30 de set. de 2010

22 de abril

Um ano. E sem preparo, sem aviso, uma existência inteira dentro desse tempo. Uma pessoa no início, uma outra no fim. E depois de tanto, depois de tudo, torna-se difícil acreditar que pode haver mais. As coisas se acalmam, esfriam, encaixam e a realidade é vista sem a névoa que antes a envolvia. Havia incerteza na névoa, havia mistério, havia fascínio, expectativa e curiosidade. Surgiu a claridade, o vento varreu qualquer escuridão e a visão tornou-se nítida. A sensação é de clareza, limpeza, verdade. Mas podendo enxergar a paisagem toda, torna-se difícil acreditar que algo não está sendo visto, não se vê mistério, não existe dúvida nem o oculto. Tudo límpido. Como então, simplesmente, acreditar? Preto e branco. Falta-me cor.
(Lisboa, 22 de abril de 2010. - O que significava para a pessoa de antes escrever essa simples data? O que significaria a um ano atrás? Seis meses atrás? Dois? O que significa hoje? Antes, não havia. Tornou-se depois sonho, depois impossibilidade, depois, verdade. E mais? Há mais?)

Nenhum comentário: