25 de set. de 2017

Teoria das espécies do Amor

Um texto irônico, pretensioso, arrogante e não claramente infundado.

Faz alguns anos cheguei à conclusão de que o amor é uma escolha. Pode parecer estranho, mas através do meu ponto de vista sempre há um ponto, às vezes bem no princípio de tudo, onde há mesmo nitidamente uma escolha sobre o que um dia pode se tornar amor.

Pode ser bastante sutil, quase imperceptível, mas está lá em algum lugar o instante em que escolhemos ou não avançar, em que escolhemos ou não pensar, escolhemos ou não dedicar tempo (e espaço) para alguém em nossas vidas; “Foi o tempo que dedicaste à tua rosa que a fez ser tão especial para ti” – já escreveu Exupery.

E não há como negar nossa natureza humana, uma mistura de tantas coisas e entre tantas, um bocado de curiosidade, de apreço ao risco, de ego, apego e etc. e tal e... voilá! Escolha feita (consciente ou não).

Claro que às vezes pode dar certo, e que acontece de que podem entrar outras motivações (mais nobres) à mistura do que é a natureza humana, pois também faz parte de nós o afeto, o carinho, a compreensão e mais etc. e tal.

Seja por gostar demasiado de analisar e criar teorias, seja por uma base biológica de formação ou por um acaso qualquer, vejo diversas coisas (traços de caráter, comportamentos, raciocínios e principalmente sentimentos) como espécies. Espécies como as espécies do reino animal ou vegetal, pertencentes à uma classe, reino, (espécie) e família. Há desde as que podemos considerar mais “nobres” ou “evoluídas” até aquelas que menos parecem ter importância ou “evoluído menos”. E pronto, aí chega uma teoria conspiratória “biológica”: - Quem é “melhor”, as espécies mais “novas” que sofreram processos evolutivos ao longo do tempo para que se adaptassem melhor ao meio que as cerca ou por exemplo, o crocodilo, que evoluiu “pouco” por já estar consideravelmente “bem-adaptado” e sem tanta necessidade de evolução? Pode aí entrar uma outra pergunta (várias na verdade, mas vou por partes): Se é o meio que nos cerca que determina a necessidade ou não da evolução, um meio contaminado é capaz de gerar uma evolução que seja positiva não em termos de adaptação, mas em termos de humanidade e princípios?

Se em termos mais gerais a evolução mais classificada e analisada é a física, metabólica, anatômica e genética, em termos mais “espirituais” como se classificaria a evolução e qual a significância da adaptação ao meio para o processo evolutivo – ou, justamente nesse aspecto, a evolução seria o crescimento independente da necessidade de adaptação ao meio e sim a evolução “para além” da necessidade de adaptação?


O curioso da formulação destas perguntas é a possibilidade de respostas, e ainda, o facto (ridículo, se poderia dizer) de que estas perguntas capazes de criar uma tese e aprofundar ainda mais teorias (carentes de corroboração) deu-se pela constatação de que seria (para mim, neste instante) muito mais fácil lidar com uma ausência total e sem vestígios de uma determinada “espécie” do que com os registros de existência da mesma. Resumindo ainda mais e concluindo: A evolução dá trabalho e a preguiça faz parte da natureza humana.

Nota: Mas antes, no princípio do texto, eu falava em escolhas... que o amor, por exemplo, seria uma escolha. Se existem diversas formas de amor e sendo o amor uma escolha, resta saber no processo evolutivo qual a espécie que melhor se adapta ao "ser" de cada um, ou mais diretamente, às motivações de cada um - e da natureza de cada um. Quanto à minha natureza, ainda estou a tentar perceber a relevância da preguiça, que consideraria "mais fácil" lidar com a ausência absoluta do ser e de vestígios do ser do que com a possibilidade da necessidade de um esforço evolutivo (ou adaptativo).

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