18 de nov. de 2010

Vácuo

São cinco da tarde, me parece ser cinco da manhã. Mais que horas trocadas, troquei também os dias, as estações do ano, o pensar, o querer e o sentir.
Se fosse madrugada, era uma madrugada daquelas onde se pensa em mergulhar em silêncio e reflexão, talvez escrever cartas falando de saudades e de solidão. Mas são cinco da tarde, e não é madrugada nem tão pouco dia, é o instante entre uma e outra coisa, onde o relógio se perde e não há definição de tempo ou de espaço.
Um mergulho no abismo do infinito, uma pausa no correr da vida e dos dias, um buraco negro que não pertence a nenhum mês, nenhum ano específico.
Saõ cinco da tarde e podia ser qualquer hora, qualquer dia, qualquer ano e qualquer lugar.
Um espaço à parte. Um mundo à parte.
Não existe nada lá fora que não exista cá dentro.
Um suspiro, um inspirar e um expirar no silêncio e tempo imóveis.
Tudo passa, só não passa o que é, o que sou, que acompanha imutável a mutação em torno de mim.
Tudo e nada numa coisa só, que é em mim.

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