15 de dez. de 2011

Caminho


Tenho que aprender na prática, as coisas que dentro de mim eu já sei. Tenho que me lembrar de que por mais difícil que às vezes seja o caminho, não existe nenhuma “chegada” que seja importante, mas a forma com que eu dou meus passos.

Preciso ter em mente, que por melhores e mais importantes que sejam as pessoas que eu encontre enquanto caminho, também elas tem um caminho a seguir, e outras paisagens para descobrir, assim como eu.

Tem muita coisa que preciso aprender a respeitar e entender sobre mim mesma, e que nem sempre o que me parece certo, será certo para quem estiver a minha volta.

Todas as escolhas e decisões que são feitas sempre envolverão riscos, e perdas. E nenhum “ganho” será certo, a não ser o ganho da experiência, da consciência, e o olhar para as paisagens que eu, por mim mesma, for capaz de descobrir.

Muitas coisas ainda preciso aprender, e não quero carregar dentro de mim sonhos, esperanças ou expectativas que só se tornarão pesos em minhas costas enquanto caminho.

Preciso aprender a encontrar meu próprio ritmo de caminhar, e para isso, devo tornar-me o mais leve que eu puder.

Preciso aprender e a reconhecer que a falta de esperanças, de expectativas e de sonhos não é dor, nem ausência de força ou motivação, mas aceitação e espaço para saber apreciar a beleza existente nas menores coisas e que estão sempre a nossa volta.

O que peço durante minha caminhada, é que eu não me torne tão dura que não seja capaz de reconhecer a doçura, e nem tão sem defesa que a mínima brisa possa me fazer perder a coragem de prosseguir.

Que eu seja capaz de dentro deste silêncio, encontrar meu próprio equilíbrio e prosseguir meu caminho.

Verdade


É desassossego o que eu carrego na alma. Desassossego por não concordar com o que é nos imposto como certo, quando somos capazes de descobrir por nós mesmos o que nos faz sentido.

A análise constante sobre cada ato, cada passo, cada ação ou reação que eu tenho, as motivações que se escondem por trás das minhas próprias justificativas e o me saber capaz de fazer melhor são meus guias.

É esse mesmo desassossego, essa mesma inquietação e a minha incapacidade de conformar-me comigo sendo menos do que o meu “potencial para ser” que me fazem encontrar em mim mesma meu refúgio e conforto e também o meu próprio inferno.

O mundo que nos rodeia nem sempre foi “moldado” por nós, mas por todos aqueles que estão a nossa volta e que aqui estiveram antes de nós. Aceitarmos as coisas que “já vieram prontas” tanto pode ser uma sabedoria para proporcionar certa paz de espírito e calma, como pode ser o refúgio e a desculpa para não lidarmos com nossos próprios receios.

Deixo como exemplo uma reflexão.

Não são os nomes, títulos ou conceitos que nos fazem relacionarmos com as pessoas. São o nosso carinho, respeito e afinidade por cada pessoa que está a nossa volta. Ninguém tem a “obrigação” de romper uma amizade por ter se sentido incompreendido, ninguém “precisa” brigar por se ter sentido ofendido.

Isso são “conceitos”.

E como pessoas, somos mais que os conceitos que nos ensinaram. Somos capazes de aprendermos a “ler” nossas próprias verdades e o que nos vai ao coração.

Pode-se mudar o “nome” das coisas, o sentimento só “precisa” mudar se for essa a nossa escolha. Não há verdade nem importância maior do que aquelas que carregamos dentro de nós.

“O caminho faz-se ao caminhar”, mas para que sejamos capazes de traçar nossos próprios caminhos, é preciso aprender a ter a coragem de comandar nossos próprios passos.

11 de dez. de 2011

Maturidade


Sou, sem dúvida, a pessoa mais “imatura” que conheço. Para mim, respeito é importante, tanto quanto o amor e quanto o apoio.

É uma grande “imaturidade” a minha, pois sou daquelas pessoas que acredita que quando se ama, se quer o bem do ser amado, se quer a felicidade do mesmo.

Uma grande, enorme “imaturidade” a minha, porque acredito que o importante quando uma decisão difícil é tomada, é ouvir algo como “só quero que você seja feliz, conte comigo para o que for preciso”. Mas isso é bobagem, é só parte da minha imaturidade.

