20 de ago. de 2016

Entrego. Confio. Aceito. E agradeço.

Já fui tanta coisa... quase que já fui tanta gente. Tambem já fui vento, já fui mar e já fui sol. Já fui noite e já fui dia. Já fui pequena, já fui grande. Já fui sozinha e já fui multidão.
Agora eu não sei muito bem o que sou, senão a soma e a mistura de tudo aquilo que já fui e dos desejos do que ainda me falta ser. Existem fases assim, em que todo o conhecimento adquirido e toda a experiência somatizam num estado de simplicidade e de humildade do reconhecer que apesar de tudo, não sei nada, só aquilo que eu soube um dia e que hoje já não sei.
Momentos em que há como que uma batida à porta, mas é preciso abrir tanto espaço para deixar o que nos é desconhecido entrar... É preciso abandonar o que se conheceu, o que se soube, o que se foi.
E de repente de tudo que já fui, reconheço o ar um pouco nostálgico e familiar da despedida. Quantas despedidas juntas, eu não sei. Mas reconheço o ar que as trás, o vento a mudar de direção, a querer fazer uma curva. Já fui vento, eu sei...
E escorre pelos dedos os grãos de areia que já aprendi a não tentar segurar. É tempo de deixar ir... de deixar acontecer, de aceitar.
E aceito. Confio. Jogo para o ar a areia que me escorria pelas mãos - que vá para onde tiver que ir, que ganhe asas para voar.
Eu já fui a que voa. A que sopra. Já fui tanta coisa... Agora, sou eu.

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