Porquê: Eu sou uma alma livre presa em um corpo, mas não limitada por ele.
12 de mar. de 2024
Dois Lados
11 de mar. de 2024
Bocadinho
Vamos então nos sentar aqui por um instante,
E deixar que este instante dure por ano.
Deixar para trás por um tempo as nossas incertezas
Deixar para trás por um tempo as nossas histórias.
Aqui, sentados, és tudo, és meu amante,
És as certezas sem qualquer chance de engano.
E tudo bem, ser for apenas por este instante.
Vamos nos sentar aqui por um tempinho,
Deixa que o tempo passe até sermos velhos,
Quem sabe, se neste pequeno bocadinho
É que se realizam os grandes mistérios.
Vamos aproveitar, ouvir o mar e sentir o vento
Abraçar a vida, viver o momento.
Vem, sentemos aqui por um instante...
E deixemos que instante dure por todo tempo.
Vamos nos sentar aqui um bocadinho...
...
6 de mar. de 2024
Altos e baixos, ir e vir, assim ou assado?
Talvez eu queira tanto ver (ou ser, ou estar) alí à frente, que atropelo até (e inclusive) a mim mesma. E o que eu realmente penso, e o que eu realmente sinto. Por querer estar ali à frente.
Então eu vou, corro com os braços estendidos para a frente para agarrar tudo, sem olhar se calcei os sapatos, ou se estou a correr pelo chão ou sobre brasas acesas. Ou espinhos. Ou cacos de vidro. Eu apenas vou.
E depois, por algum milagre ou generosidade ou alguma condescendência do Universo qualquer, uma pequena pausa acontece, ligeira. Mas, suficiente para me permitir olhar. E aí não sei se me zango por ter visto, ou se agradeço pela oportunidade de ver.
Será que eu sinto realmente que quero ir, ou apenas vou? Será que eu quero realmente agarrar o que quer que seja, ou apenas agarro? Talvez ali à frente não seja bem lá exactamente onde eu queria estar... A ilusão de estar ali parecia tão mais interessante do que a real possibilidade de lá estar...
Mas então, e agora? Diminuo o ritmo devagar até parar por completo, o meu olhar fixo e embasbacado, a minha boca ligeiramente aberta em surpresa, feito idiota, a olhar para mim mesma e para os meus braços tontos e ainda estendidos à minha frente tentando agora disfarçar nem sei como (espalmo as mãos? finjo acenar um adeus?), os meus pés descalços e a minha vergonha e constrangimento espalhados pelo ar e pela minha face vermelha...
Mas então, realmente, paro. E tento encarar a verdade das minhas voltas mentais e inconstâncias. Serão realmente minhas? Ou são os meus medos a falar e a gritar tão alto, que embotam os meus sentidos? O querer ir não será o medo de estar parada a falar mais alto? O parar o passo, o disfarçar do movimento, não será o meu medo de cair a me sussurrar?
Quando já sei que parar é como morrer, que o estacionar é a antítese da vida e do crescimento, não é natural que eu estenda os braços para ir, seja onde para onde for, ainda que eu vá a correr contra um muro ou uma parede?
Quando já sei que caminhar ou correr implica inevitáveis tropeços e prováveis quedas, que qualquer movimento significa sempre e sem exceções possíveis obstáculos e ossos pqartidos, não é natural que venha algum medo me sussurrar aos ouvidos?
Medos não são um problema, só o são quando deixamos que falem mais alto.
Porque o movimento é sim necessário, embora não seja preciso correr sem joelheiras e nem capacete de encontro ao asfalto. Se não existem as joelheiras e o capacete, é ainda preferível o tombo à inércia. Não há evolução nem crescimento possível naquilo que não se move, que não arrisca, que não vive.