo conforme anda por ele. E não faz mal sentir medo, desde que o medo não paralise seus movimentos. Não há problema algum em sentir-se perdido, inseguro. Desde que esses sentimentos não impeçam sua jornada. Sim, existe um mundo para ser descoberto, existe uma expansão infinita de nossas consciências para ser atingida, mas vai um alerta... Essa escolha, esse caminho não é para todos. E mesmo se for, há que se respeitar o instante de cada um.

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