6 de dez. de 2019

Realismo


Há pouco, vi meio sem querer uma foto. É engraçado como algumas pequenas coisas que vemos ao acaso tem o poder de nos fazer parar e realinhar as coisas dentro de nós.
O que vi não retrata necessariamente qualquer realidade, uma vez que há universos e mundos escondidos por detrás das aparências, mas fez-me realmente parar e refletir.
Refletir sobre mim mesma, as coisas que prezo e considero fundamentais na vida, sobre meus caminhos e minhas escolhas, minhas consequências e preços que me disponibilizo a pagar para manter preservados meus próprios valores.
Me dei conta de que atualmente o aceitável é a mentira, enquanto que tornou-se condenável a verdade. Poucos são os que recebem de braços abertos a verdade das coisas, são inúmeros os que optam pelos caminhos tortuosos das diplomacias e do tato, que escondem, manipulam e deixam sujeitas às interpretações as verdades mais profundas.
Me dei conta que basta alguma ligeira desatenção, e me vejo emaranhada em histórias e contextos que não são os meus, sujeitando-me às dúvidas e incertezas que não são as minhas, aos conflitos e dilemas que não me pertencem, às comodidades de alma que não quero, às zonas de conforto que repudio. Bastou ver uma foto, e naquele instante, antes de colocar em seus próprios sítios os meus próprios sentimentos, o primeiro instinto que tive foi o da serenidade, da paz e da harmonia que desejo aos outros.
Foi desejar com toda a sinceridade da minha alma, a pacificação dos aflitos, a recuperação dos ressentidos, a verdade mais profunda e absoluta para aqueles que não aprenderam ainda a valorizá-la.
Nem sempre os finais serão como desejamos, nem sempre a vida será tão cor de rosa quanto gostaríamos, mas não haverá nunca e com toda a certeza, a felicidade oculta em enredos, falsas verdades, interpretações dúbias ou no falso consolo das palavras mansas que nada são para além de uma diplomacia escondida atrás da desculpa da fraqueza ou da mediocridade.
A verdade é dura, porém limpa. Pode ser cortante, porém libertadora. Pode doer, porém, é a única forma de libertação rumo à verdadeira felicidade e essência do ser.

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