A mesma “imaturidade” que me diz que apenas nós mesmos podemos conhecer aquilo que nos vai na alma, no coração, e qual o melhor caminho que podemos trilhar.

Essa mesma “imaturidade” é o que me mostra quantas vezes as pessoas preferem “conhecer a verdade e as melhores alternativas” do que apenas oferecer um abraço, um conforto.

É também, essa “imaturidade” que me faz acreditar que às vezes, o caminho solitário, fechado, vazio, é o mais certo, pois não está sujeito às analises, julgamentos, aprovações ou “sugestões” do que e de como as coisas deveriam ser.

Essa “imaturidade” também me faz sentir uma solidão que é irremediável, a solidão que se sente quando o que se tem são “julgamentos” sobre as coisas ao invés de uma mão que se estende.

Por ser assim, tão “imatura”, já desisti de contar com compreensão, e sinto como se apenas um “boa sorte” já fosse suficiente, não acredito que eu fosse precisar muito mais do que isso.

Sou “imatura” demais na minha visão do que é o amor, e de como ele deveria ser. Sou “imatura” demais nas questões da vida, ao reconhecer que do futuro, nada, absolutamente nada eu sei.

“Imatura” o bastante, para reconhecer que não sei nem o que será de mim mesma, quanto mais para “tentar” saber o que seria melhor para outra pessoa.

E por ser assim, “imatura”, “infantil”, e viver uma espécie de “adolescência tardia”, penso que as pessoas fazem todas, apenas o melhor que podem, e na minha imaturidade, amo cada uma delas com todo o meu amor, sem que a minha visão de como as coisas “deveriam ser” seja maior do que o respeito ou o amor que sinto por elas.

E assim, na minha “loucura”, na minha “inconsequência”, desejo que as pessoas sejam sim, sempre, o mais feliz que puderem, que se permitam “quebrar as regras” do que pode parecer ser o mais “certo”, para que se lembrem, ao menos uma vez ou outra, de serem elas mesmas.

6 de dez. de 2011

Meu mundo


Eu vi um mundo diferente, uma vez.

Olhei através de uma fechadura, e vislumbrei um universo de possibilidades, cores, formas e belezas que me fizeram perder o fôlego e alterar toda a minha realidade.

Eu vislumbrei por uma fresta o potencial de uma humanidade diferente, de tudo que poderia ser real e possível, se nos concedêssemos o direito de “ousar”.

Talvez esse universo seja o mesmo que eu via quando criança, e que me fazia rir tantas vezes sozinha.

Ao longo do tempo, talvez por ter aprendido a duvidar, as portas e frestas se tornaram distantes, esquecidas, até novamente eu me deparar com as possibilidades que eu havia aprendido a esquecer.

As possibilidades sempre estarão à nossa frente, sempre existirão frestas à espera de serem redescobertas, mas é preciso coragem para olhar por elas, é preciso deixar de lado o que aprendemos e nos permitirmos não saber mais, apenas descobrir.

Eu vi um mundo diferente, repleto de possibilidades e de cores. Um mundo tão diferente e tão fantástico, onde nenhum sentimento que não fosse repleto de beleza e plenitude poderia entrar. Um mundo não de imaginação, mas de um real até então apenas imaginado nos sonhos mais loucos e incríveis.

Eu vi um universo por trás de uma fechadura, e fiquei como um louco que anda a beira de um precipício, me perguntando se valeria mais a certeza do chão sob meus pés ou se o salto poderia se transformar num vôo de liberdade, ainda que eu me reconhecesse sem asas.

Quando algumas coisas são vistas, descobertas, não há caminho de volta. Não há retorno possível. “A mente que se expande com uma idéia jamais retorna ao seu tamanho original” já dizia Einstein.

É como escalar uma montanha, ou andar através de deserto. Quando se está no meio do caminho, a única opção possível é seguir em frente.

Todas as nossas escolhas nos levam à consequências, algumas mais previsíveis, outras menos. A única forma que temos de evitar arrependimentos ou escolhas erradas, é seguirmos as escolhas dos nossos corações, da nossa própria verdade.

E a minha verdade, é a de um universo colorido, onde eu tenho asas e os elefantes são cor de rosa e cantam sorrindo.

