Porquê: Eu sou uma alma livre presa em um corpo, mas não limitada por ele.
28 de set. de 2015
Escrever
Não há um objetivo, além do de saciar a necessidade que grita.
Não há uma razão. Não havia.
Até que houvesse um início, anos atrás. Sem pretensão, sem grandes pensamentos. E depois o sonho, o desejo de continuar o que se tinha interrompido. Eram personagens a gritar.
Gritaram alto, tão alto, que me calaram a voz.
Tomaram formas inesperadas, surpreenderam-me nas atitudes e escolhas, na autonomia que adquiriram.
Eu decidia e criava-lhes um caminho, mas tomavam outro... Desafiaram-me, rebelaram-se, desobedeceram aos planos que lhes tinha feito. E talvez sejam mais felizes assim, independentes de mim e da minha vontade.
Descobri um universo desconhecido. O universo deles. Não tenho direito à voz ou opinião, eles decidem sozinhos. Apaixonei-me. Zanguei-me. Tentei matar um e depois o outro. Acabei por não matar ninguém... ressussitaram das próprias cinzas, tornaram-se maiores, muito maiores do que eu.
Começam a surgir desfechos, escolhas, decisões - onde não tenho qualquer participação, apenas relato.
Eu, que pensei escrever, não crio... relato às histórias que eles contam-me ao pé do ouvido. Se passaram 252 páginas... em letra pequena, espaçamento simples. Algumas mais ainda hão de vir.
Tornei-me expectadora da história que criei.
12 de jul. de 2015
Grito
Então grito. Porquê me vi a viver o que não queria. Porquê me vi a ser quem não era.
Quando se pensa em fugir de casa, quando se pensa em romper amarras invisíveis (será que existem quando não se vê?), é hora do grito.
O grito que liberta o ser já livre, que lava o corpo já limpo, que deita abaixo (e fora) tudo que não faz parte da essência do ser - e é portanto irrelevante (ou deveria ser).
E por quantas vezes evita-se ou cala-se o grito sufocado na garganta?
Por quantas vezes contenta-se com a água morna, quando o que faz falta é a água gélida ou a ferver?
O medo - esse eterno vilão desde sempre - sussurra o calar dos gritos, abafa seus sons murmurados e faz sombra às luzes que tanto se esforçam por brotar.
Medo de tantas coisas que nos assombram...
Pode ser o medo de se voltar "à estaca zero" (quando isso seria o retorno ao básico e o basico é o essencial - não?), o medo do que se desconhece (há outra forma de conhecer que não seja "conhecendo"?), medo do inseguro (o que é seguro?)...
Sei muito pouco. Não sei nada. Mas consigo (sei) gritar.
3 de jul. de 2015
Sensações
Estar como agora (e tantas vezes) a escrever e a sentir, sentindo que seria bom sentir um olhar pousado em mim de compreensão ou empatia.
Possuo não sei desde quando, nem desde onde, esse mundo que às vezes salta de dentro de mim por sobre mim, e me toma por entre pensamentos e silêncios de tudo que é, ou foi, ou vai ser, ou poderia ter sido ou vir a ser.
E sinto o vento no rosto enquanto vou escrevendo, vejo as velas dos barcos a balançar no mar e um ou outro passarinho que quase pousa a minha frente e faço parte de tudo, do todo, mas de uma forma particular. Íntima.
E às vezes esse mundo pede pra ser visto, pede pra ser dividido, mas existe só aqui dentro... como dividir?
Se não for através de um mudo entendimento, de uma silenciosa compreensão que suporte todas as mais variáveis e possíveis interpretações, ilusões e encantamentos, como dividir?
Tão mais fácil o distanciamento das ilusões...
Tão mais frágil a certeza absoluta, o conhecimento que não possibilita as interpretações... Os fatos e as certezas. Que são muito mais úteis, mais sábios, mais maduros. Mas melhores?
É sem dúvida um mundo lindo. Este e todos os mundos. Mas às vezes, um tanto carente das cores das ilusões.
1 de mai. de 2015
Um . Uma ,
8 de abr. de 2015
Resistência
4 de mar. de 2015
27 de jul. de 2014
Cardume
10 de jul. de 2014
Asas
4 de abr. de 2014
Quando não sei
25 de mar. de 2014
12 de mar. de 2014
Dois Lados
21 de fev. de 2014
Aos meus pecados
2 de fev. de 2014
Quando eu olho assim...
Quando eu vejo o sol radiante lá fora, o ar fresco pelos arredores, a calmaria do campo...
Quando eu vejo, tenho vontade de chorar.
Uma tristeza tão intensa, tão funda... como as grades da janela separassem o sonho da dura e crua realidade.
Quando eu olho assim... e vejo a vida ao longe, a alegria da liberdade a soprar entre os ramos no chão... sinto tanta, mas tanta vontade de chorar!
Um mundo tão lindo... tão, mas tão lindo!
E o que foi que fizemos com ele? No quê o transformamos?
Minha culpa, minha mais ainda que de todos... como tanto escreveu Fiódor Dostoiévski...
Quando eu olho assim... e vejo a simplicidade de um pequeno cão brincando pela grama, tantas e tantas lembranças me ocorrem... me assombram, alegram e entristecem.
Era para ser um paraíso, um refúgio, um abrigo.
O paraíso não devería sermos nós?
