24 de set. de 2016

Fortuna

O tempo passa, a gente cresce. Aprende.
Vou desenvolvendo teorias, algumas (confesso), esqueço. Outras vão ganhando força.
Vejo cada teoria como uma semente de sabedoria, algumas permanecem latentes e não crescem nem geram frutos, outras desenvolvem-se em todo seu potencial e florescem, até espalham-se.
Algures, nos tempos de infância ainda, uma das minhas primeiras teorias foi sobre a batata e o feijao-manteiga. O feijão quando cozido, por dentro, era "irmão" da batata, pois tinham o "recheio" igual depois de ambos cozidos. Uma tontice, mas ainda penso que deve haver uma ligação muito maior do que se pensa sobre as duas coisas...
Mas enfim, a gente cresce... E as teorias se aprofundam.
Anos atrás nasceu dentro de mim a semente da teoria de que o sentido da vida não estava na vida geralmente aceita como "perfeita". Um bom trabalho, uma boa casa, um bom casamento, filhos. A semente era um "plin" que dizia que somos mais capazes do que isso. Muito mais.
Hoje essa semente já não é semente, possui algumas folhinhas tímidas e oscilantes ao vento, mas cresceu.
Vou ao longo do tempo comprovando a razão daquele "plin", e percebendo a importância do equilíbrio das coisas. Claro que para o equilíbrio acontecer, às vezes o desequilíbrio também é necessário - essa teoria para mim está comprovada e até florida.
Mas tambem, em meio às folhinhas tímidas que oscilam ao vento, vejo-me a concluir que sim, a vida pode ser muito, muito mais do que o conceito comum mais aceito de "perfeição" e de "valor" - porém, a conquista por maior que seja perde o encanto se não for partilhada, dividida, doada às almas e aos seres que nos são importantes.
A conclusão repousa na constatação  de que a verdadeira fortuna da vida não está nos grandes feitos, está nas pessoas com quem partilhamos os feitos. Grandes realizações, pequenas, significativas ou irrisórias, não importa. Ainda que o sol e a lua forneçam espetáculos gratuitos diariamente independentes de quem os observa e aprecia, nós ainda somos apenas humanos, e se até Zarathustra se viu na necessidade de descer das montanhas para partilhar suas descobertas, ai... pobre de nós se não pudermos partilhar inclusive nossa singela mediocridade...

2 comentários:

regina disse...

É filha, vejo um dos meus brotos latentes verdejando por aí e de fato espalhando seu perfume por onde passa. Tudo lindo e para mim o melhor é estar partilhando desse tempo de nossas vidas. Te amo e tenho muito orgulho de você. Só não esqueça que a liberdade de ser, crescer, florescer e partilhar inclue a licença de voltar pra casa........... Muito lindo o seu crescer e também concordo que o feijão e a batata escondem mistérios ainda não revelados!!!

Anônimo disse...

Lindo filha. Alem do amor tenho muito orgulho de vc.
Tua percepção, tua sensibilidade, teus sentimentos me emocionam.
Vc precisa partilhar tudo o que tem ai dentro publicando o seu livro.
Vamos cuidar disto, sim?
te amo
Papai