26 de out. de 2011

Gordon Brown: Criando uma rede para o bem global | Video on TED.com

Gordon Brown: Criando uma rede para o bem global | Video on TED.com

25 de out. de 2011

Algumas reflexões (Parte I)

PARTE I Geralmente depois que escrevo alguma coisa fico a pensar que o que eu escrevo é na verdade bastante óbvio. Então, me pergunto o que me faz escrever sobre o que é óbvio. Escrevo porque parece que ainda que seja óbvio, a diferença entre o que se sabe na teoria e na prática parece ser cada vez maior... Vamos vivendo nossas vidas, nosso dia a dia cada vez mais ocupados e preocupados com nossa sobrevivência, nosso sustento e nossos objetivos. E tem mesmo que ser assim. Mas acredito existir a possibilidade de um equilíbrio entre o que são nossas ocupações, nossa luta por nosso sustento e sobre a pessoa que somos. Por que será que muitas vezes esquecemos de olhar para nós mesmos para podermos “cuidar” de nós? Não consigo aceitar que a ignorância de quem realmente somos seja a única alternativa possível para nossa sobrevivência. Isso não faz qualquer sentido. É como se passássemos a vida a seguir um caminho, sem sequer nos darmos conta do lugar em que estamos ou do que realmente queremos. Passamos a vida a buscar, não a viver. Vamos ao trabalho, às compras, aos compromissos. Vamos e vamos. Sempre a ir. Mas lembramos de nós pelo caminho? Lembramos mesmo de quem somos, daquilo que queremos, do que buscamos para nós? Lembramos-nos dos nossos sonhos, desejos, ideais, propósitos? De alguma forma, é como se mantivéssemos uma espécie de “piloto automático” para a vida. Mas a vida passa, e queremos passar mesmo por ela em modo “automático”? Não acredito que alguém realmente possa querer isso. Não se realmente chegar a pensar sobre isso. E existe alternativa? Existe, existe sim. A dificuldade disso é que ao longo do tempo de nossas vidas passamos por algumas “formatações”. Através daquilo que nos ensinam desde nossa infância e também na escola, no trabalho, no nosso círculo de amigos e família. Fomos “formatados” para nos destacar, para fazermos bem nossas obrigações, nossas responsabilidades. Para sermos realmente bons em qualquer coisa que façamos, isso para não dizer que se quisermos “vencer”, temos que ser os melhores. Um comportamento essencialmente competitivo, que hoje e cada vez mais se reflete nas coisas mais simples. Se você quiser ter muitos amigos, seja sempre alegre, simpático. Se você quiser reconhecimento, seja o melhor aluno, o mais empenhado e estudioso. Se você quiser se destacar no trabalho, seja o mais competente, o mais dedicado. Se você quiser parecer bonito (a), use as melhores roupas, tenha o melhor corpo, cuide bem da sua aparência. Estamos mesmo a falar de seres humanos? Que valores são esses?? São valores que fomos ensinados (formatados) para ter, afinal, nos ensinaram sobre a lei do mais forte, sobre o quanto nossa sobrevivência depende de sermos os melhores para termos as melhores coisas e conquistarmos os melhores lugares. Mas isso não é a verdade sobre a essência do ser humano. Essa apenas é a verdade sobre a essência do capitalismo, da falsa “democracia” em que vivemos, do ambiente e do sistema que temos a nossa volta. Não é de admirar tantas pessoas a se sentirem “sós” e refugiarem-se cada vez mais em tecnologias como redes sociais virtuais, jogos virtuais e coisas do gênero. Não há democracia alguma nisso, quando o “peso” da opinião de uma pessoa varia de acordo com o “poder” que essa pessoa possui. Isso passa longe de qualquer conceito ou ideia de fraternidade, de igualdade, de “bem comum”. Mas as coisas são um pouco mais profundas que isso. Esse comportamento está mais enraizado em nós do que isso. O que supostamente nos diz sobre a igualdade entre os homens também é o que promove o julgamento de uns para com os outros. Aquilo que deveria nos fazer vermos uns aos outros como iguais e irmãos é o que nos faz sentirmos superiores ou melhores que aqueles que supostamente nos são iguais. Que valores são esses?? Se hoje eu sei ou posso mais que outra pessoa, não é porque eu sou melhor. É porque tive oportunidades que a outra pessoa não teve. E se somos iguais, se vivemos democraticamente, como podem existir oportunidades diferentes para uns e outros? Como pode haver fome e falta de abrigo? Que sistema “democrático” é esse? E tudo isso seria redundante, e esse tempo que estou aqui escrevendo seria só mais um desfilar de palavras óbvias se não existisse solução. A solução existe, a dificuldade é que a solução implica trabalho. O custo da solução é termos coragem de abrir mão da nossa zona de conforto apática e hipócrita, o custo de revermos nossos conceitos sobre as coisas que nos ensinam desde que viemos ao mundo. O custo é pensarmos por nós próprios e não “comprar” pensamentos prontos que já vem manipulados com interesses específicos e arcaicos. Pensar por nós mesmos dá trabalho, e porque teríamos esse trabalho se temos todos os pensamentos e conclusões já feitos para nós “sob medida”? E que tal se pensarmos por nós mesmos uma vez que o que existe “pronto” simplesmente não funciona mais? E não funciona mesmo, quando se vêm pessoas sem abrigo a morrer de frio ou de fome – estando ou não diante dos nossos olhos. Também não funciona quando existem pessoas a lutar e a morrer na defesa dos ideais de uma minoria. Não funciona quando a sociedade doente se reflete nos índices de criminalidade, de baixa escolaridade, de filas nos hospitais. De doenças no corpo e na alma. É uma enorme conformidade e um estado por demais apático não tomarmos esses fatos como reflexos de uma sociedade doente. E sim, podemos continuar a fazer uso de paliativos, acreditando que cuidarmos apenas do nosso dia a dia e de nossa sobrevivência é o remédio para essa doença. Mas podemos também buscar a causa, ao invés de ignorarmos a doença mascarando apenas a dor que nos atinge. (Continua)