Será que terei que ir-me embora?
Será que acabaram-se os abrigos? Os refúgios?
Acabaram-se.
Posso tentar refugiar-me em mim mesma... ou posso tentar aprender a não precisar de refúgio... Será isso possível?
Quando olho assim... através das grades da janela... penso se isso (tudo o que era) será ainda possível.
Talvez, só talvez...
... eu tenha que ir-me embora.
19 de jan. de 2014
Não sei dos caminhos tortos, das dúvidas conflituosas, das certezas agudas... eu já não sei.
Perco-me, e no perder-me, me encontro, me confronto.
Tantos “por quês” e tantas certezas, tanta obstinação e tanta firmeza... fazem sentido?
Essa coisa regrada, imposta, ditada... essa barreira oculta, firme e gélida... precisa?
Que não haja qualquer certeza então, ainda e mesmo aquela certeza de reencontro... que não haja então, se o incerto é o mais leve e real, o mais duro e o mais presente... o incerto, o duvidoso, o frágil e o vulnerável... aquilo que não se sabe e não se espera, aquilo que vem e ferve a alma da gente, entorta e torce a alma da gente como um lençol em mãos de lavadeira.
O que é o mais escuro, o mais profundo e o mais angustiante da alma de alguém... aquilo que grita por socorro, que geme por compaixão. Aquilo que grita de dor, que murmura de desespero... Aquilo que existe dentro de toda gente, e de gente nenhuma...
Aquilo que se esconde no fundo da alma de quem tem medo, de quem grita uma raiva que não se entende...
Aquilo que chegou de surpresa,que deturpou tudo o que eu sabia, que engoliu tudo que eu pensava... aquilo que me tirou o chão e me deixou à vagar pelo espaço...
Aquilo que eu não sei como se chama, ou se chama-se qualquer coisa.
Aquilo que me provoca dor, pesar... aquilo que me pesa sobre os ombros e sobre os olhos... aquilo que meu coração não aceita, que minha fé rejeita, aquilo que não consigo acreditar.
Um desimportar agudo, agressivo, de quem teve tudo arrancado de si. Tudo arrancado e amassado, torturado... de quem perdeu a certeza, de quem perdeu a fé, a alma, o coração.
De quem teve alguma coisa tão torta, tão dura, que não sabe o que fazer.
Percebo toda a minha vaidade na minha necessidade de precisar entender o “por quê”, como se eu fosse capaz de ao entender, salvar.
E por que essa vontade de salvar o que já nem sequer mais lá está?
Salvar qual alma perdida, que perdeu-se sabe-se lá o quando ou o por que...
Uma dor que me arranca as lágrimas que já nem tenho, e eu, abaixada até o mais baixo nível que meu corpo consiga descer, com o nariz a tocar o chão da forma mais humilde que se possa haver... preciso mesmo tentar salvar?"
31 de dez. de 2013
Eu queria ter na vida simplesmente...
8 de dez. de 2013
Em Branco
Milhares de pensamentos e de palavras, sentimentos que eu queria entender e traduzir para o papel, como tento agora...
Mas o papel é silêncio - não me responde. Não me esclarece.
Sem imagens ou cores, está em branco... são só memórias.
Assim como quando penso ou falo em pensamento com vocês - nem sempre há resposta.
No branco do papel tudo é possível, toda cor cabe, toda palavra pode ser escrita... mas a base é o branco. O cheio ou o vazio, depende do sentimento do instante.
Só o que não vejo ser totalmente possível nesse branco é o teletransporte... aquele que seria real e verdadeiro, que faz os olhares de cruzarem, as mãos se entrelaçarem, o abraço aquecer.
De certa forma, vejo o relógio correr para trás enquanto minhas pernas seguem no caminho para frente.
Meu coração (tão insano!) se conforta com a certeza da necessidade de eu estar aqui: ver, ouvir e abraçar os meus. Também e não menos importante, estabelecer as formas de meu relacionamento e amor com quem me rodeia.
Estou vendo e participando de evoluções importantes, a conquista e a realização de sonhos e a suada e batalhada liberdade acontecendo.
Olho com olhos de abraço outras gerações, a brigar contra as correntes invisíveis deles mesmos, a tentar abrir caminho por uma estrada já aberta - onde o que se faz necessário é apenas o ir... o que me lembra muito eu mesma.
Vivo os dias com a comunhão entre a paz e o desespero, a felicidade e a aflição.
Sei o quanto devo, por mim mesma, estar aqui e o quanto é certo este estar.
Algumas peças ainda parecem precisar tomar forma mais definida, mas não há pressa.
Não compreendo ainda muito bem alguns papéis na minha história presente, mas parece certo que tudo logo irá fazer sentido - mesmo o que ainda não faz.
Das coisas que lamento, a maior e talvez a única seja a distância. Esse oceano imenso que mostra toda a sua fúria através da própria imensidão que possui. Se fosse um riacho apenas (e com uma ponte a atravessá-lo), seria manso...
Talvez assim, a própria vida também fosse.
6 de dez. de 2013
Somas
e de nossos sonhos, de nossos pensamentos e de nossas atitudes. Somos somatória do que vivemos e somatória do que nos rodeia. As escolhas do que somamos é, em grande parte, de nós mesmos. Seja nossa alegria, seja nossa dor." Agape