A paz é um barco silencioso, solitário. Sem leme, sem vela, sem motor e sem remos.
Sem apetrechos, sem luxo e sem pretensões, um pequeno barco. Simples, humilde, desprovido de desejo ou de vontade, de metas ou anseios.
É, simplesmente.
E neste simplesmente ser, é absoluto. Vulnerável às marés e às correntezas, aos fluxos e ao tempo, mas não deixa de ser aquilo é pelos fatores externos que o rodeiam, aceita-se a si mesmo, compreende as próprias capacidades, vulnerabilidades e condições, e enquanto tudo o que lhe é externo permite, existe.
Sabe, sem medo e nem qualquer angústia ou apreensão, que o tempo é infinito - ele não. Reconhece que tuas tábuas um dia serão pedaços apodrecidos ou cinzas, assim como sabe que um dia foi, antes de ser barco, outra coisa qualquer.
Não se vê mais ou menos do que é, não espera tornar-se algo maior ou mais potente, nem mais belo ou mais veloz, aceita-se a si mesmo sem resistência ou dúvidas.
A paz é um barco - simples, extremamente simples e ao mesmo tempo, perfeito, absoluto em si mesmo.
Navegar não exige experiência, nenhuma sabedoria profunda e nem qualquer tipo de conhecimento, vontade ou direção, basta deixar-se ir, basta estar, basta ser.