23 de nov. de 2011

Algumas Reflexões (Parte II)

PARTE II

Partindo desse princípio, de que uma “democracia” que possibilita oportunidades diferentes para diferentes pessoas deixa de ser uma democracia, e que a “igualdade” e “direitos iguais” funcionam apenas em teoria, que enquanto uns tem muito e outros tem pouco, o que fazer?

A nossa economia e nossa sociedade foram estruturadas nesses valores. A distribuição de possibilidades, estruturas e bens se faz conforme o poder econômico que cada pessoa tem.

Mas será possível alterar tudo isso? Se nos mudássemos todos para uma ilha deserta, sem comida ou água ou contato com o continente, mas tivéssemos conosco uma grande quantidade de dinheiro, isso mataria nossa fome ou nossa sede?

Nossas necessidades reais não são de “dinheiro”, mas de recursos. Recursos como abrigo, comida, água, educação, saúde. Se ao invés de uma distribuição econômica, houvesse uma distribuição de recursos? Como seria?

Esse conceito existe, é possível e está cada vez ganhando mais força ao redor do mundo, é o que chamamos de uma “Resourced-based economy” (RBE) ou Economia Baseada em Recursos – EBR.

Imagine a possibilidade de viver com acesso aos recursos necessários para sua sobrevivência e a de sua família, inclusive recursos tecnológicos. Tecnologia, ciência, educação, abrigo, alimento, saúde, transporte.

Não apenas para “sobreviver”, mas de forma a obter uma qualidade de vida realmente alta. Esses recursos existentes hoje no planeta são suficientes para atender toda a humanidade.

Por que então não atende a todas as pessoas??? Porque a distribuição desses recursos atualmente se faz com base no poder econômico das pessoas...

Quando paramos para pensar sobre isso, é difícil não se sentir indignado, revoltado... Daí surge manifestações, protestos, conflitos.

Mas quando paramos para pensar um pouco mais sobre isso, e usamos a história como ponto de partida, vemos que muitos governos e economias já passaram por reformulações e revoltas, e mesmo assim os problemas continuaram...

O capitalismo e a forma com que a “democracia” hoje é praticada tem uma característica peculiar... molda-se, transforma-se, mas acaba por prevalecer.

Pois bem, as propostas de uma Economia baseada em Recursos (EBR) não implicam em qualquer conflito, pelo contrário. Implica em educação, conscientização, informação.

Não se trata de um número de pessoas “impor” para outras pessoas aquilo no que acreditam – isso é uma forma de opressão, seja para um ou outro lado.

Como resolver esse impasse que vivemos atualmente então? Bem, fazendo um “trabalho de formiga”.

Não é ao “recrutar” pessoas, convencê-las, “manipulá-las” que a consciência e comportamento irão mudar. É educando.

Mas enfim, isso dá um trabalho enorme, exige dedicação, paciência, doação... Não é uma “coisa” para qualquer um. E com certeza não é para quem quer uma resposta “agora”, uma solução “já”.

Se o que queremos é uma igualdade, uma distribuição igualitária de recursos e oportunidades para as pessoas, as pessoas tem que ser igualmente informadas e estarem igualmente conscientes. Ou, sem hipocrisias aqui, estaremos a manipular, oprimir, impor.

Somos responsáveis pelas nossas atitudes e por nossas escolhas. Podemos escolher nossos caminhos, mas responderemos igualmente seja pelo sucesso ou pelo fracasso do mesmo.

O que queremos? Estarmos nós no topo da pirâmide, ou que deixe de haver pirâmides?

18 de nov. de 2011

Uneasiness

Unrest, uneasiness means “desassossego” in Portuguese.

A constant feeling, when you can’t agree with all the structures and systems around you. When you know, just inside you, we can do more, we can be more, we can be better and live in a better way.

Let me ask a question here. If you right now can have one wish realized, just for yourself, with one will be? What do you want to get right now? Just make your wish before continue reading this.

Do you know that constantly search about who we are, and who we can be? Why we are constantly fighting for more, just to satisfy our ego, our wishes, our needs? What we really need? More money, more space, more “status”? A bigger house, a better car?

This is all our “ego” needs - not our really needs. I don’t know any human who doesn’t need a safe place to live, healthy food and water, some peace, happy and love in their hearts.