1 de out. de 2011

Vulnerabilidade

Adquiri esse hábito esquisito de me fazer sempre perguntas que de alguma forma me ajudem a identificar minhas motivações, vontades, ideais. O propósito disso é tentar de alguma maneira estar o mais “consciente” possível sobre minhas próprias atitudes e seus “por quês”, minhas escolhas e consequências.

Comecei também a observar com um pouco mais de cuidado as questões políticas, sociais e econômicas que existem a minha volta e tambem espalhadas pelo mundo. Não somos uma “espécie” que tem atitudes sem propósitos ou sem motivações por trás. Até ousaria dizer que a nossa “natureza humana” é de certa forma a fonte das nossas motivações – seja para nos fazer acordar e ir trabalhar todos os dias, seja para nos juntarmos para realizar trabalhos voluntários ou mesmo sentar no sofá para assistirmos televisão.

Deixando de lado um pouco a questão da natureza humana e as razões que fazem cada um de nós nos movermos (seja lá para o que for), muitas vezes o deixar de prestar atenção àquilo que nos motiva nos torna cegos para as possíveis consequências daquilo que fazemos ou que deixamos de fazer.

Essa “cegueira” ou “não consciência” existe tanto em nossos assuntos pessoais quanto profissionais, sociais e também políticos.

Somos como engrenagens dentro de engrenagens maiores, e quando “ligamos” nossa forma “automática” de fazermos as coisas e vivermos o nosso dia a dia, de uma forma estamos a “desligar” nossa consciência. Fica fácil quando isso acontece nos surpreendermos com fatos, atitudes ou comportamentos dos outros, eventos e etc que seriam facilmente previsíveis se estivéssemos despertos. Atentos.

Não estou aqui a pretender dizer que podemos de alguma forma prever o futuro ou termos a capacidade de controlar os acontecimentos. Nem tudo está ao alcance de nosso controle. Mas podemos sim controlarmos a nós mesmos. Tomarmos maior responsabilidade por nossas vidas, nossas escolhas e os resultados daquilo que fazemos e acreditamos.

Não sou possuidora de todas as respostas, muito menos sobre o que é certo ou errado para as pessoas além de mim. Mas sou sim detentora do que é para mim a minha própria verdade, daquilo que é correto para mim e daquilo que eu escolho acreditar.

Digo isso depois de algumas vezes ouvir sobre a minha possível arrogância e prepotência. Se de alguma maneira eu esperasse “impor” minhas opiniões para os outros, ou fazê-los ser como eu sou, veria-me obrigada a concordar com esses rótulos. Não é o caso.

O que me motiva agora em plena tarde de um agradável sábado a sentar e a escrever é a esperança e a crença de que o ser humano é essencialmente bom e capaz de usar o raciocínio próprio e individual para seu próprio benefício, desenvolvimento e crescimento. O que quer que isso represente para cada um.

Para que um raciocínio possa se formar de uma maneira ampla e sob um contexto que considere todas as hipóteses e possíveis soluções é necessário basicamente apenas duas coisas. Vontade e informação. Vontade porque sem o “querer” não se faz satisfatoriamente nada. Informação porque a falta delas conduz a um raciocínio falho e que não leva em consideração o quadro geral de um problema.

