15 de abr. de 2018

Agora


Suponho que será agora assim para sempre. Haverá dias em que o silêncio será um silêncio diferente, mais agudo e mais profundo do que todos os silêncios de antes.
Dias em que haverá uma memória calada e constante, em que sussurros baixinhos falarão no silêncio tudo o que o silêncio não ousa dizer. Suponho que agora será assim, dias assim, para sempre.
Em que uma companhia invisível vai fazer-se presente , e a saudade vai falar em palavras silenciosas tudo o que a voz não sabe dizer, nem a voz e nem nada que se iguale.
É de dentro, vem de dentro, e não vai mais embora, vai ficar e vai fazer companhia sempre, alguns dias que outros.
E quando alguma coisa for particularmente difícil, vai ecoar mais alto, mais fazer-se uma companhia mais presente – um lembrete das coisas que importam e de como é necessário seguir adiante. Não necessariamente para algum lugar, apenas adiante.
E qualquer dor ou mágoa que se faça presente por qualquer outro motivo, vai encontrar assim uma porta de saída, e vai desaguar tudo o que de outra forma não saberia desaguar.
Suponho que agora será sempre assim, alguns dias mais, outros menos, mas algo permanete, sempre ali, à espreita e perto, sempre uma companhia, sempre um lembrete, sempre uma presença. E antes assim, pois é uma presença que faz lembrar das coisas que realmente importam, e importarão sempre.
Saudade.

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