12 de jul. de 2015

Grito

Então grito. Porquê me vi a viver o que não queria. Porquê me vi a ser quem não era.
Quando se pensa em fugir de casa, quando se pensa em romper amarras invisíveis (será que existem quando não se vê?), é hora do grito.
O grito que liberta o ser já livre, que lava o corpo já limpo, que deita abaixo (e fora) tudo que não faz parte da essência do ser - e é portanto irrelevante (ou deveria ser).
E por quantas vezes evita-se ou cala-se o grito sufocado na garganta?
Por quantas vezes contenta-se com a água morna, quando o que faz falta é a água gélida ou a ferver?
O medo - esse eterno vilão desde sempre - sussurra o calar dos gritos, abafa seus sons murmurados e faz sombra às luzes que tanto se esforçam por brotar.
Medo de tantas coisas que nos assombram...
Pode ser o medo de se voltar "à estaca zero" (quando isso seria o retorno ao básico e o basico é o essencial - não?), o medo do que se desconhece (há outra forma de conhecer que não seja "conhecendo"?), medo do inseguro (o que é seguro?)...
Sei muito pouco. Não sei nada. Mas consigo (sei) gritar.

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