Pulsa em mim um Universo de palavras. De frases construídas com o sentir e o pensar. Frases que não escrevo.
Palavras perdidas que voam no Universo de mim e não encontram porto - além do porto de mim mesma.
Meu abrigo? Que seja eu...
De que valem os encontros, se promovem mais desencontros de olhares do que olhares encontrados?
De que vale o encontro, quando é só que se fazem os caminhos todos?
E o poder criador do verbo perde-se nos tempos em que a criação valorizada ainda é a das ilusões.
Quem se importa com a verdade?
Quem ainda se importa com a verdade neste mundo?
Tanto medo em acreditar, que escolhe-se consciente a fantasia, para evitar dores... E não é a fantasia uma dor por si só?
Não gosto de muito do que vejo, não posso pela verdade em mim participar ou ser cúmplice de ilusões que destroçam o que ainda acredito ser o melhor do mundo - agape.... Agape!
Onde está, que nem sequer encontra-se... e pior! Nem se quer se procura...
Pensei ir à Sagres, para estar com o mar.
O mar... habita em mim. Já lá estou.
Mas meu corpo... este... vai dedicar-se ao jardim. Plantar sementes, cuidar do pequeno mundo que me cerca... que este sim, cuida de mim.
Porquê: Eu sou uma alma livre presa em um corpo, mas não limitada por ele.
21 de dez. de 2016
As cartas que não escrevo
14 de dez. de 2016
Adiante!
Mas fato é que mesmo na calmaria, existem perigos e riscos ocultos. Uma ostra, e lá se vai um grande talho no pé. Por ter ido, vi-me obrigada a voltar com areia a entrar pelo corte. Por ter ido, aprendi que ostras não produzem apenas pérolas. Por ter ido, ganhei uma nova cicatriz.
Guardo comigo a cicatriz (e as memórias), e penso que sempre é momento de adquirir novas memórias (preferencialmente sem tão grandes cicatrizes). Novos aprendizados, novos horizontes.
Olho à volta e está difícil encontrar as águas tranquilas que me fazem caminhar. Também não vejo o mar revolto à me inspirar. Onde anda o que está oculto, e produzirá pérolas ou dores?
Pelos caminhos já percorridos, pelas “vidas” já vividas, sei reconhecer o instante de pausa quando vejo-me em um. É uma pausa... mas prolonga-se. A vida não era suposto ser aqui e já? Há pernas prontas para a caminhada. Há pés cicatrizados.
Há uma gratidão imensa pela estrada que me trouxe à este momento. Tudo está certo. Muito bem. Já é hora de seguir adiante... adiante, adiante!
5 de dez. de 2016
Tempo
Não sei que tempo é este. Para minha vida, para minha evolução, para minha alma... que tempo é este?
Vou lembrar-me dele um dia?
Ou irá se perpetuar sempre?
Tantos planos e tantas vontades, enquanto algo sussurra cá dentro: "espera".
Talvez não seja bem "espera", talvez seja mais "aproveita".
Aproveitar este instante imóvel onde permito-me sentar embaixo de um pinheiro com as pernas esticadas para esse sol de inverno, observo a calma ao redor. Os problemas estão todos cá, é facto, mas ainda assim dou-me ao luxo absurdo de permitir-me estar... esperar... aproveitar.
Se tola ou sábia não sei, importa?
Sempre há algo que falta, sempre há algo que quero, sempre há alguma dificuldade ou problema qualquer... importa?
Ou importa mais o que eu faço dos meus dias? Dos meus instantes imóveis?
Percebo ao longe que alguem está a podar alguma árvore (ou cortam lenha), passarinhos que cantam, sombras que vem e que vão. A vida tornou-se simples, finalmente. Ou será que fui eu?
Apareceu uma borboleta. Uma joaninha. Uma aranha.
Caiu uma laranja no chão.
Que tempo é este não sei... mas aproveito.
Volto já
Ir embora não é difícil, é impossível. De tão impossível que é, não vou. Nunca vou.
