E agora, já passado um bom tempo sem estar nem esperar nada de ninguém nem de lado nenhum, fui me dando conta de que de facto, o "problema" não são os outros - nem o que querem, pensam, esperam ou fazem. Sou eu.
Eu que não me "encaixo" nem me enquadro no que por aí, por lá, ou por cá, vi.
Gente magoada, ferida, a tentar dar à volta a situação cada um ao seu jeito, seja pelo romantismo, pela carência, pelo distanciamento, pela indiferença, pela promiscuidade ou isolamento, vi excessos de um ou de outro lado, defesas de um ou de outro jeito, mas verdadeira disponibilidade... não vi. E isso nada tem à ver com o Tinder ou outra coisas destas qualquer, tem a ver com o nosso tempo, nossas vidas, nossas histórias pessoais, nossos próprios passados, individuais. Seguimos, e da maneira que mais nos dá algum conforto seguir, que menos "remexe" nas feridas que vamos tentanto cicatrizar. Até aí, tudo certo... se esses comportamentos não nos fizessem estar justamente nos afastando cada vez mais das nossas próprias cicatrizações. É preciso sentir sim! E deixar as mágoas doerem, para que possam ser curadas. Deixar o passado passar ao seu tempo, sem atropelá-lo, sem passar para o próximo passado seguinte antes de deixar o último ter, de facto, passado.
Não estamos a correr contra nenhum relógio- ainda mais quando o relógio em causa, é o nosso relógio interior, sentimental, a essência de quem nós somos e como nos sentimos. Correr contra o nosso ritmo interior e emocional é afogarmos com a pressa tudo que ainda precisamos sentir para nos curar, para voltarmos a ser quem somos, cincronizados com nosso relógio interno sem pressas ou atrasos, sem alarmes e sem adiantamentos.
Não vi nenhuma falta de respeito, nenhum mal comportamento que não fosse antes de tudo e qualquer coisa, um comportamento auto-sabotador, auto-inflingido e auto-destruidor.
Não me deu raiva, nem rancor, nem tristeza e nem alegria ou interesse, mas... comoveu-me. Por que eu, igual ali a todos e a qualquer um, também partilhava do mesmo barco, da mesma maré, das mesmas lutas. E não foi legal ver-me assim. Nem ver ninguém assim.
Não vamos resolver feridas na internet, não vamos calar angústias com selfies ou mensagens, não vamos ser nós mesmos ignorando quem somos e o que sentimos.
Existe (ou deveria existir) vida para além de bites e de códigos, é e está acessível para todos e para qualquer um - pode não ser a viver momentos incríveis (e fantasiosos) ao lado de um príncipe encantado, mas pode ser muito mais bonito e mais real - numa caminhada tranquila, ar puro nos pulmões, brisa a soprar nas folhas das árvores e luz, imensa luz a nos tocar a pele. Até que... nos encontremos a nós mesmos. E depois, se calhar, possamos encontrar alguém mais.