"E então eu não sei...
Não sei dos caminhos tortos, das dúvidas conflituosas, das certezas agudas... eu já não sei.
Perco-me, e no perder-me, me encontro, me confronto.
Tantos “por quês” e tantas certezas, tanta obstinação e tanta firmeza... fazem sentido?
Essa coisa regrada, imposta, ditada... essa barreira oculta, firme e gélida... precisa?
Que não haja qualquer certeza então, ainda e mesmo aquela certeza de reencontro... que não haja então, se o incerto é o mais leve e real, o mais duro e o mais presente... o incerto, o duvidoso, o frágil e o vulnerável... aquilo que não se sabe e não se espera, aquilo que vem e ferve a alma da gente, entorta e torce a alma da gente como um lençol em mãos de lavadeira.
O que é o mais escuro, o mais profundo e o mais angustiante da alma de alguém... aquilo que grita por socorro, que geme por compaixão. Aquilo que grita de dor, que murmura de desespero... Aquilo que existe dentro de toda gente, e de gente nenhuma...
Aquilo que se esconde no fundo da alma de quem tem medo, de quem grita uma raiva que não se entende...
Aquilo que chegou de surpresa,que deturpou tudo o que eu sabia, que engoliu tudo que eu pensava... aquilo que me tirou o chão e me deixou à vagar pelo espaço...
Aquilo que eu não sei como se chama, ou se chama-se qualquer coisa.
Aquilo que me provoca dor, pesar... aquilo que me pesa sobre os ombros e sobre os olhos... aquilo que meu coração não aceita, que minha fé rejeita, aquilo que não consigo acreditar.
Um desimportar agudo, agressivo, de quem teve tudo arrancado de si. Tudo arrancado e amassado, torturado... de quem perdeu a certeza, de quem perdeu a fé, a alma, o coração.
De quem teve alguma coisa tão torta, tão dura, que não sabe o que fazer.
Percebo toda a minha vaidade na minha necessidade de precisar entender o “por quê”, como se eu fosse capaz de ao entender, salvar.
E por que essa vontade de salvar o que já nem sequer mais lá está?
Salvar qual alma perdida, que perdeu-se sabe-se lá o quando ou o por que...
Uma dor que me arranca as lágrimas que já nem tenho, e eu, abaixada até o mais baixo nível que meu corpo consiga descer, com o nariz a tocar o chão da forma mais humilde que se possa haver... preciso mesmo tentar salvar?"
Porquê: Eu sou uma alma livre presa em um corpo, mas não limitada por ele.
19 de jan. de 2014
31 de dez. de 2013
Eu queria ter na vida simplesmente...
34 anos que nos últimos anos,
pareceram décadas. Nos últimos três ou quatro anos vivi tanto e tantas coisas,
que a definição do que chamamos “tempo” ficou meio que ridícula e absurda...
Lembro-me de Albufeira e meu
pensamento se volta para São Joaquim da Barra... O cérebro se revira e volta a
Santos, pulando para Silves e Alvor.
Cada lugar uma história, uma vida
inteira... E Portimão então?! Não só uma vida, mas o pedaço de uma eternidade,
de um próprio pedaço de mim que lá está entre gatos, árvores, horta e cães. Um
pedaço tão grande que me faz estar lá, enxergar, ouvir, sentir lá... Minha
querida amiga!
Aliás... Para além desse imenso
pedaço de mim existem outros... Menores e talvez ainda mais delicados,
frágeis...
Um pedaço em Lisboa, terra tão
linda! Tão amada, tão querida! Lisboa é, definitivamente, um pedaço de mim. De
CCB à Gulbenkian, ao Bairro Alto, Mártires da Pátria ao Rossio, ao Marquês... Um
grande pedaço de mim! Talvez também pelos olhos que se tornaram para mim, os
olhos de Lisboa... Com a mesma luminosidade e brilho que Lisboa tem quando o
sol dorme, com os cabelos lisos e compridos como o vento a soprar pelo Tejo...
A voz, o sussurro que mais meus ouvidos esperaram ouvir, a sonoridade da
própria Lisboa através do fado ou de uma estonteante guitarra portuguesa... Ah!...
Lisboa!!! Ah!... Meu amigo...