Uma fórmula bastante simples: vontade + informação = bom raciocínio ou de forma um pouco mais “ousada”: vontade + informação = inteligência.

É muito fácil e muito frequente cometermos erros graves e facilmente evitáveis em nossos julgamentos por falharmos nessa simples equação.

Uma equação que serve para dilemas pessoais, profissionais ou qualquer dilema que se apresente para nós.

Eu poderia citar inúmeros exemplos, mas creio que valeria muito mais se utilizassem vocês suas próprias experiências em julgamentos errados ou falhos que eventualmente tenham feito. Ou faltou a “vontade” de realmente se refletir sobre o assunto e tomou-se por base pensamentos alheios ou não houve conhecimento (informação) sobre o quadro geral e o contexto total da situação.

Pois bem. Vejo isso (um raciocínio falho) se repetir numa questão que estamos vivendo atualmente e ainda mais grave, observo uma manipulação sutil para que ocorra tal raciocínio falho com a devida e cuidada falta de informação. Omissão e seleção das informações veiculadas nos nossos principais sistemas de mídia.

O mundo sofreu recentemente os impactos de uma crise nos Estados Unidos devido a uma questão imobiliária. Amplamente divulgado e informado por nossos meios de comunicação.

Lamentavelmente e “convenientemente” omitidos foram as bases do sistema que fez com que tal crise decorresse.

Apenas para exemplificar de forma simples para quem tiver interesse em se aprofundar nesse assunto, recomendo a leitura do texto “Quero a Terra e mais 5% - Stephanie Relfe, Wholistic Kinesiologist”, tradução de Silviacaeiro@hotmail.com e disponível na página de internet http://www.umanovaera.com/conspiracoes/Quero_a_Terra_Mais_5.htm

Passado um período, vemos a mesma omissão e falta de informação pelos meios que supostamente deveriam nos manter informados em relação aos movimentos que tem ocorrido tanto no Brasil como no mundo.

Recentemente, na noite de 24 de setembro no Rock in Rio aqui no Brasil um “coro” de mais de cem mil pessoas manifestava-se contra Sarney, sinal no mínimo de que existe alguma insatisfação do povo com a política que está a ser feita no país.

Tambem não se “assiste” em noticiários sobre a manifestação que ocorre em Wall Street, Nova York (Estados Unidos) de milhares de pessoas e que acontece desde o dia 17 de setembro e sem data para terminar. Milhares de pessoas acampadas no protesto denominado Occupy Wall Street contra o sistema político e econômico do país.

Não se fala tão pouco sobre as inúmeras organizações e movimentos que estão a promover e divulgar as manifestações populares para o próximo dia 15 de outubro e que terá lugar em diversos países mundo afora.

Principalmente, não se fala sobre as razões para que tantas pessoas no mundo se unam em protestos e manifestações e quais são os factos que geram tamanha insatisfação.

Como falei anteriormente, não disponibilizo respostas que possam servir para outras pessoas, busco respostas para o desenvolvimento do meu próprio raciocínio e o máximo de informações para que eu possa raciocinar da forma mais eficiente possível.
Questiono a omissão dos meios que nos deveriam informar, questiono as motivações de tais omissões, questiono inclusive as bases de tanta insatisfação.

A minha conclusão (minha) é a de que um sistema que torne possível que pessoas morram por falta de alimento é no mínimo, questionável.

Soluções?

Tenho algumas que servem para minhas propostas de estudo e análises, para meus propósitos e objetivos. Material para um próximo texto.

Por: Ana Clara Agapito

Links Recomendados:

http://www.umanovaera.com/conspiracoes/Quero_a_Terra_Mais_5.htm

http://www.youtube.com/watch?v=jc_MbNcIIcY&feature=player_embedded

http://www.youtube.com/watch?v=ephQ8Y8Srkw

http://www.youtube.com/watch?v=ramBFRt1Uzk

http://www.youtube.com/watch?v=zDZFcDGpL4U&feature=share

http://www.youtube.com/watch?v=KAzhAXjUG28&feature=youtu.be

http://www.democraciarealbrasil.org/?page_id=53

http://www.ren21.net/REN21Activities/Publications/GlobalStatusReport/GSR2011/tabid/56142/Default.aspx

http://www.youtube.com/watch?v=m-pgHlB8QdQ&feature=player_embedded

http://www.ted.com/talks/lang/por_pt/mark_pagel_how_language_transformed_humanity.html

http://correiodobrasil.com.br/midia-esconde-protestos-em-wall-street/304198/

15 de ago. de 2011

Temporal

Temporal

Aceitar o estado final de uma vida
Onde ao pó retorna os dias já vividos
O ciclo final da estrada percorrida
O término dos anos e dias já lá idos.

