Vem assim, do nada, e me assombra. Um lampejo de consciência
que desnuda o velho do novo, o ontem do agora. Sem qualquer comparação, apenas
uma luz sobre as escolhas feitas, os caminhos tomados, os resultados obtidos.
Tornei-me quem eu era, sequestrei de mim quem eu havia sido.
Eu não saberia escolher diferente, eu não saberia ter sido outra, ou ser agora.
Tive a sorte da consciência presente enquanto houve o presente que foi vivido,
penso ter a sorte de sabê-la (consciência) no presente de agora, com todas as
incertezas que poderão vir do amanhã.
Estranho não sentir o aperto de saudade no peito quando
penso na terra, no chão que pequena, jurei nunca deixar. Parece outra vida... O aperto
que vem é da saudade de quem ficou, dos risos, dos abraços, dos colos e dos momentos
partilhados, da família que anda comigo mesmo quando ando sozinha. Tão longe...
Não sei quem me tornei, sei apenas que me fiz. Não sei até onde
a transformação que sofro será ainda transformada, custou-me chegar à suficiência e custa-me
ainda mais que assim não seja. São nos sonhos que permito perder-me, tirar os
pés do chão, voar... e voo alto, voo longe, perco de vista qualquer sinal de
terra, mas de olhos fechados. Com os olhos abertos, preciso ver e busco
enxergar até o se faz invisível.
Antes, fui feita de sonhos. Hoje, sou só feita de mim.
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