Essa vida eu não conheço, sei só da vida que havia antes.
Essa de agora eu não conheço, apenas vivo.
Essa vida trás memórias de outras, situações e marcas de
vidas que existiram num antes que agora já não existe mais. Haverão,
certamente, momentos em que como pequeninos lampejos as vidas de antes se farão
lembrar, quem sabe até se misturarão e trarão resquícios para essa vida de
agora.
Mas a vida de agora é outra, faz existir a necessidade do
desprendimento e do deixar as vidas de antes passarem, como passaram.
Seguir no caminho que se faz pouco a pouco, que leva para
não sei onde e que deixa atrás de si nada além de pegadas que o tempo, cedo ou
tarde, apagará.
Essa vida de agora em tudo é diferente, em tudo me é
desconhecida, em tudo me é descoberta e demanda equilíbrio, força e a crença de
que se segue por onde se deve seguir – nada fala mais alto que o coração – só é
preciso ouvidos para ouvir.
Essa vida de agora me faz criança a aprender a andar, me faz
forte para suportar, me faz paciente para construir, me faz ser o máximo de
mim.
Essa vida... essa vida que desconheço mas que escolhi, essa
vida que é a soma de outras que vivi, que é o resultado do que dentro espero
viver. Essa vida...