14 de mar. de 2013

Bom dia!



Hoje, não sei por que, como se eu estivesse sentada na mesa da cozinha, nas cadeiras de ferro que as vezes tem o acento caindo para um ou para outro lado.

Como se eu tivesse acordado agora pouco, e o cheiro de café já chegasse ao corredor, chamando-me pelo olfato para sentar e acordar sem pressa.

Esperar pelos barulhos conhecidos dos latidos, dos passarinhos, e quem sabe até de alguma brisa que chega fazendo balançar os galhos das árvores ali perto.

Escutar alguns passos vindos do corredor, até que ao mesmo tempo que o som chega aos meus ouvidos, chega também aos ouvidos caninos espalhados pelo chão da cozinha, fazendo-os todos levantar juntos, como num coro já afinado, e irem de encontro à porta para saltar e saldar o mais novo acordado da casa.

Partir o pão, colocar açúcar na xícara, segurar a garrafa de café tentando medir seu peso e assim avaliar quantas xícaras mais terão ali dentro, pequenos rituais que sei, não faz mal quantos dias, semanas ou meses se tenham passado, tudo ainda persiste e existe ao longe.

Esperar entre um gole e outro enquanto se forma o pensamento sobre o que colocar entre as metades do pão recém cortado... queijo? Presunto? Manteiga? Geléia?

Esperar entre respirações e pensamentos, imaginações, cumprimentos, conversas e risadas o desenrolar da manhã, que se fará tarde, que se fará noite.

A calma do relógio que bate, como que a espera e ao mesmo tempo sem espera ou pressa alguma. O passar dos minutos, os barulhos se intensificando e o dia avançando.

Cheiro de café, pois é necessária mais uma garrafa enquanto mais e mais pessoas chegam para saudar o dia.

Há quanto tempo foi o último café? Haverá em algum canto da mesa uma xícara de café já muito frio, como havia a xícara de manteiga na varanda em “Sete anos no Tibet”?

Talvez não exista a xícara, nem necessidade da manteiga ou do café, uma vez que justo agora, mesmo agora, posso sentir o cheiro do café na nova garrafa, e escutar os pássaros que cantam nas árvores ali ao lado... ouvir passos vindos do corredor, e junto com os cães, aguçar os ouvidos para saudar alguém que vai surgir atrás do ranger da porta e dos saltos caninos: Bom dia!

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