So, why we pretend “things” are more important to us then the way we feel? If you feel right, and happy, full of hope and love, you won’t care about money, cars, houses or “things”.

When you are sharing some time with your people, your friends, laughing and talking, you are not worried about problems and situations you may have to solve. You are just “enjoying” your life, your time in this world. In these moments, you are just being yourself.

And it’s so hard “just be yourself” when you are worried… worried about your financial problems, work, health, family, etc.

In these times, you try to have a strong and acceptable behavior, to “inspire” others to respect you, accept you, and give to you what you need. Maybe a job promotion, maybe a loan, or just better serve you in a hospital, shop, bank, etc.

You try to “convince” them you worth their trust, to make them get a nice behavior with you. But do you trust them, being exactly who you are? Showing them why you may be worried, why you need them for?

Probably don’t. Why? Why we can’t show we are vulnerable sometimes, our weaknesses, our fears?

We learn in all our lives we have to be competitive, better than the others to deserve more than the others. To get better opportunities, we have to be the best one in our jobs, in our class, in our life.

Recognize that you may not ever get all the answers, shows that you are incompetent in something.

Why’s that? Everyone knows it’s impossible to know everything. Everyone knows we can fail sometimes, and we will sooner or later make some mistakes. Everyone knows we aren’t machines, that we have feelings, problems, etc. So, why we can't show all that? Show us like we really are, like we are really feeling, thinking, wanting?

When you recognize you have some weaknesses, it’s easy to accept the other ones weaknesses too.

When you learn how to love yourself, it’s easier to love the others, and just accept them the way they are.

You stop try to change yourself, and stop trying to change the others around you.

Imagine that… to live like that. Without trying to “convince” anyone that you “deserve” something.

And now, if you can make your wish again, what do you want to ask for?

15 de nov. de 2011

Consciência

Envergam-se as pernas, já não suportam mais nenhum peso. Tremulas, não erguem nem a si mesmas. Dobram-se sob o peso das expectativas, sonhos, ilusões. Derrotadas, não sustentam o peso que tentaram carregar. Não parecia peso, parecia caminho, parecia escolha... As armadilhas que criamos sem perceber... Simplesmente as pernas não se levantam, não encontram equilíbrio, não possuem mais força. Com uma voz de comando, a cabeça manda firme, resoluta: “Levantem-se! Ergam-se!” - mas nenhuma reação de resposta se apresenta. Os olhos, surpresos, arregalados, estupefatos, olham sem compreender. As mãos, timidamente, procuram sustentar a si mesmas e ao resto do corpo, vergado sobre elas. Trêmulas e surpresas, percebem que já não possuem também qualquer força, ficando ainda mais surpresas quando se dão conta do tremor cada vez mais intenso. O coração, acelerado, desesperado, pulsa num ritmo fatal. Instala-se o pânico, o pavor. Um sussurro vindo de algum lugar lá de dentro, também surpreso, mas tentando manter a calma, reage: "Não há o que fazer, esgotou-se. Não há força, não há sustentação" - Tenta conformar-se. O corpo cai inerte e consciente, atento e moribundo. Não há o que fazer, o choque toma conta de cada poro, de cada membro, cada músculo. A consciência existe independente da ausência de qualquer fibra, de qualquer força, de qualquer vida. O corpo desiste, naufraga, morre. Após o susto, a consciência persiste. Sobrevive. Pelo choque e pelo susto nem se deu conta que continuou. E continua.

25 de out. de 2011

Algumas reflexões (Parte I)

