Joga-se, arrisca-se. Analisa-se tudo o que há para perder,
como as colunas e pilares de todos os sonhos e esperanças, se pega entre as
mãos como se fosse um pacote delicado, como um lindo pacote de presente sob uma árvore de Natal, onde nele houvesse toda a magia e
encantamento que habita nosso ser.
Olha-se para o pacote, preso e seguro entre nossos dedos
como se fosse toda a motivação que nos faz abrir os olhos dia após dia, todas
as esperanças e crenças contidas ali.
Olhamos com doçura, com medo de que um pacote assim, tão
precioso e tão frágil possa desaparecer ou se danificar. Apegamo-nos a ele de
tal forma, que já nem sequer caminhamos rumo aos nossos desejos, com medo de
que algo possa danificar esse embrulho tão mágico e precioso.
Mas às vezes, paramos e olhamos para ele, paralisados por
uma súbita compreensão daquilo que há tanto tempo estamos carregando... tentando
proteger tanto, que nunca será possível ver o pacote aberto... Como um presente
que queríamos tanto, que enfrentamos tantas coisas para obter, que guardamos
fechado com medo de que o uso o estrague.
Fiquei parada, a olhar o pacote entre minhas mãos,
subitamente surpresa ao ver como o carregava comigo tão forte contra meu peito,
que já nem sequer conseguia pensar em abri-lo e descobrir o que havia ali
contido, meus próprios desejos e sonhos.
Então, ainda com o pacote entre as mãos, sentei-me no
chão... e o abri. Como pássaros que tivessem sido trancados dentro dele, vi-os
um a um a voar rumo aos céus. Os sonhos encontraram sua morada – as nuvens. E
eu... eu fiquei sem pacotes ou pesos para carregar, leve.
Feliz Natal