Um pedaço lá em Silves... Terra
tão distante e tão pertinho... Um mundo com um universo de raiz em mim... O
canto dos pássaros, o barulho dos ventos, as estrelas (ah... as estrelas!)
daquele céu. O céu da minha alma, o sangue do meu coração. O arrepio e o tremor
da minha pele, a vida que as veias conduzem ao meu ser. O barulho ao fechar o
portão, a brisa fresca no rosto, a terra firme aos meus pés, as estrelas sobre
mim... Minha alma chora emocionada ao constatar: é verdade! É vivi isso! Eu
realizei isso! Eu me permiti apenas ser... Em algum lugar, tão longe e tão
perto, esse mundo existe, persiste, sobrevive, vive dentro de mim. Uma espera
meio que sempre constante, um paraíso, uma casinha, um refúgio para a
felicidade... Um amor para a vida inteira e mais além.
Não dá para não falar das
noites... As noites quentes, ferventes de verão e as noites frias, escuras do
inverno...
Albufeira... O abandono e o
encontro, a chegada e a partida. A solidão... E a tempestade. Albufeira não é
um pedaço, é um buraco, é um estupro. É uma violência, uma paixão... Uma
loucura insana, uma insanidade louca. Todos os lugares e lugar nenhum, lugar
nenhum e todos os lugares. Lá eu cresci. Lá eu aprendi. Lá eu sofri.
Um sofrimento grato, uma
melancolia saudável. Vi-me só e tinha o mundo ao meu redor. Tinha o mundo ao
meu redor e me senti... Só... Amigos que foram mais que amigos, deram a força
para continuar. Deram a vida que tinham nas veias, para que as veias
continuassem a pulsar. Das personagens clássicas às anônimas, às ocultas, às do
holofote. Mandinho e seus cães... Como vão vocês? Saudades de Albufeira... Das
paisagens e das rochas, das pessoas e dos barulhos, das sombras e dos
silêncios.
Pedaços de mim por diversos
lugares, pedaços de mim que levo comigo e que ficaram espalhados, dividindo-me
ao meio.
Olhar onde estou agora, como se
eu estivesse a resgatar pedaços ainda mais distantes de uma vida que já foi há
muito tempo atrás, como se o tempo que distanciasse as histórias tivesse o
poder de juntá-las todas em um determinado espaço – o espaço em que vivo agora.
Vejo-me por aqui ainda criança,
as aventuras, alegrias e tristezas. Um lugar de onde saem as raízes e as
árvores, onde a Terra para de girar um pouco para que possa ser tomado novo
fôlego.
O ano novo não é hoje, foi quando
voltei. Para me despedir dos anos velhos, para abrir espaço para os novos anos.
2014 e eu não sei se terei comigo
todos esses pedaços reunidos, ou se terei em algum dia. Talvez eu me parta em
ainda mais novos pedacinhos, os de pessoas que entraram e vão entrando na minha
vida como novos capítulos de novas histórias... Mas espera, espera!!! Tenho
ainda tantas histórias que não passei sequer para o papel!!!
Lisboa ainda não foi escrita,
mesmo que a história principal tenha encontrado um capítulo novo com mais
espaços e parágrafos...
Silves ainda existe e existirá
sempre, nem tudo foi escrito... Nem tudo foi vivido ainda...
Albufeira não posso dizer em que
ponto está, pode ser escrita, mas ainda não foi...
E Alvor? E Portimão? E Évora? E
Monsaraz? E outros pedaços, mais dispersos, como Fátima, Espanha, Figueira da
Foz? E Brasil? E São Joaquim da Barra, Cordeirópolis, Santos?
Há muito ainda o que escrever, o
que lembrar, o que reviver...
Espaços novos sendo abertos, o
universo se multiplicando ao infinito nos pedaços que se despedem e voltam para
dentro de mim...
Feliz 2014, com salões mais
amplos no peito para guardar mais pedaços, mais vidas, mais amor e compaixão,
reter mais lembranças, aumentar mais as esperanças e esperar por mais
reencontros.
8 de dez. de 2013
Em Branco
Uma página em branco, como a que tenho na minha frente agora...
Milhares de pensamentos e de palavras, sentimentos que eu queria entender e traduzir para o papel, como tento agora...
Mas o papel é silêncio - não me responde. Não me esclarece.
Sem imagens ou cores, está em branco... são só memórias.
Assim como quando penso ou falo em pensamento com vocês - nem sempre há resposta.