PARTE I Geralmente depois que escrevo alguma coisa fico a pensar que o que eu escrevo é na verdade bastante óbvio. Então, me pergunto o que me faz escrever sobre o que é óbvio. Escrevo porque parece que ainda que seja óbvio, a diferença entre o que se sabe na teoria e na prática parece ser cada vez maior... Vamos vivendo nossas vidas, nosso dia a dia cada vez mais ocupados e preocupados com nossa sobrevivência, nosso sustento e nossos objetivos. E tem mesmo que ser assim. Mas acredito existir a possibilidade de um equilíbrio entre o que são nossas ocupações, nossa luta por nosso sustento e sobre a pessoa que somos. Por que será que muitas vezes esquecemos de olhar para nós mesmos para podermos “cuidar” de nós? Não consigo aceitar que a ignorância de quem realmente somos seja a única alternativa possível para nossa sobrevivência. Isso não faz qualquer sentido. É como se passássemos a vida a seguir um caminho, sem sequer nos darmos conta do lugar em que estamos ou do que realmente queremos. Passamos a vida a buscar, não a viver. Vamos ao trabalho, às compras, aos compromissos. Vamos e vamos. Sempre a ir. Mas lembramos de nós pelo caminho? Lembramos mesmo de quem somos, daquilo que queremos, do que buscamos para nós? Lembramos-nos dos nossos sonhos, desejos, ideais, propósitos? De alguma forma, é como se mantivéssemos uma espécie de “piloto automático” para a vida. Mas a vida passa, e queremos passar mesmo por ela em modo “automático”? Não acredito que alguém realmente possa querer isso. Não se realmente chegar a pensar sobre isso. E existe alternativa? Existe, existe sim. A dificuldade disso é que ao longo do tempo de nossas vidas passamos por algumas “formatações”. Através daquilo que nos ensinam desde nossa infância e também na escola, no trabalho, no nosso círculo de amigos e família. Fomos “formatados” para nos destacar, para fazermos bem nossas obrigações, nossas responsabilidades. Para sermos realmente bons em qualquer coisa que façamos, isso para não dizer que se quisermos “vencer”, temos que ser os melhores. Um comportamento essencialmente competitivo, que hoje e cada vez mais se reflete nas coisas mais simples. Se você quiser ter muitos amigos, seja sempre alegre, simpático. Se você quiser reconhecimento, seja o melhor aluno, o mais empenhado e estudioso. Se você quiser se destacar no trabalho, seja o mais competente, o mais dedicado. Se você quiser parecer bonito (a), use as melhores roupas, tenha o melhor corpo, cuide bem da sua aparência. Estamos mesmo a falar de seres humanos? Que valores são esses?? São valores que fomos ensinados (formatados) para ter, afinal, nos ensinaram sobre a lei do mais forte, sobre o quanto nossa sobrevivência depende de sermos os melhores para termos as melhores coisas e conquistarmos os melhores lugares. Mas isso não é a verdade sobre a essência do ser humano. Essa apenas é a verdade sobre a essência do capitalismo, da falsa “democracia” em que vivemos, do ambiente e do sistema que temos a nossa volta. Não é de admirar tantas pessoas a se sentirem “sós” e refugiarem-se cada vez mais em tecnologias como redes sociais virtuais, jogos virtuais e coisas do gênero. Não há democracia alguma nisso, quando o “peso” da opinião de uma pessoa varia de acordo com o “poder” que essa pessoa possui. Isso passa longe de qualquer conceito ou ideia de fraternidade, de igualdade, de “bem comum”. Mas as coisas são um pouco mais profundas que isso. Esse comportamento está mais enraizado em nós do que isso. O que supostamente nos diz sobre a igualdade entre os homens também é o que promove o julgamento de uns para com os outros. Aquilo que deveria nos fazer vermos uns aos outros como iguais e irmãos é o que nos faz sentirmos superiores ou melhores que aqueles que supostamente nos são iguais. Que valores são esses?? Se hoje eu sei ou posso mais que outra pessoa, não é porque eu sou melhor. É porque tive oportunidades que a outra pessoa não teve. E se somos iguais, se vivemos democraticamente, como podem existir oportunidades diferentes para uns e outros? Como pode haver fome e falta de abrigo? Que sistema “democrático” é esse? E tudo isso seria redundante, e esse tempo que estou aqui escrevendo seria só mais um desfilar de palavras óbvias se não existisse solução. A solução existe, a dificuldade é que a solução implica trabalho. O custo da solução é termos coragem de abrir mão da nossa zona de conforto apática e hipócrita, o custo de revermos nossos conceitos sobre as coisas que nos ensinam desde que viemos ao mundo. O custo é pensarmos por nós próprios e não “comprar” pensamentos prontos que já vem manipulados com interesses específicos e arcaicos. Pensar por nós mesmos dá trabalho, e porque teríamos esse trabalho se temos todos os pensamentos e conclusões já feitos para nós “sob medida”? E que tal se pensarmos por nós mesmos uma vez que o que existe “pronto” simplesmente não funciona mais? E não funciona mesmo, quando se vêm pessoas sem abrigo a morrer de frio ou de fome – estando ou não diante dos nossos olhos. Também não funciona quando existem pessoas a lutar e a morrer na defesa dos ideais de uma minoria. Não funciona quando a sociedade doente se reflete nos índices de criminalidade, de baixa escolaridade, de filas nos hospitais. De doenças no corpo e na alma. É uma enorme conformidade e um estado por demais apático não tomarmos esses fatos como reflexos de uma sociedade doente. E sim, podemos continuar a fazer uso de paliativos, acreditando que cuidarmos apenas do nosso dia a dia e de nossa sobrevivência é o remédio para essa doença. Mas podemos também buscar a causa, ao invés de ignorarmos a doença mascarando apenas a dor que nos atinge. (Continua)

