30 de set. de 2010

VI

Estava pensando no que eu poderia escrever. Tanta coisa existe por aí, tanta informação acessível, tantas culturas, filosofias, religiões e provérbios inteligentes, palavras profundas e frases de efeito. Então me lembrei de algo que me ocorreu a alguns dias atrás, sobre a vida e a morte. É comum as pessoas falarem para aproveitarmos o tempo presente, viver com intensidade o momento que temos agora, plantarmos as sementes para o nosso futuro mas sem esquecermos de viver o hoje. Gostaria de fazer uma reflexão.
Nem sempre a nossa saúde vai bem, nem sempre podemos nos sentir seguros em relação aos anos que teremos pela frente. Podem ser muitos, podem ser poucos, pode nem mesmo chegar a ser um ano completo. Então, se você estivesse numa situação de saúde muito grave, sem muitas esperanças, e se, por acaso, contrariando todas as previsões e diagnósticos, você se recuperasse e pudesse ter mais alguns dias de vida, para quê serviriam esses dias, sabendo você serem os seus últimos? Estar com a família, amores, amigos? Seria mesmo possível se despedir daqueles a quem amamos?
É lindo pensarmos em sempre dizer nossos sentimentos, em sempre cuidarmos de nossos afetos. Mas se você percebe que o seu tempo torna-se subitamente limitado, e que você torna-se apenas você, sabendo que não há quem possa dividir o instante da morte com você, o que fica? Você com você mesmo. E aí eu pergunto... quem é você? Você é o suficiente, você é tudo aquilo que poderia ser?

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