14 de dez. de 2016

Adiante!

Ainda me lembro de Parati (RJ, Brasil), e tambem de quando lá, cortei o pé. Não pelo corte em si (embora tenha doído o suficiente para deixar lembrança), mas pela “lição” aprendida. Era um mar tão calmo! Era um “convite” tão tentador... andar metros e metros pelas águas tranquilas em direção ao horizonte, sem que a água passasse do nível abaixo da cintura. Uma minúscula ilha à frente, e a possibilidade de tão tranquilamente chegar lá. Sendo que águas revoltas e tempestades me inspiram e fascinam, águas tranquilas me fazem querer percorrê-las (quem não gosta de sentir-se seguro, em paz?).

Mas fato é que mesmo na calmaria, existem perigos e riscos ocultos. Uma ostra, e lá se vai um grande talho no pé. Por ter ido, vi-me obrigada a voltar com areia a entrar pelo corte. Por ter ido, aprendi que ostras não produzem apenas pérolas. Por ter ido, ganhei uma nova cicatriz.


Guardo comigo a cicatriz (e as memórias), e penso que sempre é momento de adquirir novas memórias (preferencialmente sem tão grandes cicatrizes). Novos aprendizados, novos horizontes.


Olho à volta e está difícil encontrar as águas tranquilas que me fazem caminhar. Também não vejo o mar revolto à me inspirar. Onde anda o que está oculto, e produzirá pérolas ou dores?


Pelos caminhos já percorridos, pelas “vidas” já vividas, sei reconhecer o instante de pausa quando vejo-me em um. É uma pausa... mas prolonga-se. A vida não era suposto ser aqui e já? Há pernas prontas para a caminhada. Há pés cicatrizados.



Há uma gratidão imensa pela estrada que me trouxe à este momento. Tudo está certo. Muito bem. Já é hora de seguir adiante... adiante, adiante!

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