Andei a ler alguns artigos sobre
a minha geração, que oscila entre o desejo pela liberdade e os conceitos mais
tradicionais da nossa sociedade. Tambem andei a ler sobre a “virtualidade” do
nosso mundo atual, sobre as possíveis consequências nas pessoas, sobre
sentimentos de realização pessoal e insatisfação. Andei a ler mesmo muitas
coisas nos últimos tempos... e percebi que não li o que eu queria, alguma coisa
sobre os 37 anos ou essa fase da vida. Então, seja por não ter procurado no
lugar certo ou seja por realmente ter algo realmente diferente a dizer...
resolvi escrever.
Não posso falar dos 37 anos dos
outros, mas posso falar dos meus. Uma idade em que já tenho alguma coisa para
olhar para trás, e com um bocado de saúde e sorte, algumas para olhar para
frente. Já passei da idade de sentir uma espécie de necessidade emocional dos
outros, a necessidade emocional que tenho é de mim. Saber e perceber exatamente
o que sinto e o que eu quero – sim, tenho necessidade disso.
Assim como a de fazer qualquer
tipo de atividade por gosto e por prazer, seja profissionalmente, seja ao estar
com amigos. “Meios amigos” não interessam, a qualidade da companhia é muito
mais importante.
O grau de exigência para as
pequenas e grandes coisas cresceu, aprendi a conhecer-me e, portanto,
reconhecer o que mereço.
Se for para assistir a um filme,
que seja bom. O mesmo para um livro, para um jantar, para uma conversa ou um
café. Se for para estar apenas na minha própria companhia, que seja a sentir a
brisa no rosto, o sol na pele, preencher-me com o ar a minha volta. As coisas
simples tem sabor especial.
Percebi que mais do que qualquer
sonho, a capacidade de sonhar é muito mais importante... até porque os sonhos
já são mais espaçados, mais raros, e apenas o “próprio sonhar” já é lindo. Um
sonhar que não carrega pesos nem dramas, urgências ou desesperos.
Já sei conviver com o que faz
falta sem lamentar-me a cada instante por isso ou por aquilo, o dia de amanhã
sempre pode trazer algo mais, desde que se continue a caminhar.
A compreensão e o respeito pelas
outras pessoas são cada vez maiores, uma vez que os anos nos mostram que cada
pessoa tem fragilidades diferentes das nossas e sempre podemos aprender algo
novo com qualquer um – ou se não podemos ou não conseguimos, basta seguir
adiante sem atritos e sem mágoas.
A família faz falta, uma falta
enorme. Mas trazê-la dentro do coração é a melhor forma de estarmos sempre no
nosso núcleo, no nosso centro e de nos lembrarmos sempre de quem somos.
A coragem vem mais fácil, a
insegurança não conta, o drama não merece nossa atenção. A vida não é perfeita,
mas pode ser (e é) exatamente a vida que escolhemos. E se por um lado não temos
tudo o que queremos, podemos ser tudo que desejarmos – e isso já é mesmo muito.
A sociedade, os conceitos, os
valores e etc. podem não ser do nosso gosto, podem estar um pouco desviados do
que consideramos ideal, mas somos plenamente capazes de assumir o nosso papel e
fazer a diferença na vida que escolhemos levar e na nossa forma de viver – e se
não fizermos isso, a falha não é da sociedade, dos conceitos, dos valores e nem
de ninguém, é nossa.
37 anos... gosto disso!
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