Observo do espelho o reflexo
Não vejo a mim, só a uma história
Um trajeto pouco complexo
Do que se recorda minha memória.

Sou a filha de minha mãe, filha de meu pai
Sou irmã dos meus irmãos,
Não os vejo não sei quanto tempo já lá se vai
Sou a sobra de meus pensamentos sãos.

Neta dos meus avós, nascida em minha terra
Sou o destino nas linhas das minhas mãos
Sou minha paz em meus tempos de guerra
Sou meus “sims” e meus “se-nãos”.

Sou pó em uma forma temporária,
Vou talvez ser lembrança um dia,
Frágil mas não temerária,
Sou o calor da minha futura cova fria.

14 de ago. de 2011

Vida e Morte

Ela queria de uma só vez dizer tudo que lhe ia no pensamento, no coração. Tantas emoções e reflexões haviam sido feitas que a profusão de palavras acabava por se tornar desconexa, era cada vez mais difícil de se fazer compreender. Desistiu.

Sentou-se com calma, chegando a conclusão que havia de encontrar maneira de demonstrar o que as palavras já não mais conseguiam traduzir. Ainda na postura tensa e firme que a cadeira dura de madeira exigia, estendeu para frente os seus braços, curvando suas costas até que suas mãos tocaram o assoalho do chão. Apoiou-se nos braços estendidos e rastejou para fora da cadeira, andando de gatas como se fosse animal, permanecendo com o rosto baixo sem tirar os olhos do chão que percorria.

Arrastou-se para o lado de fora da sala, descendo ainda de gatas os degraus que davam para o jardim descuidado, tocando com os dedos a terra ainda úmida do orvalho da manhã. Ao andar um pouco mais a frente, parou como se houvesse chegado a algum lugar, estendeu os braços erguidos sobre os quais ainda se apoiava como um animal a se espreguiçar, abrindo os dedos das mãos de forma que a terra os engolisse e as mãos se fossem enterrando num silêncio de contato e carícia.

Abaixou o rosto até que sua fronte tocasse a terra e as raízes escassas das moitas ainda sobreviventes manchando assim a pele clara de um misto de castanho e espinhos esverdeados. Virou com leveza o rosto como um gato que se enrosca para um afago, entregando o calor da sua face para a frieza do chão quase morto.

Esticou as pernas lentamente, uma e depois a outra, enquanto descalçava-se e fazia com que os dedos dos pés cavassem a terra e submergissem dentro dela. Deixou-se ficar estendida no chão como um cadáver pulsante, entregando seu calor e vida para a terra moribunda e gelada, enquanto com a suavidade de sua pele entregava carícias, promessas e afetos com a textura e cheiro da terra úmida e os milhares de organismos invisíveis dentro dela.

Entreabriu suavemente os lábios, entregou seus gemidos, seus suspiros e sua alma àquele pedaço de solo, na esperança de que talvez assim, o que suas palavras jamais conseguiram dizer sua atitude talvez o conseguisse.

Entregou sua vida ao chão, que recebeu imóvel e em absoluto e completo silêncio seu último suspiro, o último sopro de intensidade da vida que ali se esvaiu.

5 de ago. de 2011

Reverso

Eu não quero ver a vida passar

Sou tantas e mais tantas que mal posso contar

Carrego aqui dentro todo o universo

Um sonho num sono controverso

Carrego quem sou e quem queria ser

Aquela a quem eu deveria ir buscar

O saber do conhecimento perverso

A consciência que lenta vem amadurecer

Quem antes queria apenas acreditar

Na verdade e não em seu reverso.

4 de ago. de 2011

Presente

Olha só, eu não falei das rosas e como pode ser isso? Não falei das pétalas gigantescas que se abrem sem alarde, nem das gotas pequeninas de orvalho que ficam a tremular no vermelho intenso a refletir todas as cores e raios do sol que nasce em silêncio.

Nem falei do canto dos passarinhos, que tanto se fazem presentes em todo e qualquer dia, seja um dia bom ou menos feliz.

Não que eu tenha me esquecido de dizer tudo isso, pois claro que tal esquecimento não existe, mas talvez meus olhos tenham se virado noutra direção.

Não falei das cores do céu quando o sol resolve ir descansar, e nem das águas cristalinas que correm um passeio sem pressa para encontrar o mar. Mesmo o mar, como posso não ter dito nada sobre esse universo azul tão profundo, a casa de tantas almas e tantos corações? Acredito que as vidas não vividas encontram no mar seu repouso e esperança.

