3 de jun. de 2025

Interpretações

Há pouco, estava eu cá a refletir de mim para mim, o quão comum é que a interpretação de nossos actos nada tenha à ver com as reais razões dos próprios actos.
O que os outros vêem, e como interpretam aquilo que vêem, na maior parte das vezes não tem, mesmo, nada à ver com a realidade.
A pensar sobre isso, ocorreu-me que muitas vezes podem interpretar meu silêncio ou ausência como um afastamento. Nada poderia estar mais errado!
Meu silêncio ou ausência, é, digamos, "meu estado natural". Sou sossegada, gosto e preservo sossego como um prolongamento de mim mesma, que gosta e privilegia o recatamento, mas estou onde sempre estive, da mesma maneira e da mesma forma.
Já meu afastamento, é diferente. Não é uma zanga, nem implica em qualquer tipo ou forma de contacto - afastar, para mim, é afastar. É não retribuir o contacto, não responder à uma mensagem ou chamada. Se respondo, se de alguma forma existe uma comunicação de duas vias, é simples, não me afastei, estou cá.
Mas... se não houver resposta, aí sim, afastei-me. E muito provavelmente, não por uma zanga ou uma mágoa, mas por preservação - a minha.
Preservação da paz de espírito, do sossego, e de mim.
Não espero e ainda menos desejo o mal seja de quem for, só gosto da minha paz.
E, talvez, não seja assim tão simples como eu gostaria, a interpretação correcta das minhas atitudes... portanto, só por garantia, se algum dia um ser qualquer tiver alguma dúvida: se apenas deixei de aparecer, não me afastei, não me ofendi, não menosprezei nem ignorei nada nem ninguém, só estou sossegada. Mas, se por acaso, deixei no vazio algum contacto, deixei por completo de responder, aí... bem, aí realmente afastei-me. Porque minha paz pediu, e por nada mais.

Nenhum comentário: