7 de mar. de 2017

O tempo não me engana, não!

Crescer é uma mentira, a maior mentira que já nos contaram. Quando olho no espelho, os cabelos brancos são uma mentira, mais mentirosos ainda do que a madeixa azul que pintei com tinta.
O tamanho que eu tenho, as roupas que eu visto e os sapatos que calço são igualmente mentirosos, mais verdadeiro são os cachos que já não tenho e os meus dentes de leite que já caíram.
Verdade é o que vejo quando fecho os olhos e consigo ver minhas irmãs pequenas, rindo. Ou o Pedrinho e o Caio a jogar bola no corredor de casa, uma casa que já não existe mas que é mais real do que qualquer casa em que eu entre.
Verdade é quando fecho os olhos e estou no colo da minha mãe, ou no abraço do meu pai. O resto são mentiras que nos contaram.
Crescer é uma mentira. Sofrer é uma mentira. A única verdade é o sentimento que nos invade quando nos lembramos.
Tudo passa, absolutamente tudo. E só a verdade permanece, sempre. E é esta a verdade que guardo, que faz de mim quem sou e que habita em mim.
Verdade é conseguir ver minha mãe como criança, de vestidinho branco e fita no cabelo com o coração cheio de luz. Verdade é ver meu pai rindo e brincando espalhando alegria por todos os lados.
O resto são ilusões que nos disfarçam e amordaçam, coisas tolas que o tempo tenta nos convencer a acreditar.

Verdade são os abraços que nunca se desfizeram e os olhares que nunca se deixaram de olhar.

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