27 de jul. de 2012

Essa vida...


Essa vida eu não conheço, sei só da vida que havia antes. Essa de agora eu não conheço, apenas vivo.

Essa vida trás memórias de outras, situações e marcas de vidas que existiram num antes que agora já não existe mais. Haverão, certamente, momentos em que como pequeninos lampejos as vidas de antes se farão lembrar, quem sabe até se misturarão e trarão resquícios para essa vida de agora.

Mas a vida de agora é outra, faz existir a necessidade do desprendimento e do deixar as vidas de antes passarem, como passaram.

Seguir no caminho que se faz pouco a pouco, que leva para não sei onde e que deixa atrás de si nada além de pegadas que o tempo, cedo ou tarde, apagará.

Essa vida de agora em tudo é diferente, em tudo me é desconhecida, em tudo me é descoberta e demanda equilíbrio, força e a crença de que se segue por onde se deve seguir – nada fala mais alto que o coração – só é preciso ouvidos para ouvir.

Essa vida de agora me faz criança a aprender a andar, me faz forte para suportar, me faz paciente para construir, me faz ser o máximo de mim.

Essa vida... essa vida que desconheço mas que escolhi, essa vida que é a soma de outras que vivi, que é o resultado do que dentro espero viver. Essa vida...

16 de jul. de 2012

Para loucos, sejam estes muitos ou poucos

Ontem escrevi uma história, a história de uma gaivota.

(Ontem parece que um dia que já vai tão distante...)


A história, verdadeira, nada tinha de simples ou idiota.

(Foi escrita no auge de um pensamento delirante...)


Agora, sem paciência de copiar o que ontem foi escrito,

(Assim como falta paciência para entender rabugices)



Fica o dito pelo não dito, o escrito pelo não escrito.

(E a vida segue com ou sem as saudosas criancices)



Passa o tempo, passam-se depressa os dias,

(Passa o tempo no pensar, lembrar e sentir?)



Onde estamos, para onde vamos, aonde ias?

(Existe maior verdade do que no gesto do mentir?)



Pensamentos... correrias... mais um copo, um silêncio a mais...

(Mais um gesto – o de calar)



Para onde íamos? Aonde vamos? E agora, para onde vais?

(Mais uma história, essa a de uma gaivota a voar...)

4 de jul. de 2012

Vida


Quem poderá dizer sobre caminhos certos, sobre escolhas erradas, sobre o que faz bem ou sobre o que faz mal? Quem poderá julgar-se tão sabedor, tão conhecedor para saber do futuro o que nem o próprio futuro sabe ainda?

Cada um carrega seu próprio coração, sua própria história, suas dores, experiências, mágoas, sonhos, ilusões e esperanças. Cada um luta sua própria batalha, as vezes vencendo a si mesmo, as vezes perdendo um pedaço do que carrega lá dentro – mas seguir em frente é a grande arte da vida – a arte de reconstruir, aperfeiçoar, acreditar.

Quando pensarmos que sabemos, será quando saberemos menos – será quando poderemos nos enganar mais. O não saber exige desprendimento, coragem, virtude e fé. O não saber exige vitalidade, confiança, esperança, pureza. O não saber e tentar exige que esteja aceso e vivo em nós o espírito que tínhamos quando éramos crianças e descobríamos o mundo, investigávamos as coisas com a leveza, inocência e falta de pretensão que só uma criança sabe ter.

O mundo pode ser grande, as pessoas podem ser muitas e desconhecidas, o Universo pode ser todo ele um grande mistério e uma incógnita – mas cabe a nós a forma com que o vamos vivenciar e descobrir.

Sempre haverá dúvidas, tropeços, caminhos difíceis e quem sabe até algumas quedas e ossos partidos – se isso será razão suficiente ou não para nos fazer perder a chama existente dentro de nós é uma decisão única e pessoal.

Honro aqueles que não deixam a chama se apagar, saúdo aqueles que seguem adiante, que não se deixam abater e tentam ainda que as vezes com algum esforço, sorrir. Um dia os sorrisos que podem custar um pouco agora sairão fáceis, genuínos e abundantes – como o sorriso de qualquer criança.