30 de set. de 2010

XIV

Passado

Tem dias em que a gente simplesmente sente saudades. Não necessariamente saudades de pessoas ou de lugares que já não fazem mais parte das nossas vidas.
A maior saudade, a saudade que muitas vezes mais dói é a saudade de quem éramos em determinado momento das nossas vidas e tudo que ignorávamos que ia acontecer a seguir. Saudades de momentos em que a gente simplesmente estava ali, e viveu aquele momento sem saber o que viria, a gente só viveu.
Sorrisos que hoje já não mais emitem nenhum som, o barulho que existiu naquele instante e que agora é silêncio. Saudades de um abraço que hoje já não mais nos abraça, de um calor humano que hoje foi substituído por outro, ou simplesmente pelo frio. Saudades de quem éramos.
Do que poderíamos ter sido e não fomos. E as vezes sentir saudades é bom, as vezes nem tanto. Mas se existem alguns momentos assim na nossa memória, se por um instante imaginarmos que estamos ali novamente, vivendo aquele instante exatamente como aconteceu, faríamos realmente alguma coisa diferente, sendo quem éramos na época? Acredito que dificilmente. Aproveitamos o que na época acreditamos que devíamos aproveitar. Talvez depois disso alguma coisa tenha acontecido, alguém muito especial tenha deixado de existir em nossas vidas. Mas não tínhamos como saber.
Sabemos apenas que tudo isso pode estar vivo em nós, e que dentro de nós poderá viver para sempre. A saudade também pode ser um lembrete de que agora existem pessoas que são especiais para as nossas vidas mesmo que a gente não perceba isso com toda a clareza, e que o hoje pode ser alguma de nossas doces lembranças para o amanhã.
Que a gente tenha a sabedoria de viver o instante presente, e que a gente tenha a força para manter acesa dentro de nós a lembrança e a doçura do que já nos foi tão importante um dia.

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