Uma peça só faz sentido quando inserida no contexto
adequado. Qual seria o sentido de um barco no deserto, ou de uma espreguiçadeira
com sombrinha em meio a um cenário de neve?
Não sei qual fator mais importante, se a peça em si ou se o
contexto que a envolve. O que é bom ou quase perfeito em determinado contexto,
poderá revelar-se o contrário se o contexto for outro?
Sei muito bem que nós temos a capacidade de nos habituarmos
a muitas e diferentes situações (e contextos), inclusive com a tendência de
muitas vezes aceitarmos ou nos resignarmos com situações que em outros
contextos nunca aceitaríamos.
Acredito que existe um grande desafio em
aprendermos a identificar o que é nossa essência e verdade da forma mais
independente possível do contexto que nos rodeia no momento. Nem sei se tal
coisa é possível – sermos de alguma forma, minimamente independentes do
contexto (nossos desejos, limites, etc)
Não sei até que ponto eu sou eu ou se sou uma resposta ao
contexto ao qual me deixo envolver. Se busco estender meus limites, é certo que
inserir-me em diferentes contextos poderá produzir esse resultado, mas não será
que o contexto ao qual me submeto também irá influenciar nos limites que me
impus?
Testo, meio sem querer, diferentes contextos dentro de um
mesmo cenário. Observo que o cenário muitas vezes molda-se pelo contexto, ou
que o próprio contexto adequa-se ao cenário. O que poderia de alguma maneira
acalmar-me, me provoca ainda maior desassossego.
Parece que tudo de alguma maneira pode moldar-se,
adequar-se. Menos eu.
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