No branco do papel tudo é possível, toda cor cabe, toda palavra pode ser escrita... mas a base é o branco. O cheio ou o vazio, depende do sentimento do instante.
Só o que não vejo ser totalmente possível nesse branco é o teletransporte... aquele que seria real e verdadeiro, que faz os olhares de cruzarem, as mãos se entrelaçarem, o abraço aquecer.
De certa forma, vejo o relógio correr para trás enquanto minhas pernas seguem no caminho para frente.
Meu coração (tão insano!) se conforta com a certeza da necessidade de eu estar aqui: ver, ouvir e abraçar os meus. Também e não menos importante, estabelecer as formas de meu relacionamento e amor com quem me rodeia.
Estou vendo e participando de evoluções importantes, a conquista e a realização de sonhos e a suada e batalhada liberdade acontecendo.
Olho com olhos de abraço outras gerações, a brigar contra as correntes invisíveis deles mesmos, a tentar abrir caminho por uma estrada já aberta - onde o que se faz necessário é apenas o ir... o que me lembra muito eu mesma.
Vivo os dias com a comunhão entre a paz e o desespero, a felicidade e a aflição.
Sei o quanto devo, por mim mesma, estar aqui e o quanto é certo este estar.
Algumas peças ainda parecem precisar tomar forma mais definida, mas não há pressa.
Não compreendo ainda muito bem alguns papéis na minha história presente, mas parece certo que tudo logo irá fazer sentido - mesmo o que ainda não faz.
Das coisas que lamento, a maior e talvez a única seja a distância. Esse oceano imenso que mostra toda a sua fúria através da própria imensidão que possui. Se fosse um riacho apenas (e com uma ponte a atravessá-lo), seria manso...
Talvez assim, a própria vida também fosse.
Milhares de pensamentos e de palavras, sentimentos que eu queria entender e traduzir para o papel, como tento agora...
Mas o papel é silêncio - não me responde. Não me esclarece.
Sem imagens ou cores, está em branco... são só memórias.
Assim como quando penso ou falo em pensamento com vocês - nem sempre há resposta.
No branco do papel tudo é possível, toda cor cabe, toda palavra pode ser escrita... mas a base é o branco. O cheio ou o vazio, depende do sentimento do instante.
Só o que não vejo ser totalmente possível nesse branco é o teletransporte... aquele que seria real e verdadeiro, que faz os olhares de cruzarem, as mãos se entrelaçarem, o abraço aquecer.
De certa forma, vejo o relógio correr para trás enquanto minhas pernas seguem no caminho para frente.
Meu coração (tão insano!) se conforta com a certeza da necessidade de eu estar aqui: ver, ouvir e abraçar os meus. Também e não menos importante, estabelecer as formas de meu relacionamento e amor com quem me rodeia.
Estou vendo e participando de evoluções importantes, a conquista e a realização de sonhos e a suada e batalhada liberdade acontecendo.
Olho com olhos de abraço outras gerações, a brigar contra as correntes invisíveis deles mesmos, a tentar abrir caminho por uma estrada já aberta - onde o que se faz necessário é apenas o ir... o que me lembra muito eu mesma.
Vivo os dias com a comunhão entre a paz e o desespero, a felicidade e a aflição.
Sei o quanto devo, por mim mesma, estar aqui e o quanto é certo este estar.
Algumas peças ainda parecem precisar tomar forma mais definida, mas não há pressa.
Não compreendo ainda muito bem alguns papéis na minha história presente, mas parece certo que tudo logo irá fazer sentido - mesmo o que ainda não faz.
Das coisas que lamento, a maior e talvez a única seja a distância. Esse oceano imenso que mostra toda a sua fúria através da própria imensidão que possui. Se fosse um riacho apenas (e com uma ponte a atravessá-lo), seria manso...
Talvez assim, a própria vida também fosse.
6 de dez. de 2013
Somas
"Somos somatórias. Somatórias de nossos medos
e de nossos sonhos, de nossos pensamentos e de nossas atitudes. Somos somatória do que vivemos e somatória do que nos rodeia. As escolhas do que somamos é, em grande parte, de nós mesmos. Seja nossa alegria, seja nossa dor." Agape
e de nossos sonhos, de nossos pensamentos e de nossas atitudes. Somos somatória do que vivemos e somatória do que nos rodeia. As escolhas do que somamos é, em grande parte, de nós mesmos. Seja nossa alegria, seja nossa dor." Agape
18 de jul. de 2013
Coelhinhos
Até que para um ser tão pequenininho, ela andou bastante,
explorou os caminhos que apareceram e ainda criou alguns outros quantos, se
aventurando como fazem os coelhinhos quando saem da toca para conhecer as
redondezas.
