5 de set. de 2019

Interrompido


Não há potencial maior que o potencial que reside no inesperado,
Nem beleza mais profunda que aquela que habita na simplicidade.
De desconhecido, passa-se num instante à mais que desejado,
E do encontro improvável faz-se de repente o buraco da saudade.

Pouco à pouco fica perdida a pergunta sem resposta no tempo,
Fica pendente o que poderia ter sido um apertado laço.
Leva o infinito as lembranças nos braços do inexorável vento,
Perde-se em penumbra o que foi um sincero abraço.

Linhas que escrevo sem pensar, em memória ainda presente,
Palavras que flutuam sem saber se são gratidão ou lamento.
De que importa o amanhã, se deprime o que agora se sente,
De que vale a negação senão para tornar-se tormento?

Não importa, uma vez que toda escolha é sempre válida,
Uma história que se vive, ainda que não seja bem acabada.
Uma lembrança que será enquanto viva sempre cálida,
Ainda que em páginas perdidas em uma gaveta fechada.

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