2 de fev. de 2014

Quando eu olho assim...

Quando eu olho assim, através das grades da janela o gramado tão verde, tão aberto, com árvores e passarinhos, com o sossego da natureza e a linha do horizonte ao longe...
Quando eu vejo o sol radiante lá fora, o ar fresco pelos arredores, a calmaria do campo...
Quando eu vejo, tenho vontade de chorar.
Uma tristeza tão intensa, tão funda... como as grades da janela separassem o sonho da dura e crua realidade.
Quando eu olho assim... e vejo a vida ao longe, a alegria da liberdade a soprar entre os ramos no chão... sinto tanta, mas tanta vontade de chorar!
Um mundo tão lindo... tão, mas tão lindo!
E o que foi que fizemos com ele? No quê o transformamos?
Minha culpa, minha mais ainda que de todos... como tanto escreveu Fiódor Dostoiévski...
Quando eu olho assim... e vejo a simplicidade de um pequeno cão brincando pela grama, tantas e tantas lembranças me ocorrem... me assombram, alegram e entristecem.
Era para ser um paraíso, um refúgio, um abrigo.
O paraíso não devería sermos nós?
Será que terei que ir-me embora?
Será que acabaram-se os abrigos? Os refúgios?
Acabaram-se.
Posso tentar refugiar-me em mim mesma... ou posso tentar aprender a não precisar de refúgio... Será isso possível?
Quando olho assim... através das grades da janela... penso se isso (tudo o que era) será ainda possível.
Talvez, só talvez...
... eu tenha que ir-me embora.

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