É sempre um vou mas já volto já, ainda que não se saiba quando é o "já ".
O coração fica sempre. Planos, idéias de lugares para ir, pessoas para ver e conversas para ter e continuar permanecem com a promessa e certeza silenciosas de que eu volto já.
Uma corda meio bamba de vontades tão concretas que se transformam em certezas no coração, porque sim, está tudo bem e sempre estará tudo bem.
Somos imbatíveis, incansáveis e indestrutíveis. No nosso amor, nossa história e nossos afetos, somos imensos e somos eternos. Verdadeiras fortalezas de experiências e de sonhos, esperanças e desejos tão gigantes que tempo e distância são meras bobagens, como não seriam diante da presunção e do tamanho do meu amor?
Pois claro que meu amor é presunçoso! É tão enorme, como não seria? Claro que é imenso o bastante para me dar todas as absolutas certezas, forças e coragens desse mundo, é um amor enorme! Pode tudo! Quem seria louco de dizer o contrário?
De tão enorme e absoluto que é, não há barreira que o assuste, que o deixe inseguro ou duvidoso sobre tudo o que esse amor sonha, quer e deseja. Todo o resto é mínimo e de tão mínimo, é ridículo. Tempo? Milhares de quilômetros de distância? Que bobagem! Isso não é nada! Nadinha!
Nós somos infinitamente maiores do que essas bobagenzinhas... e seremos sempre e eternamente!
Afinal...
Eu volto já.
18 de out. de 2016
Bum!
Tenho universos para escrever. São como Big Bangs em colapso às vezes, que se atropelam nas palavras soltas e pensamentos incontinuos, que por vezes conectam-se lá na frente, outras vezes transformam-se em autênticos buracos negros onde há muito conteúdo e potencial mas de alguma forma ficam submersos em si mesmos e engolem-se, sugam para dentro teorias e acumulam um conhecimento que não sai à superficie e adensa-se no interior.
Nietzsche dizia que é preciso caos para parir uma estrela. Por vezes talvez tenhamos que provocar o caos (mudanças) para gerar novas possibilidades.
Acredito que cada ser possui os seus próprios buracos negros, uma somatória de experiências, sonhos, pensamentos, sentimentos e desejos acumulados não realizados ou satisfeitos, prontos para gerar um Big Bang quando estimulados através do caos.
Galáxias podem se formar assim, o quê dizer então sobre transformações no ser? Na vida?
O caos necessário para gerar a estrela pode ser a mudança necessária para gerar a vida em seu potencial máximo.
Um caos não basta - seria o mesmo que limitar o universo infinito.
Até onde se pode ir?
Qual o limite do que se pode conquistar interiormente?
Quem decretou que há limite?
Enquanto houver vida, enquanto houver vontade, o limite é o desejo de cada um e nada mais.
30 de set. de 2016
Amor. Amor e mais Amor.
Cada um enxerga, assume e encara o amor de uma maneira própria. Até deparar-se com o amor verdadeiro, onde não há espaço para interpretações, visões ou formas. Simplesmente é absoluto, incondicional, pleno.
Se sou um ser capaz de amar, é porque me deram a conhecer esse amor.
Minha mãe, que quando apesar da saudade e da falta de estarmos perto nos sorri e nos deseja o melhor, está a dar-nos esse amor.
Meu pai, quando deixa de fumar porque não quer ser a razão dos olhares preocupados da gente que o ama tanto, está a nos dar esse amor.
E aí o coração aperta, aperta de amor. Aperta e se espreme tanto que o sentimento acaba por explodir, transborda e transporta a minha alma de dentro do corpo pra juntinho da alma deles, e os abraça enquanto se sente abraçada tambem.
O amor é assim. É o que nos mostra a diferença entre a matéria e o espírito, entre o plano do lado de cá e o do lado de lá, onde somos uma coisa só.
E temos que seguir a vida, seguir o plano de cá fazendo o que nos for possível de melhor, mas sem nos esquecermos do que realmente importa: A essência que guardamos em nós e que nos cabe fazer com que atinja todo o potencial infinito que contém.
