18 de out. de 2012

Ir não é chegar #1



Quando se vai embora, de certa forma nunca mais se pode voltar. Não se pode voltar ao que já passou, ao que já fomos um dia, ao que já aconteceu.

Quando se vai embora uma vez, há que se ter a consciência de que a vida está a ser movimentada, alterada, modificada. Escolhe-se. Não é possível escolher o todo, o que existiu e o que vai existir – existe um intervalo no meio, o que se escolhe existir agora.

Quando se vai embora, fica uma parte de nós e abrimos espaço para uma parte nova entrar em nossa vida. Podemos ir embora com planos e idéias de regresso, mas nunca saberemos ao certo o que os dias e o futuro nos vai trazer – escolhe-se, opta-se, arrisca-se.

Quando vamos embora uma vez, nunca voltaremos exatamente do jeito que éramos, não voltaremos ao que deixamos – a vida segue seu curso, espaços abrem-se e fecham-se, transformam-se.

Ir embora é escolher um caminho, é fazer uma escolha, é deixar aberta a possibilidade de um dia voltar sem saber ao certo como ou quando. É deixar um pedaço de nós, e levar conosco um pedaço de tudo e de todos que fizeram parte de nossa vida.



 Ir embora não é chegar a algum lugar, é seguir um caminho até que o retorno aconteça.


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