Mas não falei eu sobre nada disso, não é mesmo? Como se minha voz tivesse se voltado para dentro e calado em meu peito todas as minhas visões e verdades. Não contei sobre a alegria de animais brincando no tapete verde dos gramados, ou sobre a eternidade que se enxerga ao olhar para as árvores antigas e suas folhas ao chão...

Sem falar nada disso, como posso ter pensado que era eu capaz de dizer algo de valor? Ou importante?

Deixa-me ficar sobre a terra e ficar com meus pés dentro dágua, deixa-me olhar o céu e ver as nuvens passarem, que o agora é para sempre e também eu um dia vou passar, mas o agora passa nunca.

11 de jun. de 2011

Ostra

Chegar a um lugar e ver a estonteante paisagem tem um efeito, uma consequência. O cheiro de mar e maresia, o verde intenso da mata atlântica, o cantar de centenas de pássaros de diferentes espécies tem um impacto único, intenso, perigoso.

O mar imenso e azul, com ondas que não passam de uma pequena marolinha, o vento leve, suave, o sol a produzir pequenas centelhas prateadas sobre a água cristalina e os pés descalços a experimentar a temperatura da areia coroam o momento.

A tentação incontrolável de deixar a água abraçar a pele e sentir a temperatura do universo escondido sob a superfície fazem o resto.

Águas tão rasas que é possível andar metros e metros sem sentir o mar sequer chegar aos joelhos, avistar pedras a uma distância pequena, apenas sendo necessária uma pequena travessia, pé ante pé, para se chegar a um paraíso de conchas.

Como a história de que ostras que nunca sofreram impactos e ferimentos não são capazes de produzir pérolas, o risco de se ferir parece pequeno diante a paisagem que se possa avistar daquelas pedras mais distantes.

E assim, devagar e seguindo em frente, vou a caminhar pelas águas, tentando chegar ao outro lado para apanhar conchinhas solitárias na paisagem mais a frente.

E chego, com os pés descalços na areia formada por rochas que ao longo de anos e anos se desintegraram, subo um pouco, vejo a paisagem sem máquina fotográfica para registrar o momento da vitória.

Mas ainda há um caminho de volta a se fazer, caminho para se chegar ao porto seguro, à zona de conforto, ao que é tranquilo e confortável. A paisagem foi vista, o caminho feito – é hora de regressar.

Entro na água novamente, agora a pensar que talvez eu mereça um mergulho de corpo inteiro para sentir a água fresca abraçar-me por inteira. Mas não ainda, pois é raso demais para isso.

Sigo agora a pensar em fazer um caminho diferente, talvez mais curto, pois é possível ver que existe uma zona mais funda entre eu e a praia. Penso que é dar apenas alguns passos para a areia sob meus pés simplesmente desaparecer e assim eu poder nadar livremente.

Mas não chega a acontecer isso. A areia não desaparece, apenas sinto uma dor ligeira e cortante rasgar a pele que eu pensava grossa, calejada, resistente.

Não olho, pois é preciso ainda percorrer um bom caminho para poder parar.

Sigo a caminhar, sentindo a cada passo a dor ficar mais aguda, insistente, cortante. Sinto a areia e as pequeninas conchas entrarem mais na pele que eu acreditava grossa, e a areia fina raspar onde já pensei que não era possível doer ainda mais.
Mas sigo em frente, não olho e consigo sorrir – está tudo bem.

Saio da água sentindo a dor das conchas quebradas fazerem seu papel na pele já rasgada, sinto que o sangue parece descer do meu rosto, sinto meu estômago revirar-se em si mesmo – a dor é grande demais sequer para eu tentar ver.

Vejo sangue tingir a areia.

O importante é não parar, é seguir em frente, continuar a andar.

Uma ostra, um ser fechado em si mesmo, isolado do restante do mundo me feriu, cortou-me.

Ostras só produzem pérolas quando machucadas. Talvez, agora aquela ostra possa produzir a mais linda pérola já feita.

Talvez, agora também eu.

24 de mai. de 2011

My mess

I like the mess. I like this madness around me, cloths and things in the floor around. And the people who know´s me should be proud of this.
Because all this mess have a big meaning behind. When I started to clean this apartment was when I realized that house seems to look empty, and then I found out lots about myself.
This mess bring me the illusion of people, that same people I use to live with when I was just a little child.
This mess bring me the memories of the days I miss, that constantly noise around, that crazy, crazy and happy days. I like this mess. I really don´t like this empty spaces around, I hate it.
Maybe that´s why I always throw my shoes anywhere, and just leave the cloths in the floor, and maybe that´s why I hate so much when someone cleans all.
Let me keep my illusion, my sweet memories, my child inside myself. That´s my way to feed the little girl inside me.

