Tenho me lembrado de sonhos que haviam ficado guardados na
gaveta e começaram a ganhar o pó do dia-a-dia daquilo que se faz necessário ao
invés daquilo que se havia sonhado.
Tenho visto como eram ingênuos os sonhos que eu guardava, e
assusto-me ao perceber que apesar da ingenuidade deles, há quem os tenha
conseguido conquistar. Há sempre uma busca por equilíbrio, e na tentativa de
equilibrar nem sempre me lembrei daquilo que deixei se perder.
Por muitos anos, olhei para mim mesma e vi-me menor do que
eu era, mas sonhava tanto e tão alto, que buscava ser maior do que eu um dia
poderia ser. Entre a forma com que me via e a forma com que me sonhava, ficaram
guardados os sonhos do que nunca consegui ser.
E assim, sonhando alto e fazendo malabarismos entre os dias
do quê era possível e do que eu sonhava, fui transformando-me em mais do que eu
era e em mais do que pensei.
Assusta-me não saber se os sonhos que sonhei e guardei um
dia, ainda são sonhos que tenho.
Transformei-me, e no processo, não me lembrei
de transformá-los também.
Tenho me lembrado de sonhos que ficaram guardados na gaveta,
e o que hoje me assusta não são os sonhos guardados, mas o confronto de mim
comigo mesma e a surpresa de que a pessoa que me tornei, hoje é capaz de
realizá-los sem sonhá-los mais.
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