30 de set. de 2010

Calar

Vai, entre rostos e entre palavras não ditas e desassossegos procurar pela passividade. Passividade que não há, pois não há nenhuma no seu coração que se aflige, que busca, que não encontra e que não sabe o que procura. Vai, entre sorrisos e prantos, preencher seus dias, sua vida. Na caixinha de memórias dentro da mente, peças soltas, perdidas, esquecidas. Momentos que não voltam, a procura por uma calma que não vem. E como poderia? Não há calma na busca, para isso deve-se parar de buscar. Mas a busca é em si um vício, uma adrenalina que não passa. Pude ver o futuro em um relance, pude enxergar as pessoas daqui a 10, 20 anos. E foi uma visão tão triste... Uma procura que não tem paz, um círculo que não se rompe, o cão que corre atrás da própria cauda sem se dar conta que ela lhe pertence. Pode ser que as coisas mudem, mas o mais provável é que não. E assim são as coisas, assim é a vida. Um capítulo que precisa ser encerrado, para que se possa novamente começar a viver. As coisas deixam de ter porquê, deixam de valer a pena. Alfinetes enfiados fundo demais, sangue já seco. É preciso água para limpar, é preciso ar para se respirar. Nem tudo o que se procura se encontra, nem tudo o que se quer se alcança, nem tudo tem lógica ou sentido. É apenas uma vida, a escolha vai de cada um pelo que buscar. Em meu mundo, já não tenho mais pelo que procurar. Vi os resultados, conheço os esforços, e tristemente, reconheço que pode simplesmente, não valer a pena. Enganei-me. Do alto da minha vontade de tudo saber, enganei-me. Quando acreditamos poder demais, sermos fortes demais, o tombo é sempre maior. Joelhos ralados, feridas abertas, é tempo de cicatrizar, de calar, de não correr atrás de galinhas, de deixar a vida acontecer. Em meu mundo, meu pequeno universo particular, me contenho, paro, olho, escuto. Sim, é tempo de calar, é tempo de deixar a vida ser o que tiver que ser. E como sempre, ou como nunca, mais uma vez ainda é possível dizer... tudo bem.

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