3 de out. de 2010

Saudades!

Essa manhã o dia não nasceu, veio chegando devagar e cinzento, molhando as ruas de Lisboa e fazendo barulho com o vento a ir de encontro com as casas e telhados, procurando saída entre becos e espaços.
Faz frio, mas um frio apenas de aviso, a dizer que isso é só o princípio, só um anúncio para dias ainda mais frios e cinzentos.
Entre blues, cafés e um ou outro cigarro, escuto o vento a dançar, a pregar sua religião do inverno que se aproxima, e desejo ter uma inspiração que simplesmente não vem.
Na cabeça, memórias de filmes e livros, de contos e de sonhos, coisas e imagens demais pra tentar colocar em alguma ordem ou pensamento consciente e organizado.
Uma casa que precisa de alguma arrumação, roupas que precisam secar mas não secam, uma vontade de sabe-se lá de quê. Um silêncio interior que conforta, uma paz interna que aconchega, uma saudade grande de pessoas queridas.
Saudade grande, mas saudade boa. Que trás lembranças doces que são como abraços. Lembranças de risadas, conversas, cafés e almoços. Casamentos, danças e do compartilhar de sofrimentos e tristezas. Sensação boa a de saber presentes ou ausentes, a certeza de estar só e nem por isso sozinha.
Mais que isso, é a sabedoria de cada momento vivido e vivido com verdade, com presença absoluta do corpo, da alma e do coração. A vontade de transmitir essa verdade, a de que a saudade é como a lareira que aquece o inverno que chega.
Talvez eu nunca tenha estado tão longe, e ao mesmo tempo, nunca tenha estado tão perto.
Estou suficientemente perto para inclusive, dar e sentir um abraço, estou dando o abraço, sentindo o abraço mesmo agora. E o que é o amor, senão isso?
(Saudades de vocês!)

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