Somos potencial, porque somos amor. Todos nós.
E ao reconhecer o amor nos outros, reconheço o amor em mim. E assim, é ainda mais que ele transborda.
24 de set. de 2016
Fortuna
O tempo passa, a gente cresce. Aprende.
Vou desenvolvendo teorias, algumas (confesso), esqueço. Outras vão ganhando força.
Vejo cada teoria como uma semente de sabedoria, algumas permanecem latentes e não crescem nem geram frutos, outras desenvolvem-se em todo seu potencial e florescem, até espalham-se.
Algures, nos tempos de infância ainda, uma das minhas primeiras teorias foi sobre a batata e o feijao-manteiga. O feijão quando cozido, por dentro, era "irmão" da batata, pois tinham o "recheio" igual depois de ambos cozidos. Uma tontice, mas ainda penso que deve haver uma ligação muito maior do que se pensa sobre as duas coisas...
Mas enfim, a gente cresce... E as teorias se aprofundam.
Anos atrás nasceu dentro de mim a semente da teoria de que o sentido da vida não estava na vida geralmente aceita como "perfeita". Um bom trabalho, uma boa casa, um bom casamento, filhos. A semente era um "plin" que dizia que somos mais capazes do que isso. Muito mais.
Hoje essa semente já não é semente, possui algumas folhinhas tímidas e oscilantes ao vento, mas cresceu.
Vou ao longo do tempo comprovando a razão daquele "plin", e percebendo a importância do equilíbrio das coisas. Claro que para o equilíbrio acontecer, às vezes o desequilíbrio também é necessário - essa teoria para mim está comprovada e até florida.
Mas tambem, em meio às folhinhas tímidas que oscilam ao vento, vejo-me a concluir que sim, a vida pode ser muito, muito mais do que o conceito comum mais aceito de "perfeição" e de "valor" - porém, a conquista por maior que seja perde o encanto se não for partilhada, dividida, doada às almas e aos seres que nos são importantes.
A conclusão repousa na constatação de que a verdadeira fortuna da vida não está nos grandes feitos, está nas pessoas com quem partilhamos os feitos. Grandes realizações, pequenas, significativas ou irrisórias, não importa. Ainda que o sol e a lua forneçam espetáculos gratuitos diariamente independentes de quem os observa e aprecia, nós ainda somos apenas humanos, e se até Zarathustra se viu na necessidade de descer das montanhas para partilhar suas descobertas, ai... pobre de nós se não pudermos partilhar inclusive nossa singela mediocridade...
29 de ago. de 2016
Eu te Amo
É isso: Eu te amo.
Tanto, e com tanta força, que meu coração se aperta, se espreme... e se expande nesse amor. Amor maior? Não há. E nem mais compreensivo, mais intenso e tão grande, que acho que tem até alguma sabedoria nele.
A sabedoria de tudo que a gente já partilhou e que você já me ensinou e mostrou.
Um amor mesmo imenso, e que agora de vez enquando vem me sussurrar no ouvido: "que merda!". As vezes ainda me sussurra pior:"que grande porra isso!!!", "que caralho!!!". Isso, essa coisa da distância. Isso de eu não conseguir aliviar em nada tudo que anda difícil pra você.
Não devia ser assim... eu não queria que existisse nada difícil pra você. Nada que doesse, nada que causasse algum desconforto ou dificuldade. Eu te amo tanto...
Aí esse mesmo amor vem me sussurrar sobre você, sobre a gente. E tudo que você me ensinou, me ajudou e me ensinou a "abrir a cabeça" pra saber.
Saber que eu te amo, e que estou aqui e sempre estarei, prontinha pra voar pra te dar um abraço, pra estar do seu lado, pra viver do seu lado o tempo que for e quando você quiser. Quando você quiser - não antes, não depois.
Porque se o que te faz mais feliz é saber que está tudo bem, tenho muito que fazer para estar tudo bem, e para voar nas alturas que você gostaria de me ver voar.