1 de out. de 2011

Vulnerabilidade

Adquiri esse hábito esquisito de me fazer sempre perguntas que de alguma forma me ajudem a identificar minhas motivações, vontades, ideais. O propósito disso é tentar de alguma maneira estar o mais “consciente” possível sobre minhas próprias atitudes e seus “por quês”, minhas escolhas e consequências.

Comecei também a observar com um pouco mais de cuidado as questões políticas, sociais e econômicas que existem a minha volta e tambem espalhadas pelo mundo. Não somos uma “espécie” que tem atitudes sem propósitos ou sem motivações por trás. Até ousaria dizer que a nossa “natureza humana” é de certa forma a fonte das nossas motivações – seja para nos fazer acordar e ir trabalhar todos os dias, seja para nos juntarmos para realizar trabalhos voluntários ou mesmo sentar no sofá para assistirmos televisão.

Deixando de lado um pouco a questão da natureza humana e as razões que fazem cada um de nós nos movermos (seja lá para o que for), muitas vezes o deixar de prestar atenção àquilo que nos motiva nos torna cegos para as possíveis consequências daquilo que fazemos ou que deixamos de fazer.

Essa “cegueira” ou “não consciência” existe tanto em nossos assuntos pessoais quanto profissionais, sociais e também políticos.

Somos como engrenagens dentro de engrenagens maiores, e quando “ligamos” nossa forma “automática” de fazermos as coisas e vivermos o nosso dia a dia, de uma forma estamos a “desligar” nossa consciência. Fica fácil quando isso acontece nos surpreendermos com fatos, atitudes ou comportamentos dos outros, eventos e etc que seriam facilmente previsíveis se estivéssemos despertos. Atentos.

Não estou aqui a pretender dizer que podemos de alguma forma prever o futuro ou termos a capacidade de controlar os acontecimentos. Nem tudo está ao alcance de nosso controle. Mas podemos sim controlarmos a nós mesmos. Tomarmos maior responsabilidade por nossas vidas, nossas escolhas e os resultados daquilo que fazemos e acreditamos.

Não sou possuidora de todas as respostas, muito menos sobre o que é certo ou errado para as pessoas além de mim. Mas sou sim detentora do que é para mim a minha própria verdade, daquilo que é correto para mim e daquilo que eu escolho acreditar.

Digo isso depois de algumas vezes ouvir sobre a minha possível arrogância e prepotência. Se de alguma maneira eu esperasse “impor” minhas opiniões para os outros, ou fazê-los ser como eu sou, veria-me obrigada a concordar com esses rótulos. Não é o caso.

O que me motiva agora em plena tarde de um agradável sábado a sentar e a escrever é a esperança e a crença de que o ser humano é essencialmente bom e capaz de usar o raciocínio próprio e individual para seu próprio benefício, desenvolvimento e crescimento. O que quer que isso represente para cada um.

Para que um raciocínio possa se formar de uma maneira ampla e sob um contexto que considere todas as hipóteses e possíveis soluções é necessário basicamente apenas duas coisas. Vontade e informação. Vontade porque sem o “querer” não se faz satisfatoriamente nada. Informação porque a falta delas conduz a um raciocínio falho e que não leva em consideração o quadro geral de um problema.

Uma fórmula bastante simples: vontade + informação = bom raciocínio ou de forma um pouco mais “ousada”: vontade + informação = inteligência.

É muito fácil e muito frequente cometermos erros graves e facilmente evitáveis em nossos julgamentos por falharmos nessa simples equação.

