Faz alguns anos cheguei à conclusão de que o amor é uma
escolha. Pode parecer estranho, mas através do meu ponto de vista sempre há um
ponto, às vezes bem no princípio de tudo, onde há mesmo nitidamente uma escolha
sobre o que um dia pode se tornar amor.
Pode ser bastante sutil, quase imperceptível, mas está lá em
algum lugar o instante em que escolhemos ou não avançar, em que escolhemos ou
não pensar, escolhemos ou não dedicar tempo (e espaço) para alguém em nossas vidas;
“Foi o tempo que dedicaste à tua rosa que a fez ser tão especial para ti” – já escreveu
Exupery.
E não há como negar nossa natureza humana, uma mistura de
tantas coisas e entre tantas, um bocado de curiosidade, de apreço ao risco, de
ego, apego e etc. e tal e... voilá! Escolha feita (consciente ou não).
Claro que às vezes pode dar certo, e que acontece de que
podem entrar outras motivações (mais nobres) à mistura do que é a natureza
humana, pois também faz parte de nós o afeto, o carinho, a compreensão e mais
etc. e tal.
Seja por gostar demasiado de analisar e criar teorias, seja
por uma base biológica de formação ou por um acaso qualquer, vejo diversas
coisas (traços de caráter, comportamentos, raciocínios e principalmente
sentimentos) como espécies. Espécies como as espécies do reino animal ou
vegetal, pertencentes à uma classe, reino, (espécie) e família. Há desde as que
podemos considerar mais “nobres” ou “evoluídas” até aquelas que menos parecem
ter importância ou “evoluído menos”. E pronto, aí chega uma teoria
conspiratória “biológica”: - Quem é “melhor”, as espécies mais “novas” que sofreram
processos evolutivos ao longo do tempo para que se adaptassem melhor ao meio
que as cerca ou por exemplo, o crocodilo, que evoluiu “pouco” por já estar
consideravelmente “bem-adaptado” e sem tanta necessidade de evolução? Pode aí
entrar uma outra pergunta (várias na verdade, mas vou por partes): Se é o meio
que nos cerca que determina a necessidade ou não da evolução, um meio
contaminado é capaz de gerar uma evolução que seja positiva não em termos de
adaptação, mas em termos de humanidade e princípios?
Se em termos mais gerais a evolução mais classificada e
analisada é a física, metabólica, anatômica e genética, em termos mais “espirituais”
como se classificaria a evolução e qual a significância da adaptação ao meio
para o processo evolutivo – ou, justamente nesse aspecto, a evolução seria o
crescimento independente da necessidade de adaptação ao meio e sim a evolução “para
além” da necessidade de adaptação?
O curioso da formulação destas perguntas é a possibilidade
de respostas, e ainda, o facto (ridículo, se poderia dizer) de que estas
perguntas capazes de criar uma tese e aprofundar ainda mais teorias (carentes de
corroboração) deu-se pela constatação de que seria (para mim, neste instante)
muito mais fácil lidar com uma ausência total e sem vestígios de uma
determinada “espécie” do que com os registros de existência da mesma. Resumindo
ainda mais e concluindo: A evolução dá trabalho e a preguiça faz parte da
natureza humana.
Nota: Mas antes, no princípio do texto, eu falava em escolhas... que o amor, por exemplo, seria uma escolha. Se existem diversas formas de amor e sendo o amor uma escolha, resta saber no processo evolutivo qual a espécie que melhor se adapta ao "ser" de cada um, ou mais diretamente, às motivações de cada um - e da natureza de cada um. Quanto à minha natureza, ainda estou a tentar perceber a relevância da preguiça, que consideraria "mais fácil" lidar com a ausência absoluta do ser e de vestígios do ser do que com a possibilidade da necessidade de um esforço evolutivo (ou adaptativo).
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