Não é fácil... mas faz sentido voar. E descobrir até que altura as asas aguentam. Por mim. Pra usar tudo que aprendi. Pra fazer valer.
E terá que valer.
O que não vale é essa distância física que aborrece e que separa o abraço e o apoio que eu queria poder ser pra você e te dar. Queria. Quero. Mesmo.
Mas será que você quer? Seria bom?
Você não estar bem é mais que uma merda, (é melhor nem tentar dizer o que é porque só me vem palavrões horríveis na cabeça).
Queria estar com você. Queria arrancar qualquer coisa que te doa, brigar com o mundo, te dar um abraço gigantesco, estar do seu lado e nunca te largar.
Mas sabe a ironia? Você me ensinou mais que isso. Me mostrou como ser melhor que isso. E talvez as pessoas não percebam que não estar aí do seu lado agora não é por mim... por mim eu estaria. Já.
É por você. É por nós dois. E por tudo que penso saber.
E dói pacas...
Porque eu te amo.
20 de ago. de 2016
Entrego. Confio. Aceito. E agradeço.
Já fui tanta coisa... quase que já fui tanta gente. Tambem já fui vento, já fui mar e já fui sol. Já fui noite e já fui dia. Já fui pequena, já fui grande. Já fui sozinha e já fui multidão.
Agora eu não sei muito bem o que sou, senão a soma e a mistura de tudo aquilo que já fui e dos desejos do que ainda me falta ser. Existem fases assim, em que todo o conhecimento adquirido e toda a experiência somatizam num estado de simplicidade e de humildade do reconhecer que apesar de tudo, não sei nada, só aquilo que eu soube um dia e que hoje já não sei.
Momentos em que há como que uma batida à porta, mas é preciso abrir tanto espaço para deixar o que nos é desconhecido entrar... É preciso abandonar o que se conheceu, o que se soube, o que se foi.
E de repente de tudo que já fui, reconheço o ar um pouco nostálgico e familiar da despedida. Quantas despedidas juntas, eu não sei. Mas reconheço o ar que as trás, o vento a mudar de direção, a querer fazer uma curva. Já fui vento, eu sei...
E escorre pelos dedos os grãos de areia que já aprendi a não tentar segurar. É tempo de deixar ir... de deixar acontecer, de aceitar.
E aceito. Confio. Jogo para o ar a areia que me escorria pelas mãos - que vá para onde tiver que ir, que ganhe asas para voar.
Eu já fui a que voa. A que sopra. Já fui tanta coisa... Agora, sou eu.
12 de jul. de 2016
Gaivotas... todos somos.
Vai, e levanta vôo...
Vai com as nuvens, ergue alto as asas e encontra a brisa suave e o sol radiante lá do alto.
Não olha para baixo, não olha para trás, segue em frente - para cima e para frente - a estrada e o caminho são ilusões, fazem-se conforme se cria o traçado de onde se pretende chegar.
Ainda que seja lugar nenhum, o ir é a único sentido possível.
Pode ser que venham rajadas de vento para atordoar o vôo, podem surgir nuvens ou até tempestades, mas mesmo elas tem a sua beleza, não tem?
Fortalecem-nos asas, mostram-nos todo o potencial que temos guardado e às vezes até escondido inclusive de nós mesmos.
Não tem importância o rodopio, ou mesmo que se perca o caminho vez ou outra... seguir adiante, sorrir para o que surgir à frente e... voar!
8 de jul. de 2016
Recordar
Para recordar que em certas ocasiões só através da pele rasgada pode se produzir algo tão belo e raro como uma pérola. Em algumas ocasiões, as dores e os riscos são necessários.
"Chegar a um lugar e ver a estonteante paisagem tem um efeito, uma consequência. O cheiro de mar e maresia, o verde intenso da mata atlântica, o cantar de centenas de pássaros de diferentes espécies tem um impacto único, intenso, perigoso.
O mar imenso e azul, com ondas que não passam de uma pequena marolinha, o vento leve, suave, o sol a produzir pequenas centelhas prateadas sobre a água cristalina e os pés descalços a experimentar a temperatura da areia coroam o momento.