Uma equação que serve para dilemas pessoais, profissionais ou qualquer dilema que se apresente para nós.

Eu poderia citar inúmeros exemplos, mas creio que valeria muito mais se utilizassem vocês suas próprias experiências em julgamentos errados ou falhos que eventualmente tenham feito. Ou faltou a “vontade” de realmente se refletir sobre o assunto e tomou-se por base pensamentos alheios ou não houve conhecimento (informação) sobre o quadro geral e o contexto total da situação.

Pois bem. Vejo isso (um raciocínio falho) se repetir numa questão que estamos vivendo atualmente e ainda mais grave, observo uma manipulação sutil para que ocorra tal raciocínio falho com a devida e cuidada falta de informação. Omissão e seleção das informações veiculadas nos nossos principais sistemas de mídia.

O mundo sofreu recentemente os impactos de uma crise nos Estados Unidos devido a uma questão imobiliária. Amplamente divulgado e informado por nossos meios de comunicação.

Lamentavelmente e “convenientemente” omitidos foram as bases do sistema que fez com que tal crise decorresse.

Apenas para exemplificar de forma simples para quem tiver interesse em se aprofundar nesse assunto, recomendo a leitura do texto “Quero a Terra e mais 5% - Stephanie Relfe, Wholistic Kinesiologist”, tradução de Silviacaeiro@hotmail.com e disponível na página de internet http://www.umanovaera.com/conspiracoes/Quero_a_Terra_Mais_5.htm

Passado um período, vemos a mesma omissão e falta de informação pelos meios que supostamente deveriam nos manter informados em relação aos movimentos que tem ocorrido tanto no Brasil como no mundo.

Recentemente, na noite de 24 de setembro no Rock in Rio aqui no Brasil um “coro” de mais de cem mil pessoas manifestava-se contra Sarney, sinal no mínimo de que existe alguma insatisfação do povo com a política que está a ser feita no país.

Tambem não se “assiste” em noticiários sobre a manifestação que ocorre em Wall Street, Nova York (Estados Unidos) de milhares de pessoas e que acontece desde o dia 17 de setembro e sem data para terminar. Milhares de pessoas acampadas no protesto denominado Occupy Wall Street contra o sistema político e econômico do país.

Não se fala tão pouco sobre as inúmeras organizações e movimentos que estão a promover e divulgar as manifestações populares para o próximo dia 15 de outubro e que terá lugar em diversos países mundo afora.

Principalmente, não se fala sobre as razões para que tantas pessoas no mundo se unam em protestos e manifestações e quais são os factos que geram tamanha insatisfação.

Como falei anteriormente, não disponibilizo respostas que possam servir para outras pessoas, busco respostas para o desenvolvimento do meu próprio raciocínio e o máximo de informações para que eu possa raciocinar da forma mais eficiente possível.
Questiono a omissão dos meios que nos deveriam informar, questiono as motivações de tais omissões, questiono inclusive as bases de tanta insatisfação.

A minha conclusão (minha) é a de que um sistema que torne possível que pessoas morram por falta de alimento é no mínimo, questionável.

Soluções?

Tenho algumas que servem para minhas propostas de estudo e análises, para meus propósitos e objetivos. Material para um próximo texto.

Por: Ana Clara Agapito

Links Recomendados:

http://www.umanovaera.com/conspiracoes/Quero_a_Terra_Mais_5.htm

http://www.youtube.com/watch?v=jc_MbNcIIcY&feature=player_embedded

http://www.youtube.com/watch?v=ephQ8Y8Srkw

http://www.youtube.com/watch?v=ramBFRt1Uzk

http://www.youtube.com/watch?v=zDZFcDGpL4U&feature=share

http://www.youtube.com/watch?v=KAzhAXjUG28&feature=youtu.be

http://www.democraciarealbrasil.org/?page_id=53

http://www.ren21.net/REN21Activities/Publications/GlobalStatusReport/GSR2011/tabid/56142/Default.aspx

http://www.youtube.com/watch?v=m-pgHlB8QdQ&feature=player_embedded

http://www.ted.com/talks/lang/por_pt/mark_pagel_how_language_transformed_humanity.html

http://correiodobrasil.com.br/midia-esconde-protestos-em-wall-street/304198/