Encosto-me ao batente da porta, a olhar para os pássaros, os
cães e as laranjeiras sem ver coisa alguma.
Sinto-me como se estivesse à janela, e o que vejo cá dentro
como se fosse “lá fora” é uma vida que me encanta. Que me fascina. Que me trás
lembranças de uma felicidade simples que os anos deixaram empoeirada nas
prateleiras das recordações.
Uma ternura doce e esforçada, batalhada dia-a-dia com a
força de um coração puro que me desarma dos meus frágeis sonhos e das ilusões.
Olho como se olhasse através da janela (que não há), e não
seguro o anseio de pertencer à paisagem que não é aquela que tenho à frente,
apenas à janela (que imagino).
Mas se por acaso, olho-te a ti... ai! Que até as laranjeiras
perdem a cor, e silenciam os pássaros...
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