20 de mai. de 2011

Jornada

Toda jornada tem um início e terá um fim. Se a jornada for boa, aquele que a começou nunca verá o fim dela, pois ao final terá se transformado numa outra pessoa. O mesmo acontece com as pessoas e os relacionamentos entre elas. As pessoas que o começaram nunca são as mesmas que eram depois de terem se relacionado.
Relacionamentos verdadeiros implicam em doação, em troca, em sentimentos. Tornamo-nos parte do outro, deixamos parte de nós no outro também.
O mundo não é parado, as pessoas não foram feitas para estacionarem-se no jeito que são – foram feitas para avançar, crescer, evoluir e ... mudar. O mundo muda. As coisas mudam. As pessoas mudam – e devem fazê-lo. E toda mudança assusta, dói. Mas não há crescimento sem dor, nem aprendizado que não valha a pena.
Enquanto muita gente procura por sucesso, riquezas, bens e poder – há algo mais simples e mais permanente à se buscar. Algo que sempre seguirá conosco, que não será perdido quando deixarmos de ser corpo e formos só espírito. São as coisas que aprendemos, a pessoa que ao longo do tempo nos tornamos.
E nos tornaremos exatamente a consequência daquilo que estivermos buscando. Isso digo eu, e realmente, digo acreditando/ sabendo o que digo.
As prioridades que tivermos na vida é o motor que impulsiona a nossa jornada. Os objetivos que tivermos é o que vai determinar os caminhos que tomarmos, o que vai nos levar a ser quem formos. Por isso, rever nossas prioridades, prestar atenção no que queremos e em quem somos é a maneira de escolhermos a pessoa que quisermos ser – e seremos.

27 de abr. de 2011

April 22 - May 1st

Few days ago I completed 32 years old. Not too much, not little. But more important was the gift I gave to myself, the right to do what I believe I have to do, the right to follow my own steps and act like myself.
And I realize I had left many things behind, not on purpose, not to hurt or disappoint anyone, I swear.

I just had to be myself, and I really sorry if being just what I am hurts someone. Was not my intention. But to me, makes no sense anymore to try to please people if this will against my believes, people have to be responsible for they're choices and consequences. Can be funny, or looks like foolish, but I'm not using masks, believe it or not.

And this makes me very lonely sometimes, but makes me exactly who I am.

For sure I have my story, my family, my husband, my friends and all the people who makes part of my life. And this really special people help me to build the person I am. Maybe, was too hard for those I love to understand me sometimes, my silences, my choices, my view of life. I appreciate and I thank with all my heart with one of attempts those incredible people made to understand and respect my choices and my free will.

I learned that the people really loves us, stay with us, doesn't matter how far we are, how quiet ore silent we are, or even how right or wrong we are. That people can see us, can accept us.

To me, I gave myself the most important gift I could. I was in the middle of nowhere, sometimes with some snow, sometimes with lots of sun, but with myself. Some people called me to congratulate me for my years, some people wrote some lines, some people do nothing, and even in this nothing I know they where there.

I give to myself the understand about what is really important and necessary to me, and the truth of my way to feel, to believe, to be is what I discovered.

I accept the fact I really don't know anything about the future, and I won't try to control anything. I can accept (and I can say this from the deepest of my heart) people exactly like they are, I won't put any expectations, desires, fears of mine in anyone's shoulders, I won't live anyone's life, I won't be anyone except myself, and I will accept just the same.

I can understand the opposite, but this doesn't mean I will agree with that.

Everyone is free to be what they are, to believe in its own believes, and share the life and the freedom to really love, accept and respect the others.

If you could know yourself, you will know what's makes sense to you and what is don't, you will be capable to make your choices by yourself and deal with the consequences of that.

I don't know about the future, but I know about the present date, about me and the things are important to me. I know what I can accept, what I can't.
I know who I am. For those that I love and can deal with such a thing like me, thank you for exists and make my way less lonely.
I love you for that.

About the future, about my husband, my family and my friends, I just know I´m here, I am what I am, full of hope, love and believes that with one of us can always be better, be more, and in the name of this love and friendship, conquest a beautiful life.

Our road is here, just here in front of us, and depend on us to walk through it.

9 de abr. de 2011

Jade

Sonhei com você essa noite, minha querida, minha flor, minha filha.
Sonhei com você essa noite e lá chovia, chovia tanto que até daqui eu sentia.
Sonhei que você tinha frio, e que não comia.
Fui te procurar, te vi num buraco de lama a nadar.
Não precisei te chamar, você me viu, você veio, encostou-se em mim, enlameada e fria.
E aí você estava feliz, era de novo alegre, pequenina, muito suja mas já quente.
Foi quando falei seu nome que uma senhora me contou, que seu nome agora já não era aquele, mas que você chamava-se agora Notícia.