A tentação incontrolável de deixar a água abraçar a pele e sentir a temperatura do universo escondido sob a superfície fazem o resto.
Águas tão rasas que é possível andar metros e metros sem sentir o mar sequer chegar aos joelhos, avistar pedras a uma distância pequena, apenas sendo necessária uma pequena travessia, pé ante pé, para se chegar a um paraíso de conchas.
Como a história de que ostras que nunca sofreram impactos e ferimentos não são capazes de produzir pérolas, o risco de se ferir parece pequeno diante a paisagem que se possa avistar daquelas pedras mais distantes.
E assim, devagar e seguindo em frente, vou a caminhar pelas águas, tentando chegar ao outro lado para apanhar conchinhas solitárias na paisagem mais a frente.
E chego, com os pés descalços na areia formada por rochas que ao longo de anos e anos se desintegraram, subo um pouco, vejo a paisagem sem máquina fotográfica para registrar o momento da vitória.
Mas ainda há um caminho de volta a se fazer, caminho para se chegar ao porto seguro, à zona de conforto, ao que é tranquilo e confortável. A paisagem foi vista, o caminho feito – é hora de regressar.
Entro na água novamente, agora a pensar que talvez eu mereça um mergulho de corpo inteiro para sentir a água fresca abraçar-me por inteira. Mas não ainda, pois é raso demais para isso.
Sigo agora a pensar em fazer um caminho diferente, talvez mais curto, pois é possível ver que existe uma zona mais funda entre eu e a praia. Penso que é dar apenas alguns passos para a areia sob meus pés simplesmente desaparecer e assim eu poder nadar livremente.
Mas não chega a acontecer isso. A areia não desaparece, apenas sinto uma dor ligeira e cortante rasgar a pele que eu pensava grossa, calejada, resistente.
Não olho, pois é preciso ainda percorrer um bom caminho para poder parar.
Sigo a caminhar, sentindo a cada passo a dor ficar mais aguda, insistente, cortante. Sinto a areia e as pequeninas conchas entrarem mais na pele que eu acreditava grossa, e a areia fina raspar onde já pensei que não era possível doer ainda mais.
Mas sigo em frente, não olho e consigo sorrir – está tudo bem.
Saio da água sentindo a dor das conchas quebradas fazerem seu papel na pele já rasgada, sinto que o sangue parece descer do meu rosto, sinto meu estômago revirar-se em si mesmo – a dor é grande demais sequer para eu tentar ver.
Vejo sangue tingir a areia.
O importante é não parar, é seguir em frente, continuar a andar.
Uma ostra, um ser fechado em si mesmo, isolado do restante do mundo me feriu, cortou-me.
Ostras só produzem pérolas quando machucadas. Talvez, agora aquela ostra possa produzir a mais linda pérola já feita.
Talvez, agora também eu." Agape
12 de jun. de 2016
Esperança
Não. Não perder a esperança. Não deixar nunca de acreditar.
Porque a vida é feita de instantes, e os instantes vivem-se melhor quando se acredita.
Porque a felicidade consiste em leveza, e para ser leve é preciso deixar-se levar.
As dúvidas são os venenos da inocência, e sem inocência a vida torna-se pesada.
É...
É preciso acreditar e deixar-se levar.
É preciso ter esperança.
https://youtu.be/vKaHc2j3fcs
30 de mai. de 2016
37
27 de abr. de 2016
Intervalo
Parei. Não porque pensei em parar, simplesmente o momento aconteceu.
Parei... e olhei ao redor. Para a vida que "passa", mas que agora existe. Existe e está aqui, agora mesmo, ao alcanse de mim e de qualquer um que a queira e a tome pra si.
Parei... olhei ao meu redor.
Lembrei-me de quando deixei o Brasil pela primeira vez... e pela segunda. E pela terceira, e quarta, e quinta vez.
Lembrei-me do instante em que tornei-me consciente de que já não "morava" mais ali.