Teria andado mais, teria feito caminhos novos e quem sabe
teria até criado alguns, de acordo com as asas da imaginação que tinha. Para
uma coelhinha, ela até tinha uma grande imaginação.
Quando parou, não foi porque a imaginação havia acabado, ou
por causa das perninhas curtas ou cansadas. Quando ela parou, não foi porque
faltava força nas pernas traseiras para o impulso dos saltos, nem porque apareceram
cercados ou abismos. Foi o medo.
Medo que ela sabia muito bem que era o maior inimigo de
todos os coelhos, o medo que paralisa quando deveria impulsionar adiante. Mas
esse medo que a fez parar era diferente.
Ela não tinha medo dos buracos, ou dos lobos e raposas, ou
de algum outro predador qualquer. Também não tinha medo de se perder (já dizia
uma grande escritora que perder-se era também um caminho).
Esse medo era outro. Era o medo de que não compreendessem.
Não era um problema os possíveis buracos, abismos, predadores,
machucados ou perigos.
É muito mais fácil não termos medo por nós, mas o medo pelos
outros. Quando digo os outros, falo daqueles que são os importantes, os
principais, os maiores.
Para ela o importante era o caminho, não faziam mal os
tropeços ou possíveis consequências. Mas para os outros isso poderia ser
importante.
Se o buraco fosse muito fundo, ou se o pior pudesse
acontecer, estaria tudo bem para ela – mas estaria para aqueles que a tinham como
um dos mais importantes?
Quando, feito o coelho que era, ela foi procurar conhecer o
que havia para além do conhecido foi o instinto, a vontade, o desejo de ver o
que outros coelhos talvez não tivessem nunca visto ou vivido. Mas era também uma
coisa egoísta.
Ela teria histórias, teria vivido uma porção de coisas,
aventuras, experiências. Teria vivido uma vida rica, dessas que valem mesmo a
pena viver – principalmente para um coelho.
Mas quando chegasse às pessoas importantes alguma notícia
menos boa, ou mesmo ruim, iriam eles ter a mesma certeza que ela tinha de que
valia a pena, de que teria valido a pena?
Entre os saltinhos de um coelho livre e contente ela pensou
sobre isso, e teve medo, e parou. Aquele medo típico dos coelhos ao ver uma
serpente – aquele medo que paralisa.
Então ela também pensou na situação oposta... saberia ela
entender que os riscos e perigos que cercam aquelas pessoas importantes também fazem
parte da vida, e saberia ela compreender e aceitar as escolhas que levariam à
possíveis buracos e perigos para essas pessoas?
Teria ela a mesma consciência e certeza que ela esperaria
que tivessem caso fosse ela a cair em algum buraco perigoso?
Era muito mais simples e mais fácil percorrer o mundo
inteiro, aceitando seus perigos e riscos quando fosse ela mesma a arriscar.
Quando os riscos eram para aqueles que viviam no pequeno coração de coelho
dela, a história nem sempre era tão fácil ou tão simples...
Foi então que ela percebeu. Já não era mais uma coelhinha
explorando o mundo fora da toca, era uma coelha já grande, crescida, e
responsável por cada escolha, caminho, perigo ou risco que houvesse.
Aquele medo paralisante ainda estava ali, mas já não
paralisava mais – era possível olhar nos olhos da serpente e escolher ficar
parada, lutar ou fugir. Qualquer escolha valia, qualquer atitude era acertada.
Só uma coisa era importante – mais importante naquele instante que qualquer
outra:
Que as pessoas importantes soubessem que os riscos assumidos
valeram a pena, valiam a pena e continuariam a valer – eram caminhos (e não
existem caminhos errados, todos mostram paisagens e trazem as experiências que
foram procuradas). Era importante que as pessoas importantes soubessem que tudo
valera a pena. Era importante que ela também carregasse essa certeza em relação
às pessoas importantes.