20 de jan. de 2011

Caminhos

Caminhos vamos abrindo conforme andamos. Não existem traçados feitos, respostas sabidas com antecedência, clarividências ou adivinhações. No máximo, supomos. Na melhor das hipóteses, damos o melhor de nós mesmos ao caminhar e ao escolher as estradas que desenhamos. Conforto, aconchego, segurança mesmo é algo que encontramos quando paramos de andar e abraçamos aqueles que seguem conosco, por onde quer que andemos.

Os caminhos são incertos, os destinos supostos, mas o abraço sempre pode ser dado, sempre podemos escolher quem nos acompanha, esteja perto ou longe, ao alcanse das mãos ou apenas do pensamento. E mesmo havendo distância, sempre é possível fecharmos os olhos, respirarmos bem fundo, esvaziarmos a mente e sentir aquele abraço caloroso, reconfortante, abençoado.

E quando fazemos isso, quando nos permitimos fazer isso e dar esse abraço, o caminho está certo, o tempo está correto, sentimos gratidão pelos passos dados, pelas escolhas feitas, perdoamos nossos possíveis erros e falhas e damo-nos uma nova chance, uma nova certeza, uma nova fé e renovada esperança.

Nossos passos são a história que construímos, desenham junto com as pegadas deixadas para trás a personalidade de nós mesmos, que vai se fazendo devagar e sempre.

Hoje, abraço meus amigos, minha família, meu amor. Abraço tambem a mim mesma, e olhando para cima, agradeço, agradeço, agradeço.

Nem todos os passos são fáceis, nem todo caminho é plano, mas é o meio de chegarmos a ser quem somos.

Hoje, pai, abraço você, agradeço a você não por uma ou outra coisa, mas por todas, por nossa história e por minha vida.

Feliz aniversário! Te amo!

4 de jan. de 2011

#4

Há que se aprender a endurecer. Se possível, endurecer e ainda ser capaz de sorrir. Se conseguir, endurecer e ainda ser capaz de amar, de dar de si mesmo sem desconfiar. Há que se criar uma casca, um calo, mas se der, ainda ser capaz de sonhar, de cantar, de acreditar.

23 de dez. de 2010

Feliz 2011

Enxergamos aquilo que queremos ver. Deixamo-nos guiar por nossos sonhos e expectativas, ainda que não consigamos percebê-las de todo. Nossas atitudes são fundamentadas em nossas crenças, e, principalmente, naquilo que queremos acreditar como verdade. Acredite que seus projetos são viáveis, e você caminhará para viabilizá-los. Acredite que não são, e você não sairá do lugar. Acredite que as pessoas em seu trabalho não te aceitam, e você se verá atuando para ser aceito independente da realidade ser ou não a que você acredita.
Acredite que há cura, e você caminhará para encontrá-la. O maior universo existente é aquele que criamos para nós mesmos. Acredite que alguem se preocupa com você, e você se verá o tempo inteiro tentando tranquilizar essa pessoa, talvez, até o ponto de perder seu próprio sono.
Acredite que pode, e você poderá até morrer tentando. Acredite que não é possível, e você não conseguirá dar um passo sequer.
Já estive em um tempo onde acreditei que são as nossas atitudes que nos definem como pessoa, porém, hoje sei que o que define nossas atitudes são as nossas crenças, portanto, é no que acreditamos que nos faz ser quem somos. O fantástico é percebermos que temos o poder de escolher no que acreditamos, assim sendo, temos o poder de escolhermos a pessoa que somos e seremos.
Aproxima-se um novo ano, onde muita gente se vê diante de resoluções de ano novo, tudo o que pretendem fazer, mudar e criar no ano que vem. Mas digo, correndo ainda o risco de ser prepotente, que nada mudará, se não mudarem suas crenças. Planos para mudar de emprego, de cidade, de fazer exercícios, de se alimentar melhor, de ser mais aberto, de seja lá o que for, cairão por terra se você não puder acreditar que é capaz ou que existe um sentido em se fazer qualquer uma dessas coisas. O que você acredita ser capaz e o que você acredita ser importante são o que te define como pessoa, são o que define as fronteiras de suas capacidades.
E embora exista um limitação por sermos humanos, simplesmente humanos, a sua definição do que é ser humano pode te levar por fronteiras longínquas e infinitas, ou te fazer paralizar no exato lugar em que você está nesse instante.
Sim, a fé remove montanhas. E pode até movimentar a nós mesmos.
Feliz 2011.