Lembrei-me de quando me pus a caminhar saindo de Silves, sem saber como, para onde e nem mesmo "por quê".
Lembrei-me de que os "planos" nem sempre resultam em alguma coisa, e de que as vezes é justamente a falta deles que produz algum resultado.
Estou sem planos.
Nenhuns.
E talvez tenha isso mesmo que tenha produzido em mim esse "intervalo".
Intervalo para apenas lembrar-me... é hora de viver!
2 de abr. de 2016
18 de mar. de 2016
Eu era uma Árvore que morreu
(março de 2010)
1 de mar. de 2016
Caminhantes 1 - O Teatro
22 de fev. de 2016
Lisboa
Fecho os olhos enquanto caminho... Lisboa, ah Lisboa! Como é que me tens tanto...
Quanto mais caminho, mais quero levar minhas pernas à exaustão, como se o tempo estivesse sempre a correr contra nós... como se houvesse pressa e urgência em percorrer cada canto e recanto dessas ruas estreitas e das avenidas largas... Deixo-me guiar pela idéia de um destino, mas sinto-me livre o bastante para deixar que me guies à mim, seja lá para onde for... Penso no Camões, vou parar na Gulbenkian sem querer... e tudo é lindo e cheio de sentido, não faz mal se não fui dar aonde eu queria... fui parar onde quiseste que eu fosse.
Por que, Lisboa, por quê?
Caminho e pareço querer engolir-te com meus passos, enquanto és tu que engoles à mim...
Paro numa esplanada, peço um café e tudo que quero é chorar a saudade que me dás. Saudade de não sei o quê! Saudade de não sei quando...
Sou um fantasma pelas ruas de Lisboa... Lisboa é um fantasma dentro de mim...
21 de fev. de 2016
Diferenças
Há pessoas de sonhos e há pessoas de atitudes. Há pessoas de palavras, e há pessoas de ação.
Dizem que "cão que ladra não morde", penso que o mesmo se aplica as pessoas, ao menos de alguma forma.
Há quem se contente com a ilusão, com o mundo idealizado, com a própria imaginação (limitada). Para ir além do possível, há que se abrir para o que se desconhece, para o que ainda não se imaginou.
Há quem viva em constante procura e insatisfação, e há quem se faça encontrar.
Há quem finja que faz, quem se rodeia de justificativas e espera que o milagre bata à porta. E há tambem quem não se contente com desculpas e escale os obstáculos pelo simples prazer da escalada e da visão que se tem do outro lado.
A vida não "acontece", faz-se. E cada um, faz a própria escolha de como a faz (ou deixa de fazer).
Há gente de todo o tipo...
Um brinde aos que fazem!
17 de fev. de 2016
Vazio
Há que se ter olhos atentos para apreciar o vazio. Perceber na quietude o espaço que tudo contém. Pouco a pouco a solidão não existe, e abre espaço para que o infitino de possibilidades emerja. Os hábitos ditam e regram a vida. Espaços vazios são tomados por liberdade - e tudo cabe no ser que se liberta.
A rotina que não se faz transforma-se em possibilidades várias. O permitir-se dá o gosto e o tom para o ambiente ser o que quer que se deseje fazer dele. A ignorância que antes se fazia bênção faz-se agora equívoco passado.
Deixam de haver respostas quando as perguntas guardam silêncio, e faz-se possível apreciar a simplicidade da vida e dos pequenos pormenores.
O vinho passa a ter o mesmo sabor seja sorvido no resguardo ou na companhia. A arte preeche quaisquer espaços que porventura se façam ainda necessários de preenchimento.
Os séculos de história acompanham qualquer um que caminhe e que se faça vivo, o que não falta são multidões.
As lembranças guardadas e o amor terno mantém os pés no sitio, enquanto que a alma faz-se livre para voar - ou ficar - tanto faz.
Não há urgência e todos os sentimentos do mundo repousam em equilíbrio, serenos.
O vazio faz-se preenchido por ele mesmo, e torna-se suficiente, faz-se dele... prazer.