O respeito absoluto pelas escolhas alheias, a aceitação
incondicional sobre a verdade que cada um carrega e escolhe lá dentro de si –
essa era a grande diferença entre a coelhinha que saiu da toca e a coelha de
agora... o aprendizado do que é (e deveria ter sido sempre) o amor.
22 de mai. de 2013
Há dias...
Há dias (e noites) assim... em que tento recriar no
pensamento o cenário perfeito, a memória perfeita do sentir-se segura,
sentir-se em paz e em conformidade com a vida.
Dias em que, ainda que pareça estar tudo sem sentido,
procuro a solidez e o sossego de alguma lembrança para recordar a sensação de
estar tudo bem.
Noites em que o sono não vem, e ao fechar os olhos o que
vejo são pessoas, situações e imagens que já não existem mais.
Quando quero, em meus pensamentos, retornar ao que era
certo, seguro, pacífico, os sonhos se dissolvem, o sono se retira, fica o
pensar e o esforço em lembrar, revirando páginas, imagens e escombros nas
prateleiras do que lembro.
Quando consigo voltar (e parece que cada vez o caminho de
voltar é mais comprido e longe) e resgato o sentimento de coração em paz, penso
em quanto tempo se passou, quantos anos, ilusões e enganos cobriram aquele
tempo, e então o sono se vai de vez.
Ficam os fantasmas a mostrar quantas águas
passaram, e o quanto dessa água nem sequer era límpida.
Ficam as sombras e as
sobras, e os restos que carrego em mim do barro com que moldei as frágeis
lembranças.
Há dias e noites assim... em que súbito vem o desejo de
lembrar e depois a certeza de que as lembranças são mais sentimentos que
verdades.
Há dias e noites assim, que trazem novas manhãs, novas
necessidades de abrir os olhos e seguir adiante, pisando nesse barro frágil e
já muito usado, fazendo o melhor e o possível para moldar novas formas.
Há dias em que sou restos e farrapos de quem eu antes fui.
13 de mai. de 2013
Primavera
É assim... caminha-se um longo caminho, fazem-se as mais
arriscadas escaladas, arranham-se e dobram-se os joelhos... vem o cansaço e a
exaustão, e fica difícil ver a possibilidade do amanhã chegar em um dia de sol
e sossego. Mas o dia chega.
Os joelhos se curam, as pernas suportam, a mente relaxa. O
sol nasce. Quantas viagens, quantas paisagens, quantos caminhos foram feitos?
Quantas e quantas histórias para relembrar, para contar...
Mas um dia, o dia nasce diferente. Nasce repleto de
possibilidades, e as conquistas obtidas são vistas, assimiladas, digeridas.
Nasce outra vez o sossego e a certeza de tudo estar bem, de
tudo estar certo. De ter valido a pena e ter chegado a um fim para que outro
novo começo possa surgir.
Hoje deposito as armas da luta ao chão sem derrota e sem
alarde, mas com o sentimento de gratidão pela batalha ter acontecido e por
todos terem sobrevivido. Uma trajetória cumprida, um sonho realizado, uma
experiência adquirida.
Chega o tempo de outros planos, chega a vontade de parar de
escalar e escolher um caminho plano, com rios e árvores para apreciar. E deixa
de ser tão importante se os passos terão companhia de outros passos, pois somos
todos observadores daqueles a quem amamos sem a necessidade de trilharmos as
mesmas trilhas para aprendermos a partilhá-las.
Chega um novo tempo. Um tempo mais pleno, um tempo que
escolho. Chegou o meu tempo. Mais uma casca rompida, mais uma semente a brotar.
Chegou a primavera em mim. E a aceito... assim, floresço.
Bom dia!
5 de mai. de 2013
Vai...
Vai...
Vai, e deixa ele em paz... não faz mal se dói ou se é
triste,
Que o que é mais triste é a tristeza que é sua.
Vai, e não deixa mais que ele sofra
O sofrimento que é só seu.
Então que o tempo passe,
Para mostrar que a solidão é o caminho
Sem impor solidão a ninguém mais.
Vai, deixa que os vôos aconteçam
E a felicidade alcance quem a procura.
Vai, e se cerca das suas paredes e muralhas,
Onde o sol que brilha é único
E ninguém mais pode entrar.
Por quê tentar o que não se quer,
Quando não se quer dividir tudo (vida)
E dividir mais ou menos é ilusão?
Vai... e deixa-o ir
Para ser feliz,
Na felicidade que não sabes.
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