9 de dez. de 2010

Feliz Natal

Mais que um Natal feliz, onde as pessoas que se gostam estejam juntas e compartilhem de doces momentos e refeições, desejo um Natal pra dentro de cada um, onde se reconheçam os valores individuais das coisas realmente importantes, onde renasça a confiança em si mesmo, onde a caridade e boa vontade possam existir sem bloqueios, ressentimentos, tristezas ou culpas.
Que nesse Natal, cada um possa olhar pra si mesma e renascer, renovar a autoconfiança, o amor próprio, reconhecer seus próprios anseios, desejos e expectativas sem medo das coisas que vai ver.
Que as pessoas que decidam estar juntas realmente estejam, não com ilusões e fantasias, mas com o coração e alma presentes. Que a realidade faça parte da festa.
Desejo que as prendas não sejam importantes, a não ser aquelas prendas que a gente mesmo se dá, as chances e oportunidades que damos à nós mesmos e as pessoas que nos são importantes.
Que o Natal sirva como o preparo do terreno para o novo ano, e que este venha de encontro com a verdade de cada um.

4 de dez. de 2010

Consciência

Não sou mais a mesma, e me pergunto quem é.
Acho que mesmo as árvores que permanecem sempre no mesmo lugar acabam por sofrer também suas transformações. É muito mais uma questão do quanto estamos conscientes de todas as mudanças que acontecem conosco. As vezes pode parecer que muita coisa aconteceu mas que estamos parados no mesmo lugar, o que é na verdade só uma impressão. Mesmo quando nada acontece, acontece alguma coisa, ainda que seja só lá dentro da gente. Nossa disponibilidade para estarmos conscientes de tudo isso que é a grande diferença.
Claro que estarmos apenas conscientes não é por si só uma solução ou uma resposta, mas ajuda. Ajuda a gente a se perceber, a sabermos quem somos, aonde estamos e o que queremos, que é o primeiro passo para buscarmos seja lá o que for.
Também acontece muitas vezes da gente pregar peças a nós mesmos, nos acomodando em situações e até imaginarmos que queremos alguma coisa só por não conseguirmos encarar conscientes a verdade de que podemos querer uma outra coisa. Daí a importância de estarmos conscientes.
E é preciso coragem para a consciência e suas conseqüências. É preciso reconhecermos nossa pequenez e grandiosidade, nosso céu e nosso inferno. No meio do caminho, conquistamos um dos bens mais preciosos que pode existir. A verdade.

23 de nov. de 2010

# 3

E já não sei se o que dói é por ser noite, por ser dia,
Se é o descanso ou se é a poesia,
A distância ou a melancolia.

18 de nov. de 2010

Pintura

E no quadro uso o amarelo gasto da sede para preencher os contornos das lembranças doces que são as raízes da minha alma, uso o azul do mar da Ponta da Praia para colocar os contornos nas ruas estreitas de Lisboa, uso também cor nenhuma para representar o vento que sopra sempre, e entre os retratos de olhos uso o castanho para pintar o tronco das árvores que ficam às margens do lago cada vez mais profundo.
Faço manchas na tela que representam as mãos envelhecidas dos abraços ternos e quentes, coloco imagens que para ninguém além de mim pode fazer sentido, como as palavras que escrevo que não possuem outra tinta senão a minha própria.
Deixo passar o tempo como que para fazer um efeito de betume por cima, sei e reconheço o que fica para trás e percebo o pouco espaço que fica para novos desenhos, rabisco por cima, reescrevo, re-invento, mudo as cores, mas as antigas permanecem como pano de fundo, a música que não para de tocar, o som constante que não aumenta, que nem mesmo está lá, mas que continua a tocar como que na cabeça da gente...

Vácuo

São cinco da tarde, me parece ser cinco da manhã. Mais que horas trocadas, troquei também os dias, as estações do ano, o pensar, o querer e o sentir.
Se fosse madrugada, era uma madrugada daquelas onde se pensa em mergulhar em silêncio e reflexão, talvez escrever cartas falando de saudades e de solidão. Mas são cinco da tarde, e não é madrugada nem tão pouco dia, é o instante entre uma e outra coisa, onde o relógio se perde e não há definição de tempo ou de espaço.
Um mergulho no abismo do infinito, uma pausa no correr da vida e dos dias, um buraco negro que não pertence a nenhum mês, nenhum ano específico.
Saõ cinco da tarde e podia ser qualquer hora, qualquer dia, qualquer ano e qualquer lugar.
Um espaço à parte. Um mundo à parte.
Não existe nada lá fora que não exista cá dentro.
Um suspiro, um inspirar e um expirar no silêncio e tempo imóveis.
Tudo passa, só não passa o que é, o que sou, que acompanha imutável a mutação em torno de mim.
Tudo e nada numa coisa só, que é em mim.