Eu não sabia. Não sabia nada de
nada. Mas seguia… Sigo. Sigo sempre, mesmo sem saber bem para onde, ou por quê.
Então feito presente, feito
surpresa e feito susto pouco a pouco uma Luz surgiu.
Dos meus medos, sempre tão
grandes, surgiu a dúvida se seria mesmo Luz ou se seria imaginação.
Ainda sonho? Ainda espero? Ainda
acredito? Não sei…
Não sei se foi a Luz ou se foi a
ideia da Luz que me despertou, mas despertou.
E desperta, lembrei-me do
instante em que escolhi arriscar o tudo pelo nada, já anos atrás, e de como
nunca foi o resultado disto o mais importante, e sim todo o trajeto que fiz e a
pessoa que me tornei.
Agora a Luz, a ideia da Luz ou a
lembrança de Luz me fazem lembrar que tudo se pode, quando se tenta… quando se
arrisca acreditar mesmo naquilo que não conseguimos ainda ver.
(E como eu queria partilhar o
conhecimento interior, verdadeiro e inequívoco do saber que se há espaço para
pensar, há espaço para fazer. Mesmo que não seja o que pensamos, mesmo que o
destino acabe noutro sítio, mesmo que o fim não seja aquilo que pensamos, o
caminho nos dá sempre mais e melhor do que o destino que imaginamos… porque nos
devolve à nos mesmos de uma maneira que jamais poderíamos sequer pensar.)
E assim, de olhos meio abertos e
meio fechados, como matéria que também sou, tomo consciência de que não sei se
é a Luz ou a ideia da Luz que me move, só sei que me move… e me faz mover.
E tudo nos seus lugares (que são
lugares nenhuns e incertos – e certos por assim serem), olho em frente e vejo
um abismo que nem sei quão profundo é, nem quão longínquo está. E só o que sei,
e sei com toda a certeza de cada poro e de cada célula em mim, é que é hora de saltar.
E que o destino seja o que tiver
que ser, já que o que dá asas é o próprio saltar.
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